Reflexão e Fé

A raiz do mal é o pecado

Hugo Evandro Silveira Pastor Titular - Igreja Batista do Estoril. E-mail: hugoevandro15@gmail.com

20/09/2020 | Tempo de leitura: 4 min

No evangelho de Marcos 7:21-23 Jesus deixa claro que a semente de cada atitude, como os atos pecaminosos de um indivíduo, é algo que reside no coração do ser, pois de dentro do coração, procedem os maus pensamentos, fornicações, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças e todo tipo de maldade, bem como engano, sensualidade, inveja, calúnia, orgulho e tolices. Todas essas coisas más procedem de dentro e contaminam todo o ser ontológico. Nesse aspecto, o texto sagrado, é inequívoco ao revelar que a raiz de toda maldade no mundo, independente de como se manifeste, é o pecado. Mas, o ser humano quer insistir que a manifestação da maldade seja algo diferente do que a Bíblia chama de pecado inato, isto é, conjecturam que o problema do mal esteja a parte íntima do ser. Curiosamente, se não de forma irônica, o desejo de que o problema do mal seja algo estranho a pecaminosidade enraizada no coração humano deixa muitos indignados, porque essa realidade da revelação do cânone hebraico parte da premissa que não há nada que as pessoas possam fazer sobre isso - absolutamente nada - o que da mesma forma, significa que o ser humano, por si mesmo, é impotente para realizar desejadas mudanças estruturais e institucionais, no ser e no mundo.

As pessoas querem acreditar que o problema da maldade seja sistêmico, não endêmico, isso em oposição ao texto bíblico que traz por exemplo na carta apostólica aos Romanos 3:23 que "todos pecaram e estão afastados de Deus" - e, Romanos 5:12 que traz em sua interpretação a ideia de que todos pecaram e, assim, a maldade, em sua cara mais perversa, que é a morte, espalhou-se por toda a raça humana. Na tese bíblica, portanto, a humanidade lida com a contaminação congênita do coração que, como Jesus disse em Marcos 7:21-23 traz a gênese de todo mal. Nesse ponto, lutar bravamente por justiça seria de uma ingenuidade ineficaz, já que em nenhum lugar das Escrituras o povo de Deus é instruído a 'lutar' por justiça. Quem tem o chamado de Deus é instruído a 'fazer' justiça, praticá-la (cf. Salmo 82:3 ; Provérbios 21:3 ; Miquéias 6:8). A justiça bíblica do ponto de vista divino não é alcançada por meio do confronto antagônico ou ativista, não é alcançado por táticas auto-salvíficas e meritórias que idealizam transformar o mundo em um nirvana social, cumprindo a meta suprema da felicidade ideal. Não é assim! O evangelho de Jesus Cristo, comprometido na adoração do Deus bíblico, conquista o mundo por um coração de cada vez, um por vez, à medida que Deus, de acordo com seu próprio tempo e sua providência soberana, regenera monergísticamente corações perturbados pelo pecado, transformando as mentes inerentemente obscurecidas, para que submetam-se alegremente aos perfeitos mandamentos divinos que redimem o ser do mal (cf. Ezequiel 36: 26-27 - sermão domingo 13/9 na IBE YouTube).

O problema do mal é o pecado e somente o pecado. O pecado é inerente ao coração. Não há outro remédio para o problema do pecado do que o evangelho transformador de corações de Jesus Cristo, o Filho de Deus. O evangelho de Jesus, por mais que possa parecer utópico, é a solução da maldade humana. Claro que não se pode negar nosso desafio e responsabilidade social de "fazer justiça", entretanto, o texto sagrado é unânime em revelar que Jesus Cristo veio ao mundo para salvar homens do pecado, indivíduos; Jesus não veio salvar a sociedade. Se Jesus tivesse vindo ao mundo como algum tipo de assistente social divino, como muitos querem acreditar, não haveria necessidade de morrer na cruz. Nisso reside a distinção e diferença fundamental entre o evangelho bíblico e o chamado 'evangelho social assistencialista filantrópico' tão propagado nas últimas décadas. Não se pode remediar um problema endêmico por fora, a intervenção deve ser feita por dentro, individualmente. Somente o evangelho faz isso, tanto que "A palavra de Deus é viva, ativa e mais afiada do que qualquer espada de dois gumes, e penetrante até a divisão da alma e do espírito, tanto das juntas quanto da medula, e capaz de julgar os pensamentos e intenções do coração" (Hebreus 4:12). O evangelho de Jesus Cristo pregado na cruz e ressuscitado da morte é a única mensagem capaz de transformar a vida de um pecador e por conseguinte, livrar a sociedade do mal do pecado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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