Arquivo pessoal |
A neta Mariana lembrou do último Natal com o avô vivo e suas 'atrapalhadas' na hora de comprar o presente de amigo secreto |
“Chegou aquele momento da revelação do amigo secreto da empresa, na faculdade e da família. Que felicidade! Todo mundo ansioso na sala para ver o que ganhou e o que os outros estão ganhando, claro. Não, espera. Que presente é esse? Meu Deus! Socorro!”. Pois é. Nem tudo acaba saindo como o planejado e o JCNET foi buscar histórias divertidas de bauruenses e até lembranças que emocionam pessoas ao se recordar daqueles que já se foram.
A professora de geografia Mariana Erba contou que o amigo secreto da família é tradicional. Ela recordou que o Natal de 2006 é o mais saudosista pelas lembranças engraçadas dos presentes “atrapalhados” que o avô, já falecido, Benedicto Erba, dava para a avó Alice Maciel Erba.
“O vô Erba não dava uma bola dentro nos amigos secretos, tadinho. Ele tirou, por coincidência, a vó Licinha três vezes seguidas. Um presente mais desastroso que o outro. Na terceira vez, na tentativa de acertar, ele contou uma mentirinha que havia tirado a minha mãe Katia e levou a vó para comprar o presente falando que era para a filha. Eles adquiriram um acessório de cozinha superbonito. Mas não deu certo outra vez. Na hora da revelação, ele disse que a amiga secreta era a minha avó. Todo mundo caiu na gargalhada e ela fez uma cara de brava, que você não tem noção. Ela disse: ah, pelo amor de Deus, eu não gosto disso. O presente não era para a Kátia? Ela que gosta. Eu não”, contou Mariana Erba.
A professora cita ainda que essa lembrança emociona toda a família, porque pouco tempo depois o avô Erba ficou doente. Não houve amigo secreto em 2008 e ele morreu em janeiro do ano seguinte. “Fazemos todos os anos as mesmas reuniões e sempre nos lembramos destas histórias com carinho e continuamos construindo as próximas também."
“Amigo secreto na infância era coisa de outro mundo”
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Fernanda, jornalista |
Fernanda Villas Bôas, jornalista
“Quando eu era criança eu comprei um estojo para o meu colega, cheio de canetas coloridas, régua com água dentro e tudo mais. Ele adorou, mas quem me tirou faltou. E não mandou presente. Então, a professora, Dona Aparecida, deu uma disfarçada e pegou uma blusinha embrulhada que ela guardava dentro do armário. E disse assim: ‘Fernanda, seu amigo deixou comigo. Ele avisou que não poderia vir’. Eu adorei. Era uma blusinha muito maneira, porque vinha com um óculos junto. Coisas dos anos 70. No dia, eu acreditei na professora e fui feliz para casa. Só fiquei sabendo a história verdadeira anos depois. Agora, eu te pergunto, qual professora guarda uma blusa nova no armário para casos de emergência? As professoras dos anos 70 eram muito doidinhas”.
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Aurélia, advogada |
Aurélia Moroni Simas, advogada
“A primeira decepção foi na quarta série. Fiz minha mãe comprar um quebra-cabeça que na verdade eu queria pra mim. Olha só: tirei um garoto e ele próprio me tirou. Ganhei uma pasta de dente Kolynos. Gente, quem dá pasta de dente de presente? Como a mãe dele deixou? Não sei. E ele levou aquele quebra-cabeça que eu quase corri para tomar dele e pegar de volta”
Ana Paula Paiva, atendente
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Ana Paula, atendente |
“Quando eu tinha 12 anos participei do amigo secreto da minha família e os vizinhos da minha tia também participaram. Pra quê? Eu tirei o vizinho. Dei uma camiseta superbonita e uma caixa de cerveja porque ele tinha pedido caso alguém o tirasse. Naquela noite todos ganharam presentes bons, legais, úteis. Eu fui a última a ganhar. E era melhor nem ter ganho nada. Recebi um vidrinho comprido com uma flor de plástico dentro. De plástico!”
Niége Casarini Rafael, advogada
“Quem nunca ficou sem ganhar presente no amigo secreto uma vez na vida? Eu nunca me esqueci disso. Eu tinha uns 9 anos. Era amigo secreto de chocolate na turma da escola e a pessoa que tinha me tirado faltou. Todo mundo comendo chocolate e eu olhando.”
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Niége, advogada |
Paula Góes de Almeida, secretária
“Eu tenho uma relação de azar com amigo secreto. Eu era sempre a escolhida para ganhar sabonete. Poxa será que era alguma indireta? Espero que não (risos). Uma vez ganhei um perfume usado de uma marca famosa. Usado! É sério isso? É! Prometi para mim mesma que não iria participar mais de nenhum amigo secreto, mas não dá pra resistir. A família e os amigos pedem e as confraternizações são bem legais. Até hoje espero um presente legal. Será que este ano eu quebro este tabu? Vamos aguardar.”
Rosimara Manzano, professora de português
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Paula, secretária |
“Na minha família, o espírito do Natal e as próprias reflexões sobre a vida e ressurreição de Cristo sempre foram muito marcantes. Só fui conhecer essa prática do amigo secreto quando me casei. Gostaria de ter participado quando criança. Certamente teria mais histórias para contar dos meus Natais para a minha filha. Na minha casa, minha mãe fazia um jantar diferente e a Missa do Galo era sagrada. Eu e meus irmãos corríamos para cama com uma única certeza: se estivéssemos acordados o Papai Noel não passaria. Acho que a prática do amigo secreto não tem só a função de fazer do Natal um evento mais econômico para as grandes ou pequenas famílias, mesmo porque muitas vezes ele não tem nada de ‘secreto’ e é um ritual que diverte muito. Nos faz tentar esquecer um pouco das dificuldades do ano que se encerra. Nos faz receber confissões de ‘eu te amo’ de quem gosta da gente e acaba não verbalizando isso com frequência. Verbalizar que se ama é importante. Para quem fala e principalmente para quem escuta”.
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Professora Rosimara Manzano falou da infância e deixou uma mensagem de reflexão |