| Douglas Reis |
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| Carlinhos Francischone: a tecnologia tornou o ato de ir ao dentista bem menos doloroso |
Acredite! Carlos Eduardo Francischone Jr., cirurgião-dentista, especialista, mestre e doutor em implantes, já teve pavor de dentista. Isso quando era criança e tinha à disposição "o melhor dentista do Brasil", o pai dele, Carlos Eduardo Francischone. E, até por isso, pautou sua carreira, entre outras coisas, na busca de dar conforto aos seus pacientes. Carlinhos Francischone, como é mais conhecido, afirma que o medo de dentista é coisa que está ficando no passado. "A odontologia, hoje, é uma outra coisa, mudou radicalmente. Sofrimento e dor não existem mais", diz.
A seguir, em um bate-papo descontraído, ele conta um pouco da sua vida, carreira e revela o talento na cozinha. Confira:
Jornal da Cidade - O senhor vem de uma família de dentistas consagrados, não é?
Carlos Eduardo Francischone Jr. - Desde muito pequeno, acompanhei as atividades do meu pai, Carlos Eduardo Francischone. O desempenho dele é único. Ele é muito conhecido na cidade e no mundo, é um dos maiores nomes do Brasil na implantologia. E, quando era criança, vivia na FOB (Faculdade de Odontologia de Bauru). Eram outros tempos. O câmpus era aberto e a gente frequentava, via o trabalho deles na área de dentística, que, na época, era capitaneado pelo professor [José] Mondelli. E eu fui criando gosto.
JC - Seu pai deu uma forcinha na sua escolha?
Francischone Jr. - Desde sempre já sabia o que queria. Acompanhava coisas do consultório, com meu pai, mas ele sempre deixou a gente muito à vontade, nunca cobrou nada nem determinou "vai fazer isso ou aquilo". Foi uma escolha natural para mim e para os meus irmãos, que também são da área da saúde.
JC - O senhor estudou em Bauru?
Francischone Jr. - Estudei no Sagrado Coração, em 1996. Depois, fiz mestrado, doutorado, especialização. Dei aulas na USC (Universidade do Sagrado Coração) por dez anos e, hoje, dou aulas em Campinas, na pós-graduação, na Faculdade São Leopoldo Mandic.
JC - O senhor disse que seus irmãos também seguiram os passos do seu pai...
Francischone Jr. - Minha irmã Ana Carolina também é dentista. Está na Marinha, em Salvador. E o mais novo, Fabrício, é cirurgião plástico em Santos. Ninguém fugiu da área da saúde (risos). Mas, dá para dizer que meu pai também seguiu os passos do pai dele. Meu bisavô por parte de pai, Eugênio Francischone, e meu avô também por parte de pai, Sebastião Francischone, eram farmacêuticos. E, além do meu pai, meus tios também são da área da saúde. Tia Leda é dentista e o Paulo Francischone, cardiologista.
JC - E tem seu filho, Lucca, vindo por aí na profissão?
Francischone Jr. - Ora ele fala que vai seguir o mesmo caminho, ora que não. Mas ele tem 10 anos. Há muito tempo pela frente, ainda. E, claro, vamos deixá-lo à vontade para decidir.
JC - Atualmente, parece que as pessoas estão mais preocupadas com a aparência. E os dentes...
Francischone Jr. - Com esse apelo que temos hoje das mídias sociais, de selfies, os dentes são o cartão de visita. Como você faz uma foto com os dentes descuidados? Fora isso, a odontologia está mais acessível. A pessoa tem um smartphone e não tem dinheiro para tratar dos dentes? Mas ela quer aparecer bem na foto. E, hoje, a odontologia cabe no bolso de todo mundo. Da mesma forma que o mito de que dói, machuca, não existe mais.
JC - Mas eu conheço muita gente que ainda tem medo.
Francischone Jr. - Tem. Existe uma pesquisa que diz que, primeiro, a gente tem medo de morrer; depois, de falar em público; e em terceiro lugar, vem o medo do dentista.
JC - É muito sofrido ir ao dentista...
Francischone Jr. - No passado, colocava-se o paciente na cadeira, tratava, pronto e acabou. Naquela época, era tudo embrionário, sem os recursos que temos hoje. Na verdade, os dentistas eram heróis. O que o meu pai fez, para tratar e fazer um serviço de odontologia bem feito, só sendo herói. Hoje, vejo trabalhos feitos por ele há 40 anos que ainda estão perfeitos. Nem máquina de lavar hoje dura 40 anos (risos). Então, com o material, o conhecimento, a tecnologia que tinham e ainda prover um trabalho de qualidade, foram heróis. A odontologia, hoje, é uma outra coisa, mudou radicalmente nos últimos cinco ou seis anos. Sofrimento, não existe mais. Medo de dentista? Hoje existem recursos para tratar isso.
JC - Você, inclusive, contribuiu para esclarecer as pessoas nesse quesito, com um programa na Rádio Auri Verde.
Francischone Jr. - Foram 8 anos consecutivos. Toda segunda-feira, durante 1 hora. Chamava-se "Bate-papo com meu dentista". Hoje, não tem mais. Uma pena. Fazíamos uma prestação de serviços. As pessoas ligavam, perguntavam e a gente respondia, tirava dúvidas. Muita gente procurou tratamento odontológico por causa daquele programa, porque a gente esclarecia de uma forma muito simples. Era uma responsabilidade muito grande, mas foi uma experiência muito importante para mim e para as pessoas, acredito.
JC - Pensa em retomar o projeto?
Francischone Jr. - Penso. E não por mim, mas pelas pessoas que precisam da informação. Precisam de uma pessoa que traduza as dúvidas deles e os ajudem a decidir a procurar uma clínica para tratamento. O que eu mais escuto das pessoas, hoje, durante o tratamento, é "Se eu soubesse, teria vindo antes". Precisamos continuar quebrando mitos de que dói, há sofrimento. Há muitas coisas novas. Hoje, por exemplo, não é mais preciso colocar massa na boca para fazer molde. Estamos com essa tecnologia na clínica. Ao invés da massa, passa um scanner, é como se fosse tirar uma foto. Ou seja, melhora para quem tem fobia, ânsia, desconforto da massa. E são essas facilidades como essa que permitem que as pessoas tenham o sorriso que desejam.
JC - Falando nessa questão do medo. O ideal seria que isso fosse trabalhado desde cedo, não é?
Francischone Jr. - A prevenção é tudo. E, para a criança, ir ao dentista precisa ser um divertimento.
JC - Para o senhor era?
Francischone Jr. - Mais ou menos (risos). Eu tinha pavor! Mesmo com o melhor dentista do Brasil à minha disposição. Por isso, eu fui atrás de mecanismos para tentar melhorar essa situação para os meus clientes. E, hoje, eles - e eu também - sentam na cadeira com a maior tranquilidade do mundo.
JC - E com o seu filho?
Francischone Jr. - Há um trabalho feito em casa e na escola. E esse trabalho da escola é muito importante. A maioria tem um dentista que vai explicar sobre cárie, como limpar os dentes da maneira correta... e, desde pequeno, eu deixava e estimulava que ele passasse pela tia dentista ou o tio dentista da escola. E, quando as crianças estão em grupo, um incentiva o outro, o medo vai ficando de lado...
JC - O que você diria para os pais que têm dificuldade em levar os filhos ao dentista?
Francischone Jr. - Não adianta tentar enganar. Tem de ser jogo aberto. Dizer claramente que vai levar ao dentista, que é importante, porque é importante. E quanto mais cedo, melhor.
JC - Se não tivesse se tornado dentista, o que seria?
Francischone Jr. - Apesar de gostar muito de cozinhar, nunca me vi fazendo outra coisa.
JC - Cozinhar?
Francischone Jr. - Adoro cozinhar. Acho que, hoje, tenho mais títulos de gastronomia do que de odontologia (risos). Fiz muitos cursos. De comida italiana, portuguesa, massas... tenho um cantinho lá em casa e reúno a família para comer. Gosto muito da cozinha portuguesa. Um bom bacalhau é uma maravilha. Mas, quando a comida é bem feita, tudo é bom. Mas não seguiria na área da gastronomia, apesar de gostar muito. Vejo como um hobby, uma coisa sem obrigação. Queimou? Pede pizza!
JC - Então, a cozinha entra como um lazer?
Francischone Jr. - Vejo muitos programas de culinária. Gosto muito do Claude Troisgros, vejo o programa dele com meu filho Lucca. E, em 2017, tinha uma viagem em família para o Rio e pensei em levar o Lucca para conhecê-lo. Liguei no restaurante para ver como era, me pediram para mandar e-mail que entrariam em contato. Mandei, mas não achando que fosse dar certo. E responderam! Enfim, fomos ao restaurante, falamos com ele, uma pessoa muito simpática, que deu muita atenção ao meu filho.
JC - O que mais faz para driblar a rotina do dia a dia?
Francischone Jr. - Gosto de viajar, de esportes... sou palmeirense e noroestino roxo. Vou sempre ao estádio com meu pai e meu filho. E olha que para torcer pelo Palmeiras e pelo Noroeste tem que ter o emocional bem resolvido (risos). Mas não sou torcedor de brigar. O esporte tem de ser encarado como um lazer.
| Douglas Reis |
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| O dentista Carlinhos Francischone vem de uma família de profissionais de saúde: "Nunca me vi fazendo outra coisa" |
| Fotos: Arquivo Pessoal |
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| Hobby de Carlinhos é cozinhar; na foto, ele, Lucca e Priscila com o chef Claude Troisgros, em viagem ao Rio, em 2017 |
| Arquivo pessoal |
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| Carlinhos, a esposa Priscila e os filhos Eduardo e Lucca |
| Arquivo pessoal |
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| Pais e irmãos: Carlos Eduardo Jr., Ana Luiza, Carlos Eduardo, Ana Carolina e Fabrício |
Perfil
Idade - "Tenho 42 anos e faço 43 em agosto."
Esposa - Priscila
Filhos - Lucca, 12 anos, e Eduardo, de 8 meses
Times - Palmeiras e Noroeste
Livro - "Leio muito sobre aviação e culinária."
Música - MPB, rock. "Adoro música."
Hobby - Cozinhar
Palavra - Comprometimento. "Está em falta para muita gente, atualmente, em várias áreas."
Nota 10 - Para os professores do Ensino Fundamental. "São verdadeiros heróis."
Nota 0 - Para essas fake news, "que somente nós atrasam ainda mais."
Contato - (14) 3223-2600




