| Onofre Veras/O Dia/Estadão Conteúdo |
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| O sambista Almir Guineto sai de cena aos 70 anos |
Considerado um dos maiores “partideiros” (criador de versos de improviso), o cantor e compositor Almir Guineto morreu na manhã dessa sexta-feira (5), aos 70 anos, no Rio de Janeiro, em decorrência de problemas renais crônicos e diabetes. Ele estava internado no Hospital Clementino Fraga Filho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Membro da primeira formação do grupo Fundo de Quintal, nos fim dos anos 1970, Almir nasceu e foi criado no Morro do Salgueiro em uma família musical. Guineto, que desde a década de 1970 frequentava as rodas de samba no Cacique de Ramos (bloco que deu origem ao Fundo de Quintal), teve sua primeira composição gravada, “Bebedeira do Zé”, pelos Originais do Samba.
Com o Fundo de Quintal, ele fez sua estreia em disco em 1980, com o LP “Samba É no Fundo do Quintal”. No álbum, o grupo registrou algumas composições de Guineto, como “Gamação Danada” (em parceria com Neguinho da Beija-Flor) e “Volta da Sorte”.
Além de criar obras até hoje cantadas em rodas de samba por todo o Brasil, uma das maiores contribuições de Guineto foi ter criado o banjo brasileiro (uma adaptação do banjo americano com quatro cordas, braço e mesma afinação de cavaquinho).
Sua composição de maior sucesso é “Coisinha do Pai” (com Jorge Aragão e Luís Carlos), que ganhou fama em gravação de Beth Carvalho.
Sucessos
Almir (que morou em Tupã nos anos 2000) lançou seu primeiro LP, “O Suburbano”, em 1981. Foi em 1986, porém, com o disco “Almir Guineto”, que obteve seu maior êxito de vendas e de repercussão na crítica.
Entre os maiores sucessos estavam “Lama nas Ruas”, parceria com Zeca Pagodinho, e outros clássicos como “Caxambu”, “Mel na Boca” e “Conselho”, que não eram de autoria do cantor, mas que, com seu jeito singular de interpretação - com um jeito arrastado de cantar, com muito suingue e divisões de fraseado muito originais - foram consagradas como se fossem dele.
O mesmo ocorreria com outro grande sucesso, “Insensato Destino” (de Acyr Marques - morto em março -, Maurício Lins e Chiquinho), inevitavelmente associada à voz de Guineto. Seu último trabalho, “Cartão de Visita”, foi lançado em 2012. Deixa a mulher, Regina Caetano, e filhos.
Você sabia?
“Coisinha do Pai”, sucesso do qual Almir Guineto é coautor, foi tocada por astronautas dos Estados Unidos em 1997 para acionar um robô na superfície de Marte.
