| Samantha Ciuffa |
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| Lucas Cabrero exibe o boneco de vinil “Heroes Pop” que representa o herói “The Flash”, série da qual também é fã |
Preste atenção nestes nomes em inglês e responda se você já ouviu falar deles e se assistiu a pelo menos um dos episódios: “Doctor Who”, “The Big C”, “The Walking Dead”, “Game of Trones”, “Friends”, “House of Cards”, “Empire”, “The Big Bang Theory”, “NCIS” e “Stranger Things”. Se a resposta for não, provavelmente você não tem entre 14 e 49 anos, o público-alvo dessas criações televisivas, normalmente assistidas em canais a cabo ou pela internet por uma tribo que une milhares de pessoas no mundo todo.
Os fãs de séries assistem aos mesmos episódios, mais de uma vez, por sinal. Esperam ansiosamente o final de uma temporada ou o início de outra como quem espera a final do Mundial de Clubes da Fifa. Consomem todas as notícias que podem ajudar a desvendar o que vai ocorrer no próximo episódio. Agradecem a existência da Internet, porque se perderem um episódio na televisão, podem assisti-lo depois, certo? Mas também execram quem assistir e resolver contar para quem não viu ainda. É inimizade na certa.
Tese sobre o sucesso: boas reflexões
Aos 23 anos, estudante de jornalismo, Lucas Murari Cabrero lembra alguns dos motivos que fazem as séries serem sucesso: o envolvimento, semana após semana, além de proporcionarem bons momentos e, acima de tudo boas reflexões com os temas abordados. Ele lembra o sucesso nas redes sociais. Para se ter uma ideia, alguns dos grupos de GOT – Game of Thrones - no Facebook têm mais de 100 mil seguidores (há mais de mil grupos desses) e cada um deles com quase 1 milhão de curtidas. “Dá para a gente conhecer muitas pessoas legais na Internet (algumas na vida real). A história tem que ter reviravoltas que chamam a atenção e animam a ver o próximo episódio”. Ele lembra que o engajamento do público está diretamente ligado ao sucesso. “A interação, o bom relacionamento dos atores (que comentam sobre o episódio no twitter, por exemplo, ou postam fotos de bastidores nas redes sociais, e até comentam as postagens dos fãs” ajuda a fazer a série ter mais sucesso. “Tanto que temos um culto a alguns atores, superconhecidos do público”, enfatiza. Pessoalmente, ele gosta muito de séries de ficção científica, como “Doctor Who” , e comédias como “The Big C”, “United States of Tara” e “30 Rock”.
Um olhar feminino: fantasmas, demônios, anjos... e sobrenatural
Karina Cruz tem 24 anos, é técnica em enfermagem e estudante do segundo ano de Química e nem televisão tem. E não precisa. Vê tudo o que gosta na tela do computador, pela Internet. Para começo de conversa, ela não vê diferença de gêneros entre os amantes de séries. Também desmente o mito de que os fanáticos ou as fanáticas não socializam, não curtem baladas. “Nada disso”, enfatiza. O gosto por séries só faz com que todos se socializem mais. Karina enfatiza os temas que fazem tanto sucesso nos dias de hoje, que têm fantasmas, demônios, anjos, dragões, vampiros, enfim, que trazem o sobrenatural no destaque. A série GOT – Games of Thrones -, um drama medieval cheio de ingredi-entes mágicos, no entanto, faz sucesso pelo argumento, cheio de decisões difíceis “onde valores como a ética, são discutidos”. Ela cita uma nova tendência, como “Black of Mirror”, que não tem episódios sequenciais, um não depende do outro, mas em todos eles você tem que fazer uma escolha, rever valores, conceitos. “Isso é muito interessante”.
Escolha seletiva: poucos e bons
“Sou um grande fã de séries, mas também não acompanho dez seriados juntos, gosto de acompanhar três ou quatro”, diz Felipe de Oliveira Mateus, 25 anos, jornalista, dando outra dica importante para quem pensa em enveredar por esse caminho. Felipe tem como gênero favorito a comédia, mas a preferida é Friends. Já assistiu quatro vezes toda a temporada e sempre que está passando um episódio repetido na TV ele gosta de assistir para relembrar. Em Friends, o que o pescou não foi a história, mas os personagens marcantes. Como se o seriado retratasse apenas um grupo de pessoas vivendo e passando por situações da vida e não tendo uma história por traz. “Você acaba se apegando a situação do personagem, querendo entender como ele é e também imaginando como ele seria em outra série”.
BBB apocalipse
37 anos, organizador de eventos, André Algarra se define como “um fã de séries, mas não sou igual aos outros, não gosto só do que todo mundo geralmente gosta”, diz André Algarra, que também se assume como fã de alguns sucessos incontestáveis. Seu gosto por series é bem variado, não se fixa num só estilo. Gosta de assistir “The Walking Dead”, “Narcos” e gosta muito de clássicos como Chaves, Chapolin e Família Dinossauro. Desde pequeno sempre gostou de seriados, tanto que fala que cada fase de sua vida foi um diferente vínculo com elas. Com ele não tem meio termo, “a série tem que ser 100% fantasia ou 100% realidade, como por exemplo o apocalipse zumbi de “Walking Dead” ou a realidade sobre “Cidade dos Homens”.
“The Walking Dead”, a favorita, o fisgou pelo fato de ele sempre gostar de filme de zumbi e “Um BBB (Big Brother Brasil) do Apocalipse”. Eclético, além dos seriados fictícios André também gosta muito de seriado de documentários como por exemplo “Historia do mundo” do History Chanel, mas também não dispensa uma boa comédia de costume como “Todo Mundo Odeia o Chris”.
Começar depois para não ter surpresa negativa
Bruno Jareta, 28 anos, produtor audiovisual, seguiu a indicação dos amigos (aliás esse sucesso à moda antiga, boca a boca, é característica delas) para começar a ver ”Jessica Jones”, “House of Cards” e “Demolidor” e “Lost” e “Dexter”, por exemplo. Seu gênero favorito é terror. Aliás, não tem preconceito contra nenhum gênero. O que Bruno não gosta mesmo é de começar a assistir uma série logo que é lançada. E recomenda que ninguém faça isso. “Pois a serie pode não fazer sucesso e acaba sendo cancelada mesmo antes de terminar. Não gosto quando o seriado não tem final, gosto de acompanhar a historia toda” . E ele tem razão em dar essa dica. Afinal, só nesta temporada 2016/2017, a emissora americana CBS cancelou a produção de nove séries e 14 foram mantidas.
