| Douglas Reis/JC Imagens |
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| Emdurb cogita renovar frota de caminhões de lixo para reduzir despesas com manutenção; atualmente, empresa precisa alugar 5 veículos para dar conta da demanda |
Pelo terceiro ano seguido, a Empresa Municipal de Desenvolvimento Urbano e Rural (Emdurb) fechou no vermelho. O déficit em 2016 foi de R$ 2.398.371,87. O valor negativo é menor do que o do ano anterior, quando registrou R$ 3,6 milhões de prejuízo. Em 2014, o déficit foi bem mais baixo, de R$ 32,4 mil. Ainda assim, o quadro financeiro da Emdurb segue inspirando cuidados, pois mais de 80% da despesa é com o pagamento de pessoal, e há pouca margem para redução do quadro de funcionários.
Os dados referentes ao último exercício fiscal serão apresentados nesta sexta-feira (24), às 9h30, em audiência pública na Câmara Municipal, juntamente com a prestação de contas do último quadrimestre de 2016 do Departamento de Água e Esgoto (DAE), Cohab e da própria Secretaria Municipal de Finanças. O total executado em serviços pela Emdurb foi de R$ 55 milhões em 2016. Para este ano, a empresa trabalha com previsão orçamentária de R$ 58 milhões.
A situação da Emdurb já havia chamado a atenção no ano retrasado. Tanto que, em abril de 2016, a Consultoria Administrativa e Financeira da Câmara Municipal concluiu um relatório de análise econômica da empresa municipal. Na ocasião, o documento apontava que o crescimento das despesas foi o dobro em relação ao crescimento das receitas.
A Emdurb também carregava déficit patrimonial de R$ 19,5 milhões (dado atualizado em 2013), isso após parcelar a dívida com o INSS e FGTS, que chegaram a somar R$ 28 milhões entre 1996 e 2008, valor que corrigido pela taxa Selic chegaram a R$ 45 milhões. O documento chega a falar em insolvência da empresa caso o quadro financeiro não seja revertido nos próximos anos.
Frota
O novo diretor administrativo e financeiro da Emdurb, Márcio Teixeira, diz que a meta é chegar ao final deste ano no azul. “Estamos buscando economizar e cortar em tudo o que for possível, revendo todos os contratos. Queremos terminar este ano sem déficit, é um objetivo nosso”, avalia.
Uma das possibilidades é renovar a frota da coleta de lixo orgânico. “Precisaríamos de um investimento inicial maior, mas depois isso é vantajoso. Temos muita despesa com o conserto de veículos. Estamos agora com uma licitação para aquisição de peças paralelas, pois gastamos bastante com a frota. Se a gente renovasse os caminhões, reduziria essa despesa”, aponta.
Sem dinheiro em caixa, o investimento precisaria de um financiamento. “É uma possibilidade (emprestar dinheiro em banco). Talvez algo na casa de R$ 2 milhões, e mais o que a gente puder investir do nosso próprio caixa”, explica Teixeira. Atualmente, a Emdurb gasta ainda pouco mais de R$ 50 mil por mês alugando cinco caminhões de lixo, para evitar que parte da cidade fique sem a coleta, em função das quebras constantes de veículos próprios da empresa.
Sobre a quantidade de cargos comissionados, ele afirma que a margem para redução é pequena. “Temos um assessor ligado diretamente à diretoria, antes eram quatro, as gerências seguem as mesmas, e priorizando os funcionários de carreira, e as quatro diretorias são pessoas nomeadas. Mas é um percentual pequeno, diante do tamanho da Emdurb, que tem mais de 800 funcionários. Trabalhamos já com a mínima quantidade necessária”, justifica. Márcio Teixeira cita ainda que muitos funcionários que foram demitidos em anos anteriores tiveram que ser reintegrados por decisão judicial.
Lixo
Outro problema apontado é a elevação dos custos com o transporte do lixo, que antes era realizado até o antigo aterro municipal – lacrado em abril de 2016. Desde então, os resíduos sólidos são levados ao aterro privado da Estre Ambiental, em Piratininga. Mesmo sem estimar valores, o diretor da Emdurb diz que houve impacto. “Há um gasto maior com combustível, pois a distância é maior, e também pagamos pelo pedágio existente no caminho. Isso encarece o custo”, argumenta o diretor.
Esse problema, entretanto, não tem previsão de quando será sanado. Conforme o JC já revelou nesta semana, a atual administração municipal não cogita a construção de um novo aterro sanitário municipal, e aposta as fichas em uma Parceria Público-Privada (PPP) para a destinação final dos resíduos sólidos – cerca de 300 toneladas por dia.
O trâmite envolve a abertura do chamamento público, a oficialização do contrato – o que pode levar meses – e o início efetivo da operação. Até lá, o destino do lixo de Bauru deve continuar sendo o aterro do município vizinho. Quanto ao velho aterro, a manutenção ainda precisa ser feita, e a Emdurb aguarda um novo contrato junto à Prefeitura de Bauru para operar a finalização do local.
