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A fábula do escorpião e o Homem

Maria América Ferreira
| Tempo de leitura: 2 min

"O escorpião aproximou-se do sapo, que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar à outra margem. Desconfiado, o sapo respondeu: Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar, soltar o veneno, e eu vou morrer. Mesmo assim o escorpião insistiu, com o argumento lógico de que se picasse o sapo ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranquilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar. Ao final da travessia, o escorpião cravou seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme. Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo, desesperado, quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente: Porque essa é a minha natureza!" (Fonte: livro - 'Mentes perigosas - O psicopata mora ao lado', de Ana Beatriz Barbosa Silva).

Essa fábula se encaixa em diversas situações e reflete bem o comportamento humano, especialmente o que é demonstrado através das redes sociais. Nunca as pessoas tiveram tanta coragem de mostrar o caráter e a índole cruel, como através das redes sociais. Assim como o escorpião, elas posam de bondosas até atingir a presa. É muito fácil se esconder atrás de um equipamento eletrônico e destilar veneno para todos os lados. É assim que o ser humano tem mostrado a que veio. É lamentável como as pessoas não se importam em ofender, agredir ou magoar alguém, simplesmente porque uma não concorda com a opinião de outra. E pior, fica todo mundo esperando punições aos que, teoricamente, infringem o que deve ser considerado como um comportamento adequado. Como esperar repreensão de seres também humanos? De pessoas que, muitas vezes, também praticam a maldade com uma caneta nas mãos, determinando o que o outro deve fazer.

É triste ver que um ser deseja a morte do seu semelhante, característica exclusiva do ser humano, considerado como a espécie mais evoluída (?) no mundo animal. Porém, como bem retrata a autora do livro referido, a psicopatia não é privilégio de pessoas doentes. Todo mundo tem um lado psicopata que pode ou não vir à tona, dependendo da situação em que está exposto.

Infelizmente, o mundo atual proporciona os sentimentos menos nobres que um humano pode desenvolver. Óbvio que isso não é geral. Mas tem sido predominante através das redes sociais. Torcer pelo quanto pior melhor, tem sido o comportamento de grande parte da população, principalmente a brasileira, que não é capaz de respeitar a opinião do outro.

 A autora é jornalista, colaboradora com Opinião

 

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