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The Day After

Arnaldo Ribeiro
| Tempo de leitura: 2 min

Se você ainda não conhece o filme "O Dia Seguinte" (The Day After), talvez este seja o momento certo. O longa foi lançado em 1983 e se passa nos Estados Unidos, depois de um ataque com bombas atômicas. Eram tempos de guerra fria e eu, apenas um adolescente, tinha medo de um apocalipse nuclear, como todo mundo na época. O tempo passou e o lançamento das bombas atômicas não foi feito. Mesmo assim, as cenas de sofrimento e de luta pela sobrevivência assustam até hoje. Amigo, sei que a situação está difícil para todos e a sugestão pode até parecer deprimente. Não é, se você entender a mensagem que vai muito além das imagens ásperas. Na verdade (não quero contar muito sobre o filme), é uma história de superação, de como as pessoas podem se ajudar quando há reais dificuldades.

Hoje vivemos uma crise nunca antes vista, uma guerra contra um inimigo que se espalha como um exército invisível e mortífero. Sim, estou com medo (como tive durante a adolescência) pela minha saúde e dos meus familiares e amigos, em especial aqueles mais velhos. Imagino que você, irmão, também esteja nesta mesma batalha contra nosso inimigo coletivo. Contudo, quando paro para analisar o momento, busco enxergar um futuro em que estaremos mais fortes depois de superar este desafio. Quero pensar que, por mais paradoxal que seja, o coronavírus e a necessidade de isolamento está nos unindo. Raciocine comigo! A velocidade das nossas vidas tem nos afastado de amigos e famílias nos últimos tempos. Temos pessoas queridas com quem não compartilhamos o mesmo espaço físico há tempos, embora o contato via redes sociais ainda exista. Há quanto tempo a maioria de nós não abraça um amigo de infância? A mesma tecnologia que ajudou a nos afastarmos, agora está nos reconectando. A tela do meu celular tem servido nos últimos dias para que eu continue em ação e dividindo decisões com as pessoas com quem trabalho. Mas ela vai além!

Tenho aproveitado parte do tempo de isolamento para encontrar meus amigos e parentes, mandar mensagens de esperança e receber de volta carinho. Os projetos de reencontros estão sendo desenvolvidos e tenho certeza que muitos deles se tornaram realidade. Coisas que os personagens do filme de 1983 nem poderiam sonhar. Imagine agora o dia seguinte desta crise, quando nos sentirmos seguros novamente. A sensação de alívio certamente virá junto com uma sociedade mais atenta com a higiene, mais unida e preocupada com a saúde coletiva. No campo das relações humanas, aquele aperto de mão fraterno, o ato de beijar o rosto de um amigo ou uma amiga, ou apenas o fato de estarmos próximos vai ter um significado muito especial.

Desculpe o spoiler, mas será justamente como o abraço de encerramento do filme que nomeia este artigo, com o medo sendo substituído pela certeza de dias melhores.

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