Éder Azevedo |
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"As amizades verdadeiras são como árvores de raízes profundas; tempestades não conseguem arrancar", diz Mário Yamamoto |
O bom humor é uma característica marcante do entrevistado deste domingo (31), e consequentemente, o sorriso largo também. Quem conhece Mário Yamamoto sabe que é assim. Ele destaca nesta entrevista os seus 37 anos de carreira na odontologia.
Nascido em Lins, em Bauru ele se especializou, cresceu como profissional, encontrou o amor e construiu uma família. “Posso dizer, sem dúvidas, que sou um bauruense de coração”.
Da sua terra natal, ele guarda boas lembranças da família e da infância, mas também algumas passagens difíceis que ele transformou em vitórias. “Imigrantes, meus pais tiveram nove filhos. Meu pai ficou doente jovem, meu irmão mais velho tinha apenas 11 anos. Eu tinha 7 e já precisei trabalhar, assim como os demais. Entregava marmitas e catava cacos de vidro na rua para vender”.
O tempo passou e o menino cresceu trabalhando e estudando. “Até que eu consegui um emprego com um bom salário no setor eletrônico e pude pagar a minha faculdade de odontologia. Foi duro, mas consegui e me orgulho dessa trajetória”, conta.
Casado com Eliza Mariano Yamamoto, com quem tem dois filhos e um neto, Mário, que também é conhecido por sua ativa participação social, planeja tirar o pé do acelerador no trabalho e viajar Brasil afora. Leia mais, a seguir.
Jornal da Cidade - O que o trouxe a Bauru: o amor ou o trabalho?
Mário Yamamoto - O trabalho me trouxe e o amor me fez ficar (risos). Eu saí de Lins em 1977, quando me formei em odontologia. Vim para trabalhar como empregado de uma clínica popular e para fazer especializações na Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da Universidade de São Paulo (USP). Eu conheci a Eliza na clínica onde comecei a trabalhar. Ela era auxiliar. Eu vivia em república e ela dividia a marmita comigo (risos). Ela foi demitida, porque eles não permitiam namoros entre funcionários. Eu tinha planos de montar uma clínica em Sumaré, mas já estava apaixonado. Namoramos durante seis anos, temos dois filhos e um neto querido.
JC - Quais são as lembranças da sua cidade natal?
Mário - Foi em Lins que eu nasci, cresci e me formei. Meus pais são imigrantes, falavam poucas coisas em português. Tiveram nove filhos e meu pai adoeceu muito jovem, meu irmão mais velho tinha apenas 11 anos de idade. Eu tinha 7, e assim como os demais, comecei a trabalhar. Depois da escola, a rotina era de entregar marmitas e catar cacos de vidro e fios de cobre para vender. Terminando o primário, eu já comecei a estudar à noite para trabalhar o dia todo.
JC - O trabalho pagou os estudos?
Mário - Isso é um orgulho para mim. Tive meu primeiro registro em carteira aos 12 anos de idade. Comecei trabalhado em uma bicicletaria. Dos 14 anos até terminar a faculdade, eu trabalhei em uma oficina eletrônica, onde consegui ganhar um bom salário. Foi então que comecei a cursar odontologia. Trabalhava durante o dia e estudava à noite. Paguei a faculdade com o suor do meu trabalho. Era uma dura rotina, mas enfrentei e venci. Estudei na antiga Faculdade de Odontologia de Lins, uma excelente faculdade, mas também uma das mais caras. Precisei trabalhar bastante (risos). A carga era pesada. Eu estudava de segunda a sábado. Na época, eu queria ser médico, mas não tinha dinheiro. Porém, eu me realizei como odontólogo. Tenho 37 anos de profissão e minha filha seguiu meus passos, tanto que trabalha comigo na clínica.
JC - Foi degrau por degrau?
Mário - Foi degrau por degrau, mas nunca parei. Hoje atendo três gerações: pais, filhos e netos. Quando comecei a trabalhar em uma clínica popular, a minha meta era atender de 30 a 40 pacientes por dia. Trabalhei durante dois anos até montar a minha clínica, no cruzamento da avenida Rodrigues Alves com a rua Azarias Leite. Fui fazendo minhas pós-graduações e crescendo profissionalmente.
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Reprodução/Arquivo pessoal |
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Nas fotos, Mário ao lado da esposa Eliza, dos filhos Natália e Rafael e do neto Pedro |
JC - Você tem uma história de atuação social, certo?
Mário - Ingressei no Lions Clube de Bauru Sul em meados da década de 1990. Ocupei vários cargos até chegar à presidência. Depois disso, ainda fui assessor do governador do clube. Quando presidente, trouxe a primeira Expoflora, de Holambra, para Bauru. A Praça Rui Barbosa abrigou o evento, que reuniu mais de 60 mil pessoas da cidade e região. Também fiz o primeiro boi no rolete da cidade. Foi nesse período que fui convidado a entrar para a Loja Maçônica Primeiro de Agosto. Na loja também ocupei vários cargos até chegar à presidência. Hoje sou o atual presidente do corpo filosófico da Loja Maçônica. Na Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), fui voluntário por muitos anos e cheguei à vice-presidência. Instituí a barraca do famoso bolinho de bacalhau na Feira da Bondade. Mas não é o bolinho português, esse é do japonês (risos). O voluntariado me deixa feliz.
JC - O que você quer da vida hoje?
Mário - Aos 62 anos, o que eu quero é ver netos crescerem e viajar com a família. Eu estou tirando o pé do acelerador na vida profissional, e quero conhecer o Brasil, de Norte a Sul, com minha esposa. Conheço alguns lugares do exterior, mas gosto muito mais de viajar pelo Brasil. Gosto de dizer para os meus filhos que eu não tenho tudo o que eu quero, afinal, quem tem? Mas tenho tudo o que preciso. Outra frase que gosto de passar a eles diz que as amizades verdadeiras são como árvores de raízes profundas, e tempestade nenhuma consegue arrancar.
JC - E você construiu muitas amizades?
Mário - Nossa, e como! Depois da minha esposa, meus amigos foram os responsáveis por minhas raízes em Bauru. Até fui convidado por alguns deles a me candidatar a vereador. Mas com política eu não lido, embora tenha muitos amigos políticos. Também já fui convidado para ser professor várias vezes, mas não aceitei por ser muito exigente (risos).
JC - Uma curiosidade sobre você.
Mário - Ah, sou cômico (risos). Desde criança eu gosto de fazer graça. Quando eu era integrante do Lions Clube, eu fazia teatro e, em casamentos caipiras, por exemplo, era sempre a noiva. O bom humor só traz felicidade. Pessoas humoradas são menos rancorosas. Em 2002 caiu um raio e queimou todos os aparelhos de casa. A TV ficou sabendo que eu não fiquei nervoso com isso e vieram em casa fazer uma matéria sobre pessoas que estão sempre de bom humor. Eu disse a eles que estava na piscina com meus filhos na ocasião e não sofremos nada, e aparelhos que estavam do lado da piscina foram danificados. Como não sorrir, né?!
Perfil
Nome: Mário Yamamoto
Idade: 62 anos
Signo: Capricórnio
Local de Nascimento: Lins/SP
Esposa: Eliza Mariano Yamamoto
Filhos: Natália e Rafael, além do neto Pedro
Libro de cabeceira: Ensinamentos de Meishu Sama - Alicerce do Paraíso
Hobby: Pescar, fazer churrasco, cozinhar e ir à sauna
Filme preferido: Gosto de filmes de ação
Estilo musical predileto: Sertanejo raiz e universitário, além de MPB
Time de futebol: Palmeiras
Para quem dá nota 10: Para minha mãe (Narae) e minha sogra (Tereza)
Para quem dá nota 0: Para pessoas intolerantes e desonestas

