Mais antigo de Bauru ainda em funcionamento, o Cemitério da Saudade foi inaugurado na primeira década do século XX. Uma curiosa história envolve a doação de terras para sua construção e seu primeiro sepultamento.
Segundo o memorialista Gabriel Ruiz Pelegrina, João Henrique Dix, hoteleiro bauruense, doou terras para a edificação da necrópole em meados de 1908. Dix acompanhava as obras diariamente e, ao término destas, em 26 de julho do mesmo ano, teria se suicidado, tornando-se o primeiro morador do cemitério. O túmulo de Dix é o número 1.
Além de histórias e lendas, como a de João Henrique Dix, que aguçam o imaginário popular, o Cemitério da Saudade possui um acervo funerário vasto e rico. Os túmulos e mausoléus ornamentados com estatuárias, flores, cruzes e motivos de mármore remetem às primeiras décadas do século XX e simbolizam aspectos econômicos, sociais e religiosos de Bauru, como a efervescência comercial e o culto católico em ascensão. Tais sepulcros entram em contraste com os túmulos da contemporaneidade, marcados pela sobriedade e simplicidade ornamentais.
Os cemitérios, seus patrimônios e suas histórias preservam os traços culturais e identitários de um povo e uma região através das expressões simbólicas contidas nos túmulos, que enfatizam características artísticas, religiosas, econômicas e sociais da sociedade em que estão inseridos. Portanto, devem ser vistos não somente como ambientes melancólicos, mas espaços educativos e culturais, verdadeiros museus a céu aberto.