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A leitura biológica das doenças

Nélson Gonçalves
| Tempo de leitura: 7 min

O corpo fala! Esta relação essencial entre o ser e a vida é, para a “nova medicina germânica”, uma poderosa ferramenta para compreender o elo entre emoções e patologias. A leitura biológica ‘penetra surdamente no mundo’ das emoções para dar pistas em relação a origem para distúrbios, doenças.

Para a leitura biológica, conta o fisioterapeuta Rodrigo Rebuá, a compreensão da relação entre emoção e patologia dá o caminho para outro binômio, o sintoma-doença. Aqui, essencialmente, pode estar a informação necessária para compreender como nosso organismo está se adaptando a eventos agressores, como o estresse por exemplo.

“A leitura biológica é uma técnica complementar à microfisioterapia. Enquanto a micro atua sobre a estrutura, a identificação da memória celular, no físico. A leitura biológica permite mostrar a interação entre o psíquico, o cérebro e o órgão”, posiciona. 

São nesses três níveis que se formam as correlações capazes de levar à compreensão da origem de patologias. “A ferramenta é baseada no estudo da filogênese, da embriologia, da ontogênese e da etologia, o estudo do comportamento animal. A construção da técnica também investiga a memorização da informação no corpo diante de um determinado evento agressor”, prossegue.

Idealizada pelo osteopata belga Emmanuel Corbell e inspirada nas pesquisas do médico oncologista alemão, Ryke Geerd Hamer, o criador da nova medicina germânica, o tema também teve importante contribuição da pesquisadora francesa Josie Kromer. O impacto da vivência das gerações precedentes no histórico de vida de cada ser humano levaram à formação da grade de informações familiares.

De acordo com os fundamentos da leitura biológica, o que chamamos de doença não são ocorrências resultantes de mau funcionamento do organismo. Relacionar as patologias com o que aconteceu em nossas vidas, nas gerações precedentes, é o eixo central para a compreensão de somatizações ou “sofrimentos do corpo”. 

A literatura sobre a leitura biológica diz que, ao estudar manchas redondas no cérebro, em tomografias, Hamer percebeu que estas apareciam em “locais” específicos. “Ao relacionar os sintomas apresentados pelos pacientes ao tecido do órgão atingido e os níveis cerebrais específicos, a leitura biológica permite mapear o cérebro. Dependendo da localização da mancha no cérebro é possível investigar qual o tipo de agressão ou conflito vivido e o tecido que apresenta os sintomas desse sofrimento”, acrescenta.

Rebuá enumera que os tecidos em estado de “sofrimento” podem ser desde um órgão até uma estrutura óssea, ou seja, entre eles o conjuntivo, nervoso, ósseo, muscular, epitelial, etc.. Mapeada qual parte do corpo esse evento de agressão atingiu chega-se ao que chamamos de ‘doença’, ou disfunção.

Para o fisioterapeuta, que estuda a leitura biológica e divise seu tempo com a clínica de fisio em Bauru, o uso das duas ferramentas – leitura biológica e microfisioterapia – “fecham o cerco para a identificação do conflito, a forma como isso está agindo sobre o corpo, qual o tecido que apresenta os sinais de perda de vitalidade celular e a origem”. É uma “conversa” através das técnicas entre o psíquico, o cérebro e o órgão atingido.


As respostas

Como cada pessoa reage, ou não reage, de forma diferente aos eventos agressores traumáticos, essa “percepção” vai afetar, ou não, os órgãos.

“Alguns reagem, o organismo se defende. Em outros, o mesmo trauma provoca ‘feridas’ profundas. Em outros o sofrimento persiste por toda a vida. Analisar o sintoma físico, presente na microfisioterapia, com a ajuda da leitura biológica, permite ao terapeuta a identificação entre origem e causa. O que os estudos de Hamer mostram é que para uma mesma área cerebral estão relacionadas as mesmas patologias”, enfatiza Rebuá.

Fisioterapeuta pela Universidade Estadual de Londrina (PR), osteopata e monitora de cursos em micro e leitura, Sanny Mendes Louro elenca, em material a respeito, as cinco leis biológicas propostas no trabalho de Hamer.

O primeiro critério é que um evento traumático agudo ocorre simultaneamente na psique, cérebro e órgão. A perda inesperada de um parente, o divórcio, a raiva, o medo, todos são exemplos de potenciais desencadeadores desse processo.

Em seu trabalho, Sanny pontua que o choque interrompe as funções biológicas normais do organismo. Então, o cérebro ativa o programa biológico para lidar com a situação. No nível psíquico vivenciamos o estresse emocional, no nível mental, o evento atinge uma área específica do cérebro, gerando lesão, etc. Segundo Hamer, a natureza do conflito traz localização do foco.   

No nível dos órgãos, o conflito interfere na multiplicação celular. Nesta fase acontece o crescimento de um tumor ou diminuição (necrose por exemplo), ou o funcionamento irregular do organismo relacionado ao órgão que “sofreu” ou “assimilou” (somatizou) o trauma.

Outros elementos, como o lado do cérebro afetado, são fundamentais no mapeamento. Além disso, cada pessoa reage de forma diferente a um mesmo tipo de trauma. Mas a teoria da leitura biológica percorre os caminhos entre órgão, cérebro e psique para estabelecer os elos em relação à doença ou queixa. A lateralidade também interfere no posicionamento da lesão, se do lado esquerdo ou direito.

A chave da questão é resolver o conflito, reprogramar as conexões entre origem e somatização, por exemplo. “A leitura biológica permite a cicatrização do conflito a partir da compreensão dessa relação entre origem, processamento do trauma pelo cérebro e o psíquico, questões que não costumamos relacionar no cotidiano”, amplia Rebuá.


A origem primária de dores e doenças

A reportagem acompanhou, com autorização dos pacientes, dois casos de intervenção com o uso da técnica da microfisioterapia. A percepção da técnica leva a uma inevitável correlação, para o leigo, da forma simples com que é realizada a intervenção e, ao mesmo tempo, a complexidade do conteúdo, dos códigos de identificação no corpo do mapeamento da memória celular pelo toque das mãos.

Na primeira intervenção, a mulher de 28 anos apresentou como queixa principal a gastrite e constipação intestinal. A fisioterapeuta aponta que, identificou um bloqueio, uma patologia reativada em tempo, fragilizando a glândula pineal, hipófise, estômago, amígdalas, intestino grosso.

Em razão dessas fragilizadas levantadas, o individuo  pode apresentar, como no caso, distúrbio do sono, sensação de vazio, dificuldade em reagir perante situações vividas na vida, sensação de estar perdido, sem território, problemas ginecológicos, enxaquexas, gastrite, dor no estômago, medo antecipado, constipação. A causa primária são as etiologias encontradas que afetam pelo menos quatro vezes estes órgão citados.

Causa primária

Simultânea a localização da memória celular agredida, o profissional “estimula” o corpo a “reagir” contra. A esta altura da intervenção, a técnica já permita, segundo os estudos, identificar a causa primária da doença ou desconforto.

No caso da jovem, a informação é de que ela recebeu agressão quando ainda estava no útero materno, com menos de um mês de gestação. O nível de ativação, porém, apresentou-se em nível crônico. A paciente conversou com a mãe a respeito e confirmou a agressão e como ela ocorreu.

A fisioterapeuta opinou que, em razão disso, “a patologia desenvolvida pode ser mais severa e de difícil tratamento apenas com medicação. Ela foi sofrida por agressão do meio externo, vivenciada  pelo pai ou mãe. Pode ter ocorrido contato do então feto em formação com substância nociva, choque emocional, recusa do que vem do exterior, sentimento de culpa, auto desvalorização, dificuldade dos pais em ver o lado bom de uma situação, sentimento de  rejeição.

Na microfisioterapia, há a capacidade de datar ocorrências, identificar quando houve a causa originária do evento ou agressão (sinesiologia aplicada).

A paciente conversou com a mãe sobre a avaliação. Esta informou que, logo ao saber da gravidez, foi identificado que ela estava com toxiplasmose. A mãe foi advertida de que isso poderia gerar má formação do feto e, como consequência, ocorrências como nascimento com demência, ou problemas mentais.

“Minha mãe disse que meu pai e o médico sugeriram o aborto, mas ela não quis. Ela procurou outro médico, em outra cidade, e nos três primeiros meses de gravidez tomou antibióticos. Minha mãe disse que teve medo de morrer durante o tratamento, ou de isso tudo afetar o feto, enfim teve muito medo”, contou a jovem.

O excesso de remédios para atacar a toxiplasmose teria exigido o nascimento prematuro da jovem, hoje saudável, com 28 anos, mas que decidiu “atacar a causa primária” de seus desconfortos.    

Após as três intervenções de micro, a paciente deixou de apresentar crises urinárias e o quadro de gastrite mostrou estabilização. A constipação está sendo acompanhada. 

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