| Malu Ornelas/Divulgação |
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| Artemis Fontana em foto produzida para o CD "La Vem Ela", que será lançado no próximo dia 23, no Teatro da FOB/USP |
Primeiro, veio a música em sua vida. Depois, a arquitetura. Foram anos se dividindo entre as duas paixões até que, em determinado momento, Artemis Fontana teve que escolher. Na ocasião, os estudos e os projetos profissionais como arquiteta deixaram o sonho musical um pouco mais distante da rotina da bauruense.
Porém, após consolidar uma carreira de sucesso profissional na arquitetura - inclusive com projetos no Exterior -, em um certo dia de 2014, ela foi interpelada pelo marido sobre seu antigo sonho. Lá, começou a florescer o CD "Lá Vem Ela", obra com sete faixas de autoria de Artemis, que será lançado na próxima sexta-feira (dia 23), no Teatro da FOB/USP, às 20h. A entrada no evento será um quilo de alimento.
Esbanjando simpatia e boas vibrações, a arquiteta e compositora conta, nesta entrevista, um pouco sobre sua introdução no universo da música, sua trajetória na arquitetura - incluindo projetos preferidos em Bauru - e, claro, como foi inspirador e emocionante arquitetar esse antigo sonho musical.
| Arquivo pessoal |
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| A arquiteta em um dos projetos na fase final, em Manhattan |
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| Em família: Artemis com os pais José Antônio e Gerlena Fontana e os irmãos Aline e Alexandre Rodrigues Fontana |
JC - Antes de falarmos da sua carreira, queria saber como foi a sua infância em Bauru?
Artemis Fontana - Eu era uma criança muito quietinha, gostava de ficar no meu canto, concentrada, desenhando e pintando. Morei a infância toda no Jardim Brasil e era vizinha do Aucione (Aucione Torres Agostinho foi um artista plástico, escultor, pintor, poeta, professor, exímio cantor de serestas, fotógrafo e também chargista do JC. Ele morreu em março de 2007). Aos 11 anos, comecei a fazer curso com ele e fiz até os 17. Foi muito importante, porque ele abriu a minha cabeça para várias coisas. Por isso, eu devo muito a ele.
JC - Nessa época, você já tinha contato com a música?
Artemis - Sim. Comecei cantando na Igreja Presbiteriana de Bauru. Aos 7 anos, eu comecei a tocar piano e, mais tarde, já com 14 anos, entrei pro Conservatório Musical Pio XII. Eu me formei com 17 anos como técnica em instrumento, no caso, piano.
JC - Com essa forte ligação com a música, como foi a decisão pela arquitetura? Conte um pouquinho sobre essa sua trajetória?
Artemis - Aos 17 anos, eu ainda fazia pintura, mas já estava me preparando para o vestibular. Foi quando pensei no que eu seguiria e optei pela arquitetura, que também era uma paixão. Passei na Unesp, aqui em Bauru, e me formei em 1998, quando abri meu escritório. Mesmo assim, a música ainda me acompanhava. Durante toda a graduação, eu trabalhei dando aulas particulares de canto, flauta doce, piano e teclado para ajudar os meus pais. Na formatura, compus a música "Cinco anos" e me apresentei para os meus colegas. Foi minha primeira composição.
JC - Mas, daí em diante, seguiu se especializando mesmo foi na arquitetura, certo?
Artemis - Meu mestrado eu fiz em São Carlos, na USP. Eu ia todo final de semana para lá, ainda atendia no escritório e, à noite, ainda dava algumas aulas de música. Fiz meu projeto sobre marcas do moderno na arquitetura de Bauru e analisei prédios como a Prefeitura, Paço Municipal, BTC, Noroeste e algumas casas antigas. Já meu doutorado fiz em São Paulo, também na USP. Minha tese foi sobre a Redes S (Senai, Senac, Sesi, Sesc, entre outros) de todo Estado de São Paulo. Na época, me inscrevi para um congresso em Nova York. Mesmo sem saber muito inglês, decorei minha apresentação e deu tudo certo. Mas me apaixonei pela Columbia University, onde foi o congresso. Além disso, o tema da minha tese tinha tudo a ver com os estudos realizados na universidade. Um ano depois do congresso, entrei em contato com a Columbia, apresentei novamente meu projeto e eles me ofereceram uma bolsa. Então, concluí meu doutorado na USP em 2008 e fiz mais dois capítulos na Columbia, até 2009. Morei de 2006 a 2009 em Nova York, trabalhei lá como designer de interiores para o Molyneux Studio, mas voltava bastante para o Brasil.
JC - Como você avalia a arquitetura bauruense?
Artemis - Acho que, em Bauru, a gente tem um empobrecimento de espírito muito grande em relação ao que é a arquitetura. No sentido empresarial mesmo. Hoje, o cliente quer seguir padrões apenas. E, como eu estudei com o Aucione, acho que podíamos ser mais abertos a coisas que estão por vir. Bauru poderia ser mais bonita, mesmo esse adjetivo sendo complicado de se definir.
JC - E como são os atendimentos aqui? Tem algum projeto que você tenha gostado mais?
Artemis - Em dezembro deste ano faço 20 anos de escritório. Hoje, os atendimentos não são como há cinco ou dez anos, mas eu me sinto muito feliz em realizar muitos sonhos. Dos meus atendimentos, 50% são com projetos de residências. Também trabalhamos com escolas e clínicas. A ABDA (Associação Bauruense de Desportos Aquáticos), recentemente, concluiu a terceira fase do projeto que fizemos. Todos são especiais, mas é um projeto que tenho no coração, porque implantei muitas coisas que trabalhei no meu doutorado. Outro que gosto bastante é a Villa Dumont, que fizemos em 2012. Já no Exterior, posso citar uma obra que estou finalizando em Manhattan, Nova York.
JC - Você também é voluntária na ABDA?
Artemis - Sou sim. Trabalho há anos com a Zopone e com o Claudio Zopone e o irmão dele (Junior Zopone), em seus projetos pessoais. Fizemos esse projeto da ABDA e eu fiquei interessada em realizar alguma atividade voluntária com as crianças. Neste ano, comecei a ajudar no grupo de música, junto com o professor Irineu.
JC - Depois desses anos de estudo e trabalho na arquitetura, quando e como a música voltou para a sua vida?
Artemis - Foi em 2014, quando eu estava em um barzinho na praia com o meu marido. Lá, tinha um piano e ele falou que eu deveria ir tocar. Eu respondi que não sabia. Mas ele falou bem sério comigo sobre quando eu iria deixar esse sonho se realizar. Isso mexeu comigo e eu compus a música "É a vida", em que falo sobre isso que aconteceu comigo. Minhas músicas são no estilo nova MPB e um samba, o que dá nome ao CD, "Lá vem ela", que conta com a participação do meu amigo, Julinho do Sereno.
JC - De onde vem a inspiração para compor suas músicas?
Artemis - Todas elas foram feitas em um determinado momento da minha vida, com a rapidez da ideia de um croqui. Elas surgem e eu gravo. Minhas músicas todas são muito a minha verdade, a minha essência. Fui criando uma a uma sem a pretensão de serem comerciais. A maturidade do CD eu agradeço muito ao Josiel Rusmont, que foi quem gravou o disco. Ele foi muito humano.
JC - E, agora, quais são o planos para essa sua nova carreira musical?
Artemis - Não tenho planos (risos). E não ter planos é um plano. Na verdade, tudo que aconteceu comigo até aqui foi guiado por Deus e eu acredito que Ele guiará. Vou fazer esse show, não tenho experiência de palco, mas, se a minha música tocar a alma de alguém e a pessoa gostar, vou ficar muito feliz. O show é beneficente, basta levar um quilo de alimento, que será doado para a ABDA. Lá, também vou distribuir, gratuitamente, o meu CD. Espero que gostem!
PERFIL
Artemis Rodrigues Fontana Lourenzetti, tem 42 anos e é do signo de Virgem
Ela é casada com Gregório Capoani Lourenzetti
É filha de José Antônio Fontana e Gerlena M. Rodrigues Fontana e tem dois irmãos: Aline e Alexandre Rodrigues Fontana
Ama trabalhar e cantar. Nas horas vagas, lê muitos livros do Augusto Cury.
Seu estilo preferido de música é a nova MPB e Samba
Não é muito ligada aos esportes, mas torce para o Palmeiras pela alegria do pai
e-mail: contato@artemisfontana.com
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