Opinião

O poder de aglutinar do padre José Antônio

Alfredo Enéias Gonçalves d'Abril, professor universitário, aposentado
| Tempo de leitura: 4 min

Notícias obtidas por pessoas mais próximas do padre José Antônio, ex-sacerdote da paróquia de Dourado, região de São Carlos, diziam que o ritmo alentador de sua missão como inestimável instrumento humano a semear a doutrina cristã católica de modo personalíssimo, simplista e emocionante entre os incontáveis fiéis que o tem como autêntico missionário, o advertiu da aproximação do esgotamento. A energia despendida por 32 anos de ativo sacerdócio não era a mesma daquela do início da vida religiosa, embora não demonstrasse aos fiéis frequentadores das missas por ele celebradas. Não era a mesma para suportar sem fadiga as inúmeras viagens em missão evangelizadora, noites sem dormir, missas seguidas em cidades diversas e distantes e as agruras provocadas pelo diabetes rompendo passagem na sua vida, então de boa saúde. Consta ter pedido ao bispo da diocese de São Carlos um afastamento da paróquia de Dourado sem deixar de atender sua vocação para continuar difundindo a palavra do evangelho, ao seu modo, ilustradas de fatos atuais e pertinentes, com a força de silenciar a imensa platéia que o escutava com os ouvidos aguçados. Consta ter havido uma sugestão no encontro, de iniciativa do bispo de São Carlos, satisfatória para ambos e redentora para seus numerosos fiéis receosos de ficarem órfãos de suas missas. A celebração das Missas das Bençãos, nome que as distinguem das demais, não sofreria interrupção e seriam ministradas nas cidades do bispado, apenas três em cada mês, na justa intenção de suavizar a exaustiva rotina vivenciada no sacerdócio do Padre José Antônio, continuando com ritmo mais vagaroso, todavia, com fôlego para dedicar-se a missão da sagrada evangelização numa cadência menos cansativa.

Os motivos que levaram o bispo de São Carlos a oferecer ao sacerdote José Antônio uma desaceleração na forma de seu apostolado eram reais e de conhecimento dos católicos que, convictos, seguiam o difícil caminho de conduzi-los à crença religiosa. O bispo tinha plena ciência de que o sacerdote possuía uma vida excessivamente agitada com seguidas viagens para celebração de missas em diversas cidades do interior de São Paulo, também na capital, sem contar as celebrações na paróquia de Dourado. Pessoa diabética e com 70 anos de idade, não poderia prosseguir nessas andanças sem ter a própria saúde prejudicada, obcecado para semear a esperança para colher dias melhores, e, destacadamente, exaltar a fé como algo indissociável a expectativa na busca de soluções individuais e familiares desejados pelos fiéis. Há um ano, o padre José Antônio celebrou uma missa noturna em uma das igrejas de São Paulo, a conhecida Missa das Bençãos, terminando a cerimônia à meia noite. Essa missa que é o mote do padre José Antônio tem a duração de 2,5 horas e, quando é por ele concedida a benção individual em cada um dos presentes, conta-se mais de uma hora somente para atender essa solenidade. A fila das pessoas para receber a graça sempre ultrapassa a metade daquelas que assistiram a missa e que nunca reúne menos de 150 fiéis. Concluído o atendimento pessoal, já no início da madrugada de quarta-feira, viajou para Dourado e celebrou a missa das bênçãos das 14 as 16,30 horas, sem aparência de fadiga. No último dia 19, o padre José Antônio rezou a Missa das Bençãos na igreja Santo Antônio, em Jaú, suprimindo a bênção individual. Estimou-se 250 assistentes, preenchendo a capacidade das cadeiras recepcionarem os fiéis sentados e 50 outras pessoas do lado externo do templo, muitas delas acomodadas em uma capela ao lado da igreja. Missa de igual celebração foi anunciada aos fiéis no dia seguinte, em Araraquara.

Prosseguindo na conversa do bispo de São Carlos com o padre José Antônio, também integrou no objeto de seu afastamento de Dourado, a possibilidade de haurir momentos de descanso, ficando acertado que o sacerdote mudaria de cidade e seria um padre itinerante vinculado a diocese de São Carlos, rezando 3 Missas das Bençãos em cada mês, distribuídas em São Carlos, em Araraquara e em Jaú. Mudou seu domicílio para a cidade litorânea de Ubatuba e viaja uma vez por mês para São Carlos com as missas agendadas para as cidades acima mencionadas. Nesta nova etapa da vida, o padre José Antônio continua a serviço do povo de Deus ao mesmo tempo que adquire mais forças para emprega-las em sua magnífica missão evangelizadora.

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