Tribuna do Leitor

Origem das expressões

Julio Cesar Macegoza
| Tempo de leitura: 2 min

Num mundo tão atribulado que vivemos, que tal falarmos de um assunto que poucas pessoas sabem suas origens, ou seja, algumas expressões:


- De tirar o chapéu: Se alguma coisa está muito boa ou merece respeito e admiração é de “tirar o chapéu”; Também se tira o chapéu para alguém que conseguiu um grande feito. Como hoje quase ninguém usa mais chapéu, o gesto está em extinção, mas a frase permanece como forma de homenagem, de reverência. O rei francês Luis XIV criou uma espécie de manual de etiqueta sobre o uso do chapéu em sua corte, ordenando que o chapéu só deveria ser retirado da cabeça para saudações em ocasiões especiais. Quando os portugueses trouxeram a novidade ao Brasil, no século XVII, viviam se perguntando se aquele era ou não uma ocasião para “se tirar o chapéu”.


- Deixar as barbas de molho: Na antiguidade e na Idade Média, a barba significava honra e poder. Ter a barba cortada por alguém representava uma grande humilhação. Essa ideia chegou aos dias de hoje com o sentido de alguém se manter de sobreaviso, acautelar-se, prevenir-se. Um provérbio espanhol diz que: “Quando você vir as barbas de seu vizinho pegar fogo, ponha as suas de molho”. A mensagem implícita é que todos devem apreender com as experiências dos outros.


- Do arco da velha: Coisas do arco-da-velha são coisas inacreditáveis, absurdas. Arco-da-velha é como é chamado o arco-iris em Portugal, e existem muitas lendas sobre suas propriedades mágicas Uma delas é beber a água de um lugar e devolvê-la em outro - tanto que há quem defenda que “arco-da-velha” venha de arco de bere (“de beber”, em italiano).


- Do tempo do onça: A frase foi criada para se referir a algo muito antigo. Entre 1725 a 1732, o Rio de Janeiro foi governado pelo capitão Luís Vahia Monteiro, apelidado de “Onça”. Por isso, quando os cariocas queriam dizer algo que tinha acontecido havia bastante tempo, diziam que aquilo era do “tempo do Onça”. Há quem defenda a existência de outro “Onça”. Teria sido um chefe de polícia de Pernambuco que também viveu no século XVIII e foi apelidado de Onça pela coragem e pelo temperamento violento.


- Na bucha: Responder “na bucha” é não perder tempo ao retrucar. A bucha era uma planta que se amassava com a pólvora e o chumbo nas antigas espingardas. Quando a arma era disparada, essa camada às vezes ficava visível. Assim, quem responde “em cima da bucha” não dá tempo ao adversário de preparar um novo tiro.


- Rua da amargura: Andar na rua da amargura é sofrer um desgosto atrás do outro, passar por um grande sofrimento. Na verdade, “rua da amargura” é um outro nome que se dá à Via Sacra, o caminho que Jesus percorreu antes de ser crucificado. A expressão é usada em um relato de um rei que visitou Jerusalém no século XVI.

Isso também é cultura.

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