Antes de Diego, Karoline Beatriz Natal Dias, de apenas 12 anos, morreu quando nadava com duas amigas, em dezembro de 2013. Menos de dois anos depois, a história parece ser recontada.

O rapaz também estava com dois amigos no momento em que se afogou, por volta das 16h30 desta quinta-feira. Desempregado, mesmo sem saber nadar, ele havia adquirido o hábito de se refrescar na lagoa nos dias quentes, segundo seu irmão, Robson Luiz Pereira.

Morador do Parque Vista Alegre, Diego vivia com o pai e a mãe. Solteiro e sem filhos, deixa ainda um irmão e duas irmãs.

Antes de morrer, o jovem chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros e pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Após 45 minutos sem respirar, ele chegou a ser reanimado, tendo recebido cuidados na UPA do Mary Dota e, posteriormente, no Pronto-Socorro Central, onde foi a óbito por volta das 20h30.

Robson conta que os dois amigos de Diego não tiveram chances de ajudá-lo. “Ele apenas desceu e não voltou mais”, lamenta.

Os bombeiros, que tiraram o rapaz da lagoa, chegaram em 15 minutos após terem sido acionados e encontraram-no a 4,5 metros de profundidade.

“Apesar da gravidade, chegamos a ficar esperançosos porque ele já foi levado para a UPA com vida, respirando. Na transferência para a segunda unidade, sofreu duas paradas. Infelizmente, não resistiu”, diz o irmão.

Até por volta das 23h, ainda não havia informações sobre o velório e o sepultamento de Diego.

Perigosa
Com aproximadamente 60 mil metros quadrados de área, a Lagoa da Quinta da Bela Olinda é o local onde os afogamentos são registrados com maior frequência em Bauru. Com a proximidade do fim do inverno, a tendência, como todos os anos, é que os acidentes com pessoas que se arriscam na água voltem a ocorrer.

Por isso, é fundamental que todos tomem o máximo de cuidado para que o lazer, seja na lagoa ou em piscinas, não se torne uma tragédia.

O alto índice de mortalidade na Lagoa da Quinta da Bela Olinda deve-se, basicamente, a duas características do local: o sedimento que compõe o fundo da lagoa e o terreno irregular.

Até mesmo próximo à margem, a lagoa tem variações de profundidade que podem alcançar até 8 metros de profundidade, conforme afirmações do Corpo de Bombeiros.

Apesar de existirem placas há anos, que apontam o perigo do local – inclusive o número de mortes –, crianças, jovens e adultos continuam frequentando a lagoa para banho.

Solução: parque urbano?

Algumas alternativas já foram apontadas para tentar frear as mortes na Lagoa da Quinta da Bela Olinda. Logo após a morte da adolescente de 12 anos em 2013, técnicos da administração sugeriram cercar o local.

Rodrigo Agostinho, no entanto, refutou a ideia. “Qualquer alambrado seria arrombado e até mesmo levado, como aconteceu tempos atrás com o bosque do Parque União. E também seria complicado deixar um funcionário o dia todo olhando para a lagoa”, ponderou.

À época, o prefeito alegou que seriam ampliadas as ações de conscientização e não descartou a limpeza profunda do lodo que fica no fundo da lagoa, que não ocorreu.

Já em junho deste ano, o vereador Markinho da Diversidade apresentou, durante sessão da Câmara Municipal, projeto desenvolvido pela Secretaria do Meio Ambiente com o intuito de viabilizar a construção de um parque urbano no entorno da “lagoa assassina”.

A proposta, contudo, custaria pelo menos R$ 5 milhões. Os recursos, segundo o parlamentar, estão sendo pleiteados pelo município junto ao Ministério do Turismo.

O que fica claro é que, se nenhuma medida for tomada, o local continuará sendo cenário de tragédias.