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Inaugurada há 2 meses, pista de skate "derrapa" na estrutura

Marcele Tonelli
| Tempo de leitura: 4 min

Inaugurada há exatos 77 dias, a Bauru Skate Park já apresenta sinais de deterioração e até remendos feitos pelos próprios praticantes em alguns pontos. Rachaduras no chão, buracos, beiral de grade metálica caindo, rampa com trechos ocos e juntas saindo em vários locais do dispositivo. Esses foram alguns dos problemas apontados por skatistas à equipe de reportagem do JC, que esteve no local ontem. 

Frequentadores do equipamento público, que custou R$ 693 mil à prefeitura de Bauru, questionam a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer (Semel) sobre a situação, a qualidade do material usado e alegam que a empresa responsável pela obra entregou a pista mesmo sendo alertada pelos próprios skatistas que alguns vícios na execução poderiam ocasionar problemas.

O secretário da pasta, Roger Barude, por sua vez, diz não há como apontar culpados sem uma avaliação do local, mas afirma que vê com naturalidade o desgaste em virtude do uso intensivo da pista, que recebe até 400 pessoas de Bauru e região aos finais de semana. Ele afirma que algumas adaptações são normais em uma obra do tipo, que requer manutenção periódica por conta dos impactos.

Já a Walp Construções e Comércio Ltda., responsável pela obra, ressalta que todo o material usado no espaço é de boa qualidade e seguiu à risca as exigências do edital, sendo até testado em laboratório antes da aplicação. A Walp aponta que os problemas podem ter sido ocasionados pela intervenção de alguns skatistas que andaram no local durante o período de construção.

Reunião e garantia

Para tentar resolver o impasse, a Semel marcou uma reunião para a próxima segunda-feira, às 14h, com skatistas e a Walp para avaliar as condições do espaço e solicitar os reparos. “Dependendo do reparo, é possível que a pista fique parcialmente ou completamente interditada”, antecipa Roger.

O contrato assinado entre a Walp e a Semel prevê garantia de até 5 anos da obra.

Waldomiro Moreira Filho, sócio-proprietário da construtora, alega que documentou cada detalhe e problema em um diário da obra, que foi entregue à secretária. “Fizemos até boletim de ocorrência por causa de invasão [durante a construção]. Eles pulavam os tapumes e usavam a pista, não respeitaram o tempo de secagem do concreto e da resina. Essa rampa que está com problemas (trechos ocos) teve que ser refeita umas três ou quatro vezes”, reclama Waldomiro. “Em todo caso, a garantia existe e iremos até lá saber o que está acontecendo. E olha que nem recebemos ainda, gastamos R$ 700 mil lá e dois meses depois não recebemos nem 40% do pagamento”, reclama.

Riscos

“Sabemos que alguns skatistas pularam lá e usaram antes da hora, mas tecnicamente será que isso iria causar danos agora?”, questiona o secretário Roger Barude, ao saber do posicionamento da Walp.

Essa e outras perguntas devem ser respondidas após avaliação do local na segunda-feira. Até lá, os praticantes do esporte devem se atentar. Nessa sexta-feira, a reportagem contabilizou ao menos sete buracos em trechos de grande circulação no espaço.

“O skate trava quando passa nos buracos. Em alta velocidade e na descida das rampas, é perigoso. No final de semana piora, porque a pista lota de gente e não dá para ficar prestando atenção em buracos”, comenta Vinícius Bonfim Costa, 19 anos, skatista desde 2002. “Teve gente que já se machucou feio aqui, mas não sei se foi por causa dos buracos”, acrescenta.

Remendos

O problema só não é maior porque os próprios skatistas, cansados de esperar por respostas da Semel, que foi comunicada sobre o problema há 15 dias, formaram um grupo e repararam alguns buracos nas últimas semanas.

“O remendo foi feito com massa plástica, automotiva, mas, com o tempo, trinca. O problema não está só nos buracos, as juntas estão soltas em 90% da pista praticamente”, aponta Tiago Negretty, 30 anos, skatista há 16 anos. “Eu acompanhei a execução da pista e já tínhamos alertado o engenheiro sobre a rampa oca e que a grade de proteção na beira da pista estava muito para frente e poderia cair, mas o alerta foi desconsiderado pela empresa”, critica Negretty.

Na opinião do skatista, a obra deveria ter sido feita por uma empresa especializada na área. “Em São Bernardo, a pista foi feita há anos por uma empreiteira especializada e está sempre em boas condições. Eles fazem manutenção a cada seis meses lá”, comenta. “Se com dois meses a nossa já está assim, imagina em cinco anos?”, fecha questão.

Roger Barude refuta a afirmação e diz que desconhece a existência de empresas especializadas na área.

Invasões

Inaugurada em 5 de dezembro de 2015, a Bauru Skate Park, que fica na quadra 37 da rua Araújo Leite, Jd. Aeroporto, virou notícia outras duas vezes após depois de ter ser invadida por carros. 

Os skatistas apontam que tais fatos não tiveram influência nos problemas apresentados agora.

Banheiros

A condição dos banheiros masculino e feminino também entristece: pichados, sujos com terra e lixo, com torneira furtada e até vaso entupido.

O secretário Roger Barude informou que uma equipe da Semel tem realizado a limpeza do local todas as sextas-feiras, mas que, ontem, a equipe estava direcionada para outro serviço e não teve tempo de ir ao local. 

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