Bairros

Viveiro Municipal produz mais de mil mudas por mês

Ana Paula Pessoto
| Tempo de leitura: 8 min

Samantha Ciuffa
20% da produção de mudas do viveiro têm os moradores como destino

Alfeneiro, escova de garrafa, aroeira salsa, mirindiba, quaresmeira, ipê, palmeira, jabuticabeira, pitangueira, azaleia, oiti, sibipiruna...Uma infinidade de mudas arbóreas e ornamentais são produzidas no Viveiro Municipal José de Souza Sobrinho, o “Zé da Lata”, para a recuperação, compensação, paisagismo e urbanização de áreas verdes públicas. Todos os meses, o local produz, no mínimo, mil mudas, segundo dados da administração.

Mas a arborização urbana não é o único destino das plantas. Muitas delas podem ser adquiridas gratuitamente pela comunidade. Ao menos 20% da produção tem esse destino.

De acordo com a chefe do viveiro, Lourdes de Cássia Penteado, os moradores procuram, principalmente, por árvores para as calçadas. Entre as preferidas estão espécies floridas como os ipês e a quaresmeira. As frutíferas, como as pitangas e jabuticabeiras, também são bastante procuradas.

“Podemos citar as regiões do Mary Dota e Parque Jaraguá, por exemplo, como as campeãs na busca por mudas. Na verdade, os bairros que estão em desenvolvimento são os que mais recorrem às nossas plantas, porque o ‘Habite-se’, atestado de conclusão de obra, exige o plantio”, grifa Lourdes.

Serviço completo

As mudas são fornecidas gratuitamente e o morador recebe toda a orientação necessária, inclusive sobre quais são as espécies que podem ser plantadas nas calçadas.

“Ele explica como é o espaço que possui em casa e nós indicamos as espécies. Não é só plantar por plantar. A muda é um bem público. Ela é produzida e doada pelo viveiro, mas o munícipe tem de ter responsabilidade com ela. É feito um cadastro de cada morador que vem buscar as mudas”, explica o técnico agrícola da Semma Francisco Rocha Júnior.

Educação ambiental deve ser atração

O Viveiro Municipal também recebe a visita de escolas, que buscam mudas para complementar projetos ambientais desenvolvidos com os alunos. Mais do que isso, o espaço deve abrigar, até 2016, uma estrutura preparada para receber projetos educacionais diversos, segundo comenta a secretária do Meio Ambiente de Bauru, Lázara  Gazzetta.

“A ideia é construir um abrigo para os  visitantes. Estamos pensando em algo como um quiosque, com banheiros, bebedouros... O lugar oferecerá educação ambiental para escolas, mas também para a comunidade em geral. Todos que quiserem aprender a cuidar das plantas, por exemplo, serão bem-vindos. Pretendemos oferecer tudo isso até o início de 2016, no mais tardar”, projeta. 

Na estiagem, mudas recebem gel

Polímero consegue manter a umidade por mais tempo e, com isso, proteger as mudas dos efeitos do tempo seco

Samantha Ciuffa
Depois de hidratado, o pó se transforma em um gel capaz de reter a água e manter as plantas molhadas por mais tempo

No período de tempo seco, o Viveiro Municipal tem a sua própria técnica para proteger as plantas dos efeitos nocivos da falta d’água e mantê-las irrigadas por mais tempo: o uso do gel, uma simples, mas eficiente ferramenta que passou a ser usada neste ano.

O gel é colocado na base das plantas para ajudar na retenção de água. É um pó que, depois de hidratado, é depositado perto da raiz no momento do plantio, sob a terra. Quando a planta é regada, esse polímero se transforma em uma espécie de gelatina que incha e retém o líquido, o que mantém a umidade por mais tempo.

O Viveiro conta com o trabalho de um técnico agrícola da Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma), Francisco Rocha Júnior. Segundo ele, cada grama desse gel é capaz de reter até meio litro de água. O trabalho com o gel é feito, principalmente, no plantio de canteiros centrais, praças e Áreas de Preservação Permanente (APPs).

Samantha Ciuffa
A maior parte das mudas são produzidas para o paisagismo do município

Arborização urbana recebe a maioria das mudas

Oitenta por cento (80%) da produção do viveiro têm como destino obras desenvolvidas no município. As mudas de espécies arbóreas nativas são para a manutenção da arborização urbana, recuperação de matas ciliares e áreas degradadas, além da compensação de árvores suprimidas. Já as mudas de espécies ornamentais têm como destino o paisagismo em praças e canteiros centrais.

“Exemplo são as plantas que foram plantadas na avenida Nações Norte. Para tal, foram produzidas mil mudas. Mil também é o número de plantas que produzimos para a arborização urbana nativa e paisagismo, todos os meses”, lembra a chefe do Viveiro Municipal, Lourdes de Cássia Penteado.

Modismo

Hoje, o viveiro abriga ao menos 50 mil mudas (confira os números no infográfico abaixo). “Não é possível precisar exatamente qual é a espécie mais abundante, porque isso é sazonal, segundo explica Lourdes.

“E nós procuramos diversificar o máximo possível. As pessoas também se levam pelo modismo. Hoje, por exemplo, estão procurando muito por espécies como a escova de garrafa e o alfeneiro. Já o Censo Arbóreo de 2014 mostrou que Bauru tem muito oiti e resedá. Estamos tentando introduzir outras espécies”, afirma.     

Cada espécie tem sua peculiaridade e necessita de determinados cuidados para crescer forte. O pau-brasil, por exemplo, tem boa germinação, mas demora para se desenvolver, conforme exemplifica Júnior. “Já o pequi demora para germinar e o alfeneiro e o ipê são de fácil manejo”.

Galhos de podas e até faixas de propaganda encontram utilidade no viveiro

Samantha Ciuffa
Galhos são utilizados em substrato para as mudas, como mostra o técnico agrícola Francisco Rocha Júnior

Segundo a administração do Viveiro Municipal, ao menos 50% do substrato utilizado para os saquinhos de mudas são produzidos com os galhos de podas do município. Eles são levados pelos moradores para o Ecoverde e, de lá, transportados para o viveiro, onde são triturados e misturados a outros substratos, como palhas e esterco animal. O objetivo é reaproveitar os resíduos que seriam descartados.

Destino parecido é dado às faixas de propaganda que são retiradas dos pontos de divulgação autorizados pela Semma. Elas são usadas para forrar o chão de estufas e impedir a germinação das ervas daninhas.

“A reutilização das faixas é um benefício tanto para o meio ambiente, quanto para o viveiro, pois o reaproveitamento do material reduz os custos de manutenção”, diz o técnico agrícola Francisco Rocha Júnior.

20% da produção vai para munícipes

Em média, o Viveiro Municipal de Bauru recebe de 120 a 130 pessoas por mês em busca de mudas; maioria é para as calçadas

Alex Mita
Na foto, Ângela Zanirato e Maria Zanirato escolhem mudas com a orientação da responsável pelo viveiro, Lourdes Penteado

Seja para compor a calçada, enfeitar o quintal, fazer sombra ou alegrar com flores e frutos, as plantas são fundamentais em uma residência. Parte das mudas do Viveiro Municipal de Bauru tem exatamente esse destino. O viveiro recebe, em média, de 120 a 130 pessoas por mês em busca de mudas. Das cerca de mil unidades produzidas todo mês, ao menos 20% são doadas para os munícipes, segundo a administração do espaço.

Maria Célia Zanirato e a filha Ângela Zanirato são moradoras do Parque Alto Sumaré, região do Parque Vista Alegre. Elas procuraram o viveiro recentemente porque precisaram substituir uma árvore da calçada de casa, um exemplar chapéu de sol que foi abatido por estar condenado por pragas.

“Então viemos até o viveiro procurar uma muda para plantar no lugar. Precisamos de uma de pequeno porte porque a fiação elétrica de alta tensão passa sobre nossa calçada. Eu adoro plantas. Amo lidar com jardinagem. Para você ter ideia, até misturo plantas no meu artesanato”, comenta dona Maria.

Ela e a filha receberam a ajuda da chefe do viveiro, Lourdes de Cássia Penteado, sobre a escolha da planta que melhor se adequaria à calçada de casa. Entre opções, elas escolheram a escova de garrafa, que apresenta porte arbustivo ou de arvoreta, alcançando de 3 a 7 metros de altura, e cujas flores são vistosas e coloridas.

Orientação

Além da nova planta, mãe e filha ainda puderam adquirir um pouco mais de conhecimento sobre como plantar e fazer a manutenção da planta. “Eu abro a internet para a pessoa ver as fotos da espécie que ela está levando. Também estamos montando um painel de fotos com as árvores floridas”, comenta Lourdes.   

Todo munícipe que adota uma muda recebe orientações dos funcionários do viveiro sobre o manejo correto: como proceder com o plantio, como fazer a cova, preparar o solo, proteger a planta, regar, realizar a poda, adubação, controle de praças, entre outros detalhes.

Com autorização da Semma, moradores podem adquirir mudas em grande quantidade

Samantha Ciuffa
Presidente do grupo de moradores Gesno, Marcelo da Silva levou 30 mudas para a arborização de uma praça no Jaraguá 

Mediante um cadastro, cada morador pode levar até três mudas para casa por cada visita ao viveiro, entretanto, em alguns casos a quantidade adquirida pode ser bem maior, mas é necessária a autorização da Secretaria Municipal do Meio Ambiente - Semma (veja como proceder no infográfico abaixo). 

Marcelo Francisco da Silva é presidente de um grupo de moradores, o Grupo Esperança Nova (Gesno), do bairro Pousada da Esperança. A reportagem o encontrou retirando 30 mudas para arborizar praças do Parque Jaraguá. Entre elas, espécies frondosas, como o oiti e a sibipiruna. Ele ainda levou frutíferas, como pitangueira. E ornamentais, como o ipê. 

“Nosso grupo sempre realiza esse tipo de trabalho nas comunidades. Adotamos uma praça no mencionado bairro e vamos cuidar, a começar pela arborização. Plantaremos as mudas perto da academia ao ar livre e em volta da quadra de esportes, para fazer sombra para os usuários dos equipamentos”, projeta.

Consciente da importância da arborização urbana, Marcelo comenta que se sente grato por poder fazer a sua parte e encontrar no viveiro a ajuda necessária.

“O ar fica melhor quando temos árvores por perto. Elas diminuem a poluição, fazem sombra, dão frutos para as crianças e fazem toda a diferença nas praças”, enumera.

Mudas também pode ser doadas

O Viveiro Municipal de Bauru não só doa mudas, mas também as recebe. Moradores e empresas podem entrar em contato com a administração para doar mudas ou plantas adultas de espécies arbóreas, ornamentais e até mesmo grama, principalmente a grama esmeralda, que é a mais utilizada nos serviços de jardinagem dos espaços públicos da cidade. Parte das espécies que chegam por lá também vem das chamadas “compensações”, ou seja, são levadas por empresas ou moradores multados por cortes de árvores sem autorização, entre outras irregularidades.

Comentários

Comentários