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Agudos: Seminário Santo Antônio busca sua nova vocação

Aurélio Alonso
| Tempo de leitura: 7 min

Fotos Aurélio Alonso
Seminário Santo Antônio de Agudos tem mais de 70 anos de existência

Os tempos são outros, a vocação religiosa diminuiu e os seminários católicos amplos já não comportam mais manter essa estrutura só para a formação de seus futuros sacerdotes. O Seminário Santo Antônio, considerado um dos cartões postais e rota de turismo rural de Agudos, foi fechado como casa de formação em 2011, porém tem outra vocação: suas instalações são utilizadas o ano inteiro em retiros, encontros de religiosos e de leigos, eventos comerciais e até cerimônia e festa de casamento. Com certa antecedência é possível agendar por curto período.

No seu entorno há uma enorme área verde. O prédio tem mais de 70 anos de existência. O seu surgimento em 1943 está ligado da necessidade da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil ter um local adequado para receber e formar seus seminaristas.

A obra teve início em 1945 e continuou ininterrupta até 1955. Em dezembro de 1952, dois terços de seus 20 mil metros quadrados já estavam de pé.

As fotos que registram a construção mostram muitas pessoas trabalhando num empreendimento em uma época que não tinha grandes máquinas para levantar toda aquela estrutura de cimento. "Até hoje dá para notar a qualidade da obra. Não há rachaduras", conta o atual guardião das instalações, o frei James Ferreira Gomes, 59 anos, que veio de Juiz de Fora (MG) e atualmente administra toda a estrutura.

Os primeiros 70 seminaristas e quatro padres chegaram em 31 de janeiro de 1950. A igreja é dedicada à Imaculada Conceição, padroeira da Ordem Franciscana.

Havia uma negociação de locação dos aposentos para que as instalações do seminário servissem para uma Escola de Soldado da Polícia Militar, mas a proposta não prosperou. Mesmo assim o prédio continua disponível à sociedade mediante aluguel de suas instalações para os mais variados eventos. O prédio tem 110 apartamentos individuais e coletivos com cozinha e refeitório. Há condições, por exemplo, abrigar de 300 as 400 pessoas.

Há verdadeira relíquia na igreja: órgão com 2.062 tubos construído por Siegfried Schürle e seu auxiliar August Pfau, ambos de São Bento do Sul (SC), o maior do Interior do Estado de São Paulo. "Somente duas pessoas sabem tocar esse instrumento e elas moram na região: um rapaz de Lençóis Paulista e um seminarista de Bauru", conta frei James.

No segundo domingo de cada mês o Museu de História do Mundo pode ser visitado depois das 14h com acompanhamento de monitores. O acervo conta a criação do mundo até a era atômica, contendo rochas, insetos, aves, animais, artefatos indígenas, moedas, armas de guerra etc.

 
Os jardins são um convite ao relaxamento

Jardins largos para meditação

Ao chegar ao portão do Seminário Seráfico Santo Antônio de Agudos já se depara com o ar bucólico e uma trilha sonora da natureza ao fundo composta de sons de passarinhos. "A gente mora em um paraíso, mas manter esse paraíso dá muito trabalho", ressalta de forma espirituosa o guardião de toda essa instalação, o frei James Ferreira Gomes, de 59 anos.

Ele é quem administra com outros quatro religiosos a imensa área. O religioso James veio de Juiz de Fora (MG) transferido para "gerenciar" o antigo Seminário.

Com a diminuição das vocações religiosas, o seminário teve que descobrir uma nova vocação para manter toda essa estrutura. Em 2011, ele deixou de ser internato para seminaristas.

De acordo com frei James, no passado os noviços vinham da zona rural para o seminário a fim de estudar e depois seguir na vida religiosa. Isso mudou com o passar do tempo. "As vocações religiosas diminuíram e o tipo de vocação também. Antes vinha para o seminário criança e adolescente do interior, hoje vem já adultos com faculdade concluída e oriundos de grandes centros urbanos", conta frei James, citando que, quando ele aderiu à vocação religiosa, foi aos 22 anos já com uma faculdade concluída.

O seminário fica em uma área de 20 mil metros quadrados de área construída. Cerca de 80% das terras foram arrendadas para plantio de pinos e cana. A fazenda já chegou a ter 500 cabeças de gado e suas instalações comportam alojar até 300 pessoas.

Mas com as mudanças, os mantenedores tiveram que mudar a destinação. A estrutura ainda continua para a realização de retiros e encontros religiosos e de leigos, mas também está aberta a empresas que se interessem em promover eventos nos finais de semana.

O seminário tem 110 apartamentos, a maior parte individual, e amplo refeitório. Os jardins internos (claustros) são largos e ensolarados com ambientes propícios ao silêncio e à meditação. Nos fundos têm dois campos de futebol, piscina, bosque e até um teatro que comporta mais de 500 pessoas.

Havia um projeto que não chegou a prosperar de uma parte do seminário ficar destinado à escola de formação de soldados da Polícia Militar. Frei James diz que quando assumiu não deu certo a negociação. Só seria usada uma parte da área. O seminário continua ainda muito procurado. Para o segundo semestre, a agenda já está toda lotada. O fone para contato é (14) 3262-1215 e o site (www.seminariodeagudos.com.br).

Jornalista faz campanha por beatificação de frei Gregório 

A rotina do jornalista e ex-coroinha Rinaldo Andruciolli é postar nos Correios uma média de 15 cartas por dia com a oração de devoção ao frei Gregório Jonscher. O religioso morreu em Agudos em março de 2005, aos 85 anos, quando passaram a ocorrer relatos de pessoas de ter alcançado graças após orar pela sua alma. Isso fez com que o jornalista liderasse o movimento que busca o reconhecimento do Vaticano para uma futura beatificação do frei.

Divulgação
Ex-coroinha e jornalista Rinaldo Andruciolli lidera movimento que pede a beatificação de frei

O bispo de Bauru, dom Caetano Ferrari, autorizou em 2009, o jornalista distribuir essas orações de devoção particular que faz parte de uma das etapas do processo de beatificação. Pelo Código Canônico são quatro fases: a primeira Servo de Deus quando são distribuídas essas orações, depois venerável, beato quando é considerado o primeiro milagre e quarta e última quando uma comissão de Vaticano em Roma reconhece se houve mais milagres e efetiva a canonização.

Gregório Jonscher chegou a Agudos no ano de 1953, onde trabalhou na evangelização da comunidade por 51 anos, celebrando missas e levando a comunhão para os enfermos do Hospital de Agudos, e atuou como frade, sacerdote, professor e museólogo.

Nascido em 1920, em Curitiba (PR), Noberto Guilherme, nome de batismo do frei Gregório, entrou para o seminário aos 14 anos, destacando-se por ser um aluno estudioso e com grande vocação para a religiosidade, qualidades que posteriormente o ajudaram a se tornar um professor reconhecido e respeitado por 36 anos no Seminário Santo Antônio, além de ser o criador do Museu da História do Mundo.

Andruciolli foi coroinha por 20 anos. "Cheguei a fazer teste vocacional para entrar no seminário, mas naquela época como minha família não tinha condições financeiras acabei desistindo. Eu gostaria de ter seguido a vocação religiosa. Costumo dizer que sou um frei sem hábito", conta o jornalista, amigo do frei Gregório quando capelão da Paróquia Santo Antônio, onde permaneceu por mais de 40 anos.

Atualmente, o jornalista distribui orações de devoção particular em vários locais que visita. Conforme vai recebendo respostas de possíveis curas esse material é encaminhado ao bispo diocesano.

Andruciolli relata que logo após o frei falecer o que chamou muito a atenção foi o corpo do religioso ser retirado do quarto do hospital para ser preparado para o velório, exalando cheiro de rosa. "Não existia nada que justificasse o cheiro de rosa no quarto. Isso despertou a curiosidade", conta.

O jornalista cita relatos de curas de câncer e outras doenças após orações de devoção ao frei. Andruciolli ressalta que também viveu uma experiência com sua família que teve intercessão do religioso. Seu pai, que estava debilitado pelo câncer, teria pedido em devoção ao religioso, e voltou a andar.

Em junho de 2007, a Prefeitura de Agudos, a pedido do vereador Nélson Ayub, denominou a via que liga a cidade ao seminério como acesso "Frei Gregório Jonscher", em homenagem ao religioso. No segundo domingo de cada mês é celebrada uma missa em homenagem ao frei Gregório no Seminário Seráfico.

 

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