
Aos 50 anos, o coronel Victor de Freitas Carvalho já lidera um dos três Comandos de Bombeiros do Interior do Estado de São Paulo, o CBI-2, com sede em Bauru. Ele assumiu a corporação, que conta com um efetivo aproximado de 2 mil homens, em 12 de agosto de 2020.
Natural de Campinas, ele passou por diversas outras cidades, incluindo Bauru, na época em que trabalhava com tecnologia policial. O coronel Victor optou pela profissão para seguir o exemplo do seu pai.
Solteiro, o oficial também é formado em Engenharia Civil e especialista em Engenharia de Segurança. Atualmente, ele cuida de um comando que abrange, em território, metade do Estado de São Paulo e, em população, um quarto do mesmo.
Abaixo, o coronel fala sobre a sua trajetória junto à polícia e as suas metas para o CBI-2. Confira alguns trechos da entrevista:
JC - Quando o senhor entrou na polícia?
Coronel Victor - Eu entrei na Academia de Polícia Militar do Barro Branco em janeiro de 1990, com 19 anos. Em 1993, optei por atuar junto ao Corpo de Bombeiros enquanto aspirante a oficial. Me inspirei no meu pai, que já trabalhava junto à corporação.
JC - Por quais cidades já passou?
Coronel Victor - Inicialmente, eu servi na minha terra natal. Depois, fui para o CBI, na Praça da Sé, em São Paulo. Em seguida, fiquei três anos no policiamento, ainda na Capital Paulista. Já enquanto capitão, me transferiram para o Corpo de Bombeiros de Piracicaba. De lá, retornei para São Paulo para trabalhar com tecnologia junto ao policiamento. Voltei para os Bombeiros de Piracicaba como major. Na promoção de tenente-coronel, me encaminharam para subcomandar a Escola de Bombeiros, em Franco da Rocha. A partir daí, me tornei comandante do 7.º Grupamento de Bombeiros, em Campinas. Em 2020, quando conquistei a patente de coronel, passei três meses comandando a Escola de Educação Física da Polícia Militar, em São Paulo. Por fim, assumi o CBI-2, em Bauru, em 12 de agosto deste ano.
JC - Qual característica do senhor deverá refletir em seu trabalho junto ao CBI-2?
Coronel Victor - O gosto pela profissão. Receber uma demanda desta responsabilidade faz com que eu me sinta muito orgulhoso. Por isso, me empenharei ao máximo para realizar as missões que a mim serão confiadas.
JC - A descentralização do CBI da Capital para o Interior traz alguma vantagem? Qual?
Coronel Victor - O CBI ficava na Capital até o segundo semestre deste ano, quando se subdividiu em três cidades: Santos, Campinas e Bauru. A transferência se deu para reestruturar o nosso trabalho nos municípios do Interior, ao facilitar a comunicação do Comando com os mesmos.
JC - Quais são as suas metas enquanto comandante do CBI-2?
Coronel Victor - Em primeiro lugar, eu pretendo organizar o nosso efetivo. Uma das maneiras para tanto é criar, a espelho do que acontece em São Paulo, uma força-tarefa que dê apoio logístico-operacional para as ocorrências que fujam da normalidade, como deslizamentos de terra, desabamentos, quedas de aviões e até queimadas.
JC - Como o senhor pretende fazer isso?
Coronel Victor - Nós já estamos em processo de compra de equipamentos específicos e, também, em fase de planejamento para deslocar o efetivo para atender estas ocorrências.
JC - As obras da nova sede do CBI-2 foram suspensas depois de um problema com as estacas. Alguma novidade neste sentido?
Coronel Victor - As obras voltaram e o trabalho de cálculo de estrutura foi todo refeito. Nós esperamos que a edificação fique pronta até a metade do ano que vem, quando deveremos, finalmente, ocupá-la. Até lá, permaneceremos na quadra 2 da rua Marcondes Salgado, no Centro.
JC - Além da força-tarefa, nós noticiamos que outra meta do senhor seria a integração com o Copom. Em que sentido?
Coronel Victor - Todas as cidades do Norte e Oeste do Estado de São Paulo terão o 193 centralizado em Bauru até o final deste ano. Já existe uma central instalada na cidade com capacidade técnica para tanto. Ela fica na sede do CPI-4. A mudança só trará benefícios, porque haverá supervisão constante, equipes mais bem treinadas e sistema tecnológico de ponta, agilizando a tomada de decisão.
JC - Tal integração já começou?
Coronel Victor - Já. Algumas cidades sequer têm o número 193 instalado e precisam recorrer ao 190. Por isso, nós firmamos uma parceria com uma empresa de telefonia, que permitirá que qualquer município acione, diretamente, o Corpo de Bombeiros via aparelho celular ou fixo.
JC - Qual é o prejuízo da ausência do 193?
Coronel Victor - A ausência do 193 interfere, diretamente, na agilidade do serviço emergencial, que também deverá melhorar com a centralização das chamadas em um único ponto, no CPI-4, em Bauru. Quando isso acontecer, todas as forças policiais tomarão ciência das ocorrências ao mesmo tempo. Hoje, se uma pessoa ligar de Promissão, que abriga uma Estação de Bombeiros, o chamado cairá naquela cidade. Até o final do ano, a ligação virá para Bauru, que receberá e enviará a demanda às equipes de Promissão. Primeiro, nós conseguimos economizar gente concentrando o atendimento em um só lugar. Segundo, não dá para implantar o mesmo nível de tecnologia em todas as cidades.
JC - Não haverá necessidade de aumentar o efetivo no Copom, afinal, a demanda será maior?
Coronel Victor - Não há qualquer contratação prevista e, por isso, pretendemos remanejar pessoas de todo o Estado de São Paulo para Bauru. Elas passarão por treinamento antes de assumirem as suas respectivas funções.