Frases feitas quase sempre são aprendidas pela oralidade o que aumenta a chance de erros. Escutei: - aquela mulher é cheia de nove oras! Mas, alguém escutou diferente: - aquela mulher é cheia de nove horas! Se você entender o horas com "h" tudo fica sem sentido e retoma toda a lógica se escutar sem "h". Ora é uma advérbio/conjunção que liga palavras e orações de transição de pensamento como a dizer: " ora quer isso, ora quer aquilo, e não se decide!" ou " ora gostava, ora odiava seu marido." O advérbio "ora" exprime impaciência, espanto ou dúvida. Uma pessoa cheia de nove oras é difícil de namorar por que ora quer beijar, ora não deixa; é cheia de ondas!

No carro tinha crianças e a mãe parou para perguntar ao guarda onde fica a Travessa Célia! O policial orientou e a mãe orgulhosa disse: - aprendam, quem tem boca vai a Roma! A frase feita ensinou coisa errada e está fora de contexto. O dito popular é: quem tem boca vaia Roma! O certo é usar o verbo vaiar. Roma na frase representa o poder central, como o era na época do corrupto e injusto império romano. Atualizando e aplicando no país seria: quem tem boca vaia Brasília, que representa o governo federal!

Ainda adolescente, me preocupava com a profissão a escolher. Ouvia os pais dizerem: - acorda menino, Deus ajuda quem cedo madruga! Eu matutava sobre esta posição divina e duvidava! E os médicos, enfermeiros, policiais e jornalistas que dormem durante o dia e não acordam cedo: Deus não os ajudariam! Até hoje, quando acordo cedo me sinto mais leve, sem remorso e culpa. A frase está errada, o certo é: A Deus ajuda, quem cedo madruga! Em outras palavras, se você acordar cedo, vai trabalhar mais e fica mais fácil ter sucesso, vai ficar mais fácil Deus te ajudar. Se acordas tarde, mas compensa as horas e esforças de uma outra forma, Deus vai te ajudar também! Ufa.

Na reunião de amigos para abrir o vinho, o anfitrião descobriu que não tinha saca-rolhas em casa! Muitos palpitaram sobre alternativas de como abrir vinhos sem saca-rolhas; por fim conseguiram dando pancadas com as mãos no fundo da garrafa! Ao conseguir a frase ecoou no ambiente: - estão vendo, quem não tem cão, caça com gato! Na hora ri muito, pois não tem nada a ver com a situação! Quando você perde o cão para caçar com você, terás que ir sozinho; o gato nunca vai caçar com o dono, não é de sua natureza! A frase é: Quem não tem cão, caça como o gato, ou seja sozinho!

Comigo é assim, mato a cobra e mostro o pau! O pretenso ousado ou corajoso diz isto como demonstração de coragem, mas a frase expressa uma mentira e farsa. Não tendo a cobra para mostrar como prova da coragem, mostra um pau no lugar, uma falsa cobra, para enganar os amedrontados ou então um pau que seria a arma, mas onde está a cobra? Não use esta frase, ela não significa nada, apenas uma mentira ou bravata enganosa.

Algumas frases feitas são inofensivas, mas irreais, como aquela em que diz que sua blusa tem a cor de burro quando foge! Um burro não muda de cor quando foge, a cor é de burro mesmo, fugindo ou não. A frase correta é: corro de burro quando ele foge, pois quando apavorado, fica muito violento e pode machucar as pessoas!

Uma folha de papel não dá para virar de ponta cabeça, eis mais uma frase sem noção, tal como batatinha quando nasce esparrama pelo chão. Quando Fenando Pessoa fez esta poesia, disse que batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão. Reflita antes de falar, não vomite frases feitas, pois o saber quando fixa-se na mente, esparrama pura e consciente emoção e ainda acalma o cérebro e sustenta o coração, sem qualquer enganação!