| Alex Mita |
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| Nas últimas semanas, as paredes e teto do presbitério ganharam os tons areia, palha e cromo |
Palco de polêmicas envolvendo problemas em sua estrutura nos últimos anos, a igreja Santa Teresinha do Menino Jesus começa a traçar um novo destino e a ganhar “vida”. Com a ajuda de fieis, a paróquia iniciou nas últimas semanas a restauração de sua pintura original. A ideia do projeto é resgatar, por meio de fotos e memória de praticantes, e reproduzir o mais próximo possível as cores que a igreja possuía em 1934, ano de sua inauguração em Bauru.
A empreitada, orçada em R$ 50 mil, contempla o interior do prédio principal da igreja. O serviço, segundo explica o atual pároco, Gustavo Natividade, deve ser realizado por etapas, de acordo com a doação dos fiéis. Portanto, não há prazo estipulado para o término da obra.
A pintura será realizada pela Empreiteira de Obras Robertinho e o trabalho terá a coordenação do arquiteto Edmilson Queiroz Dias. Durante as obras, a igreja continuará funcionando normalmente.
Preservação
Tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Cultural de Bauru em outubro de 2002 por ser considerado um local de valor histórico e cultural da cidade, o prédio não pode sofrer alterações em sua estrutura original.
Pouco a pouco, no entanto, as paredes com revestimento em quartzo começam a ganhar as cores palha, areia e cromo. Assim como era na época do primeiro pároco fixo do local, o padre Pedro Paulo Koop, que presidiu as atividades de 1952 a 1964.
“Quando foi inaugurada, ela tinha uma pintura simples, era tom sobre tom. Depois, acabou passando por reformas na década de 90 e ganhou o um revestimento com quartzo, mas está ruindo e, além de não ser o original, fica inviável manter”, comenta o padre Gustavo Natividade.
Na parte externa da igreja, vários são os sinais de desgaste do material, que já começou a ruir há anos. A reforma, no entanto, contempla nesta primeira etapa apenas a parte interna.
A obra
A pintura, segundo explica o arquiteto Edmilson Queiroz, deverá funcionar como uma espécie de impermeabilizante. “Vai ajudar a proteger o próprio revestimento da igreja e vai evitar fungos, entre outros problemas, como a infiltração, que já causou uma grandes dores de cabeça por aqui”, afirma o arquiteto.
A participação dele na coordenação do projeto não é atoa. Queiroz conta que desde criança frequenta a Santa Teresinha. “Lembro exatamente como era. As paredes e o teto do presbitério tinham tons palha e areia. A igreja era clara por dentro, mas acabou ficando escura com as intervenções. Agora, a ideia é chegar o mais próximo possível do que ela foi quando inaugurada”, frisa.
Como grande parte da história da igreja está registrada em preto e branco, o padre e o arquiteto pedem ajuda dos fiéis que tiverem registros fotográficos anteriores à década de 90 e que sejam coloridos.
A parte externa da igreja, que já chegou a ser pintada de rosa e, depois, também ganhou revestimento em quartzo, não está nos planos, neste primeiro momento justamente por conta da falta de verbas, já que não há nenhum benefício conseguido por meio do governo. “Ainda mais neste momento de crise, é quase impossível. Dependeremos dos nossos fiéis para conseguir restaurar lá fora também, mas ainda nem temos esse projeto agora”, ressalta o padre.
Mais fiéis
Ao longo das décadas, a igreja, que em seus primórdios chegou a ser considerada a principal de Bauru por ser maior do que a matriz e por trazer imponência em seu estilo neogótico, acabou perdendo muitos fiéis.
Em setembro de 2009, quando houve a interdição do prédio, um laudo apontava graves falhas na fundação do prédio, que foi tomado por infiltração. Na ocasião, a torre e as paredes da igreja começaram a inclinar e foi preciso uma força tarefa para a correção da estrutura e interrupção de processo de desmoronamento.
Durante o tempo em que o local ficou interditado, as missas e celebrações eram realizadas no salão paroquial, que fica atrás da unidade, com entrada pela rua Quinze de novembro.
“Nessa época perdemos muitos fiéis. Depois, quando o problema foi resolvido e a igreja voltou a abrir, em 2011, não era mais a mesma coisa, as pessoas perderam a referência”, comenta o padre. “As paredes não eram pintada há mais de quinze anos e acumulavam muita sujeira e fezes de pomba, o que é perigoso. Precisávamos pintar. Resolvemos, então, iniciar o projeto de resgate da pintura original”, completa.
Com a restauração e revitalização, há a expectativa de que ela volte a ser mais frequentada.
Detalhes
Idealizada pelo padre João Van der Hulst, a Igreja Santa Teresinha do Menino Jesus foi inspirada na planta do arquiteto holandês João Stiit. A construção teve início em outubro de 1931 e foi inaugurada em 15 de novembro de 1934.
Em 28 de dezembro de 1952, por decreto do então bispo diocesano, a igreja passou à condição de paróquia. Em 1962 e 1965 o local passou por pequenas modificações. Na década de 90, as paredes externas e pilares internos foram revestidos por quartzo.
Atualmente, as fachadas são compostas por amplos vitrais. A cobertura do edifício é de telha francesa sobre estrutura de madeira de grande declividade, o que reforça a verticalidade e a beleza do conjunto. A Igreja Santa Teresinha pode ser vista a um grande raio distância. Durante anos, ela também exerceu papel preponderante por causa da demolição da matriz ocorrida duas vezes.
Serviço
As missas na igreja Santa Teresinha do Menino Jesus são realizadas de terça a sábado, às 17h. Aos domingos, as missas ocorrem às 9h e às 19h.
Doações: o telefone da paróquia funciona em horário comercial: (14) 3223-1207.
