Em discurso no plenário da Câmara, o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ) disse ontem que só não “estupraria” a colega Maria do Rosário (PT-RS), ex-ministra de Direitos Humanos, porque ela “não merecia”. Bolsonaro atacou a petista ao rebater discurso feito por ela minutos antes, no qual defendeu a Comissão da Verdade e as investigações de crimes da ditadura militar.
“Não saia, não, Maria do Rosário, fique aí. Há poucos dias (na verdade, a discussão ocorreu em 2003) você me chamou de estuprador no Salão Verde e eu falei que eu não estuprava você porque você não merece. Fique aqui para ouvir”, afirmou Bolsonaro.
Irritado, o deputado chamou a colega de “mentirosa, deslavada e covarde”. “Maria do Rosário, por que não falou sobre sequestro, tortura, execução do prefeito Celso Daniel, do PT? Nunca ninguém falou nada sobre isso aqui, e estão tão preocupados com os direitos humanos. Vá catar coquinho”, disse.
Em seu discurso, Maria do Rosário havia criticado as manifestações que defendem o retorno da ditadura: “São poucos, mas deveriam ter consciência do escárnio que promovem”.
A deputada Manuela D’Ávila (PC do B-RS) reagiu aos ataques de Bolsonaro em sua conta no Twitter: “Quando ele diz que ela não merece ser estuprada, diz subliminarmente que algumas mulheres merecem e que ele é potencial estuprador”.
O PT e partidos aliados do governo vão entrar com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado. Também será pedida abertura de processo no Conselho de Ética da Câmara para que ele perca o mandato. Bolsonaro afirmou não temer nenhum processo do PT.