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Bauru e região: BB fecha 17 agências

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 7 min

Malavolta Jr.
A agência do banco na quadra 14 da avenida Getúlio Vargas é uma das unidades que terá as atividades encerradas em 2017

O Banco do Brasil irá fechar 17 agências bancárias na região, sendo quatro somente em Bauru, dentro de um conjunto de medidas que, segundo a instituição, tem como foco a ampliação do atendimento digital aos clientes. A previsão é de que o encerramento das atividades ocorra ao longo de 2017.

Em Bauru, serão quatro unidades fechadas: a da quadra 18 da avenida Rodrigues Alves, quadra 30 da avenida Nações Unidas, quadra 14 da avenida Getúlio Vargas e a agência especializada em setor público, uma área-meio que atende a prefeituras, localizada na rua Primeiro de Agosto, no terceiro andar. Ainda dentro da reestruturação, a agência localizada no Fórum de Bauru será transformada em um posto de atendimento.

Segundo o banco, o posto continuará garantindo a mesma estrutura de atendimento ao público, inclusive com a presença de caixas e gerente de relacionamento. Além desta, outras três agências da região também passarão a atuar como postos (veja lista completa ao lado).

Em todo o País, serão 402 agências e 31 superintendências regionais fechadas e 379 transformadas em postos de atendimento (leia mais na página 16). No Estado, serão encerradas 222 agências e 137 unidades passarão a funcionar como postos de atendimento.

Para tornar possível o pacote de medidas, que recebeu o nome de reorganização institucional, o banco também lançou um plano de aposentadoria incentivada e propôs a redução de jornada de trabalho para parte dos funcionários.

INJUSTIFICADO

Para o Sindicato dos Bancários de Bauru e Região/CSP Conlutas, o corte é injustificado diante do lucro líquido de R$ 14,4 bilhões alcançado pelo Banco do Brasil em 2015 e de mais de R$ 7 bilhões entre janeiro e setembro deste ano.

"Este processo sequer foi discutido com os trabalhadores. Há falta de profissionais nas agências e não sobra. Por isso, não vamos ficar de braços cruzados. Nos próximos dias, vamos estabelecer uma agenda de resistência e denúncia das irregularidades que estão sendo propostas", adianta uma das diretoras do sindicato local, Priscila Rodrigues.

'NOVO PERFIL'

Já o banco alega que as mudanças, além de representar redução anual de R$ 750 milhões em despesas, visa a adequação a um "novo perfil e comportamento dos clientes".

A estratégia de ampliação do atendimento por canais digitais prevê a abertura, em 2017, de mais 255 unidades de atendimento digital, entre escritórios e agências digitais, que irão se somar às 245 já existentes atualmente.

O banco afirma que estas unidades digitais já atendem a 1,3 milhão de clientes, com expectativa de chegar a 4 milhões até o final de 2017. Ainda de acordo com a instituição, "as transações bancárias realizadas em canais de atendimento físicos estão em forte redução".

O aplicativo do banco para celular, frisa o banco, "já conta com 9,4 milhões de clientes que realizam cerca de 1 bilhão de transações bancárias por mês, ou 40% do total. Outros 27% são realizadas pela Internet". A expectativa do BB é que o número de clientes que utilizam o aplicativo para celular chegue a 15 milhões até dezembro do próximo ano.

9 mil vagas de trabalho a menos no País: banco incentivará aposentadoria e redução de jornada

O Banco do Brasil adianta que a reorganização levará à redução de 9.072 vagas no quadro de pessoal em todo o País. Para a adequação à nova estrutura, a instituição irá lançar o Plano Extraordinário de Aposentadoria Incentivada para um público de até 18 mil pessoas, que reúne condições para se aposentar de maneira voluntária.

A promessa é conceder incentivo de desligamento correspondente a 12 salários, além de indenização pelo tempo de serviço, que varia de um a três salários, a depender do tempo de trabalho (entre 15 e 30 anos completos).

Outra medida refere-se à ampliação do número de trabalhadores que poderá aderir à jornada opcional de trabalho de seis horas diárias. A partir de hoje, cerca de 6 mil assessores da direção geral e superintendências também poderão optar pela nova jornada, com redução de 16,25% no salário e 25% das horas trabalhadas.

Priscila Rodrigues, diretora do Sindicato dos Bancários de Bauru e Região/CSP Conlutas, adianta que a proposta deverá ser questionada judicialmente. "A CLT veta qualquer redução salarial, mesmo com diminuição da carga horária, até porque o bancário que atua em cargo de gestão já deveria trabalhar por seis horas diárias, e não oito. É algo ilegal, na visão do sindicato. E esta afirmação de que a adesão é voluntária, na prática, não se confirma", critica. 

Atenção

Os clientes vinculados às agências que serão fechadas devem estar atentos. Segundo o Banco do Brasil, as informações serão divulgadas em canais diversificados, como site, SMS, aplicativo para celular, terminais de autoatendimento e correspondências, além dos telefones 4003-5282 ou 0800 729 5282 para pessoas físicas e 4003-5281 ou 0800 729 5281 para empresas. A Central funciona de segunda a sexta-feira, de 8h às 22h.

A mudança de agência será automática e os clientes não precisarão fazer qualquer procedimento adicional. Eles poderão, inclusive, manter seus cartões e senhas para transações na nova agência, mesmo que haja alteração no número da conta. 

Contraf-CUT repudia

A Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) divulgou nota para repudiar a reestruturação anunciada pelo Banco do Brasil. A entidade se diz contrária a qualquer projeto que tente destruir a política de valorização do banco e seus funcionários, classificando a reorganização como "um retrocesso ao período de recuperação que o banco vinha apresentando. Mais do que isso, é o retorno da política neoliberal, que quase destruiu a instituição na década de 1990".

A entidade afirma, ainda, que o plano "vai na contramão do papel que o Banco do Brasil vinha desempenhando nos últimos anos, de fomento ao desenvolvimento social e econômico do País". Por meio da nota, a Contraf-CUT informou que solicitou agendamento urgente de reunião com a direção do banco para esclarecimento das medidas e negociação de garantias e direitos dos funcionários que serão afetados. O encontro ficou marcado para hoje, às 10h, em Brasília.

BB prevê economizar R$ 2,9 bilhões

Com uma estrutura considerada inchada, o Banco do Brasil anunciou ontemque espera reduzir seus custos em R$ 2,9 bilhões ao ano com o fechamento ou redução de quase 800 agências e a aposentadoria de cerca de 9 mil funcionários.

Com as medidas, a instituição espera se adequar às regras internacionais de saúde financeira determinadas pelo BIS (espécie de banco central dos bancos centrais), até julho de 2017, sem nenhum aporte do Tesouro Nacional.

O prazo para essa adequação, sem a qual um banco é considerado insolvente, é janeiro de 2019. "Mas queremos chegar já em julho do ano que vem, por razões prudenciais", disse Paulo Caffarelli, presidente da instituição.

O BB possui um gasto R$ 3 bilhões maior com pessoal do que a média dos bancos privados. Além disso, realizou pelo menos duas aquisições em 2008, da Nossa Caixa, em São Paulo, e do Besc, em Santa Catarina, que incharam sua estrutura.

Não por acaso, esses dois Estados estão entre os que mais terão fechamento de agências de atendimento. Em São Paulo, 222 serão encerradas; em Santa Catarina, serão 37, número parecido com o do Rio, com 40, onde a presença do BB é maior. A instituição informou que sua meta é cortar 9.300 postos - equivalente a 9% dos 109 mil profissionais atuais.

Para isso, acena com um plano de incentivo à aposentadoria, cujo prazo de adesão é 9 de dezembro e que envolve pagamento de 12 salários e indenização que varia entre um e três salários, de acordo com o tempo de banco. Hoje, 18 mil funcionários se encaixam nos requisitos para aderirem ao plano.

O BB estima que teria um custo de R$ 2,7 bilhões se todos os funcionários aderissem ao programa, valor que seria diluído nos custos em sete meses.

O banco divulgou algumas simulações sobre o quanto poderia ser economizado, dependendo da adesão. Se 5.000 funcionários aderirem, a economia seria de R$ 1,18 bilhão anuais. Se os 18 mil resolverem se aposentar, a economia seria de R$ 3 bilhões. Se a metade decidir pela aposentadoria, que é o objetivo do banco, a economia seria de R$ 2,13 bilhões.

Caso a meta não seja atingida, o banco planeja esperar que esse número seja alcançado naturalmente, já que entre 150 e 200 funcionários deixam a instituição todos os meses.

Também para reduzir gastos com pessoal, a instituição ampliou para assessores de direção, superintendentes e órgãos regionais um plano de 2013 que oferece benefício em troca de redução de jornada de 8 horas para 6 horas. A principal vantagem para quem aderir é o aumento de 12% no valor pago pela hora trabalhada.

AGÊNCIAS

Somam-se a essas ações os R$ 750 milhões que a instituição prevê economizar todos os anos com a redução de sua estrutura.

O fechamento de 402 agências e a transformação de outras 379 em postos de atendimento irão significar economia anual de R$ 450 milhões. Outros R$ 300 milhões serão cortados com redução de gastos com transporte de valores, segurança e despesas com os imóveis.

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