Com a correria do dia a dia, dificilmente quem passa por uma rua ou avenida tem tempo ou curiosidade de ao menos pensar sobre a vida e os feitos daqueles cujos nomes e sobrenomes foram eternizados nas vias. Nem mesmo sobre as mais populares e movimentadas. Você sabe quem foi José da Silva Martha, Antônio Alves ou Azarias Leite?
Nesta página, você confere um pouco da vida de bauruenses e pessoas que vieram de outros estados ou países, mas que, por aqui, deixaram marcas com seus feitos, seja na política ou no campo empresarial e social.
A avenida Moussa Nakhl Tobias está localizada no Parque São Geraldo, com início na rotatória que dá continuidade à avenida Nações Unidas, pela Nações Norte.
O empresário e político Moussa Nakhl Tobias nasceu em 25 de outubro de 1940, na cidade de Bekarzala, no Líbano. Ao completar seus estudos, veio para o Brasil onde já estavam irmãos. Ele desembarcou em Bauru em março de 1959. Começou a trabalhar como mascate e logo montou a Têxtil Everest, na rua Araújo Leite. Em 1987, Moussa construiu em Bauru a Sukest, fábrica de sucos, goma de mascar, balas e drops.
Conhecido por suas ponderações, tinha trânsito livre em todas as segmentações políticas da cidade, desde os radicais da então esquerda, até a direita. Por mais de duas décadas militou no PMDB, partido do qual também foi presidente. Também foi presidente da Cohab-Bauru de 1983 a 1985. Em 1992, recebeu o Título de “Cidadão Bauruense”. Moussa foi eleito vice-prefeito.
Foi presidente do Conselho Deliberativo e do Bauru Tênis Clube (BTC), presidente do Conselho do Esporte Clube Noroeste, da Associação Hospitalar de Bauru, presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) de Bauru, presidente do Clube Monte Líbano de Bauru por várias vezes e participante ativo do Rotary Clube. Em dezembro de 2003, aos 63 anos, o irmão do deputado Pedro Tobias faleceu vítima de câncer de pulmão.
A avenida Comendador José da Silva Martha tem início na Praça Portugal, no Jardim Estoril, e segue até a quadra 42, no Jardim Shangri-la.
José da Silva Martha nasceu em Portugal, em 12 de abril de 1892. Chegou ao Brasil em 1904. Em dezembro de 1905, a família Martha, chegou a Bauru. Veio com seus seis irmãos, mas os pais permaneceram em Portugal. Começou a trabalhar nas oficinas da ferrovia e na pensão de um irmão. Pouco tempo depois, passou a fornecer lenha para a Estrada de Ferro Noroeste e para a Light. Abriu uma oficina mecânica e trabalhou com máquinas de beneficiar arroz e café nos estados de São Paulo e Paraná.
Em 1928, Martha foi nomeado vice-cônsul de Portugal em Bauru e conduzido à categoria de Cônsul Honorário, em 1971. Trabalhou para a criação dos vice-consulados de Marília, Tupã e Presidente Prudente. Participou das negociações para a instalação em Bauru de agências do Banco do Brasil e do Banespa. Foi fundador da Associação Comercial de Bauru e presidente por várias gestões. Fundador do Lar dos Desamparados, administrou a Beneficência Portuguesa da cidade durante 33 anos, até 1969. Patrocinou a instalação do Ernesto Monte (primeiro ginásio estadual de Bauru). Presidiu a Comissão Municipal de Alfabetização e Educação de Adultos e foi sócio fundador benemérito da Associação Luso Brasileira, doando uma grande área para esta. Ergueu o Santuário de Nossa Senhora de Fátima, entregue por sua família à Diocese de Bauru. José da Silva Martha faleceu em 17 de janeiro de 1977, aos 84 anos.
A rua Antônio Alves é uma das mais antigas e conhecidas da cidade. Por ela, estende-se uma vasta gama de atividades comerciais, desde o comércio central, o da zona sul, até residências, colégios, bares e casas noturnas. Com 35 quadras, ela termina na cabeceira do Aeroclube e começa na altura da avenida Nuno de Assis, no Centro.
Antônio José Alvez nasceu em 1839. Chegou ao Brasil aos 55 anos, estabelecendo-se a princípio em São Manuel do Paraíso, São Paulo. Um ano depois, veio para Bauru. Ocupou o cargo de Juiz de Paz. Também por aqui foi nomeado delegado de polícia e exerceu o cargo por um longo tempo. Morreu em maio de 1909.
A Alameda Octávio Pinheiro Brisolla nasce na Vila Santa Tereza (região da avenida Duque de Caxias) e segue até o Aeroclube de Bauru, região do Bauru Shopping. Nela também está localizada a Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB/USP).
Brisolla nasceu em Lençóis Paulista em 2 de setembro de 1892 e faleceu em Bauru em 10 de outubro de 1970.
Formado em Direito (1914), ele também exerceu atividades jornalísticas. foi vereador de 1918 a 1920, acumulando com o cargo de prefeito na República Velha. Quando os revolucionários de Isidoro Dias Lopes estacionaram em Bauru, em 1924, Brisolla intermediou o relacionamento com essa força para uma convivência pacífica. Quando a tropa partiu rumo ao Paraná, Brisolla acompanhou-a, mas depois se desligou e foi viver em Posadas, na Argentina, onde ganhou um concurso de poesia espanhola. Brisolla voltou para Bauru em 1926, ano do falecimento de seu pai.
Durante a revolução de 1930, ocupou o cargo de Delegado de Polícia em Bauru. Mudou-se para São Paulo, onde foi oficial de gabinete do Secretário Estadual de Viação e Obras Públicas, de 1931 a 1932. Depois ocupou o cargo de diretor do Instituto Disciplinar Mauá, entre 1933 e 1934.
Em 1947, foi eleito prefeito de Bauru. Foi vereador novamente de 1952 a 1955, sendo presidente da Câmara nesse último ano. Foi candidato a prefeito mais duas vezes, mas perdeu ambas. Pelo Partido Social Progressista foi deputado federal no período de 1963 a 1967.
A rua Azarias Leite tem início no Centro e acaba na quadra 20, no Jardim Estoril.
Coronel da Guarda Nacional, o mineiro Azarias Ferreira Leite dominou a política bauruense até 1910, com grande influência na estadual. Foi presidente da Câmara entre 1897/ 1898, 1906/1907 e 1908/1910. Em 1909, Azarias apoiou a eleição de Hermes da Fonseca para a presidência da República. Gerson França, político rival, Rui Barbosa. Em uma discussão entre José Lopes de Souza e o prefeito Álvaro de Sá, hermista amigo de Azarias, Lopes lhe deu forte bengalada, motivo para iniciar um tiroteio entre os dois grupos. Souza foi alvejado com seis tiros e não morreu. Sá refugiou-se no Hotel Dix e dali foi levado à fazenda Val de Palmas (do sogro) e da fazenda para o Rio de Janeiro.
Em 1910, Bauru pleiteava a criação de sua comarca e políticos ameaçaram Azarias de morte. Em julho, ele mandou uma carta para o companheiro Álvaro de Sá, no Rio de Janeiro, dizendo que estava sendo ameaçado de morte por causa da criação da Comarca de Bauru. Em 19 de outubro de 1910, Azarias saiu cedo de sua Fazenda Aureópolis para inaugurar o Banco de Custeio Rural e sofreu uma tocaia nas imediações do Rio Bauru, na região da atual Baixada do Silvino. Quando o político, montado em seu cavalo, atravessou o Rio Bauru, levou três tiros e morreu.
Promulgada pelo Governador Albuquerque Lins, em 16 de dezembro de 1910, a Lei estadual nº 1225 criou a Comarca de Bauru, sem transferir a de Agudos.