O brilho nos olhos de Élio Ferrari, de 76 anos, mostra que a escolha de seguir a mesma carreira do pai foi certeira. Ainda na adolescência, ele começou a trabalhar na Sorvetes Pinguim, em Bauru, que enfrentou várias dificuldades ao longo do tempo, principalmente, durante a pandemia, mas segue aberta há mais de seis décadas. "O segredo está na persistência", complementa o comerciante.
O pai de Élio, Armando Ferrari, fundou a empresa em 1958, época em que ela ficava entre a avenida Rodrigues Alves e a rua Rio Branco, na região central da cidade. "Ali era o ponto de encontro da moçada", relembra o empresário.
Em 1976, o pai de Élio faleceu, momento em que ele e a sua esposa, Hilda Maria Castor, de 72, resolveram assumir o negócio. O filho de Hilda e enteado do comerciante, Gilson Alberto Lopes Castor, de 52, sempre ajudou a tocar a empresa, assim como as suas duas filhas. Portanto, o negócio já está na quarta geração.
A sorveteria saiu do ponto na Rodrigues com a Rio Branco para a quadra 2 da Praça das Cerejeiras, onde ficou por mais de duas décadas. Em seguida, o negócio passou a funcionar ao lado da sede atual, na quadra 15 da rua Agenor Meira.
Ao longo dos anos, segundo Élio, a concorrência se tornou uma das maiores preocupações do comerciante. "Eu enfrentei o problema com um produto de qualidade. Hoje, para você ter ideia, tudo o que nós produzimos é vendido", acrescenta.
Falando nisso, a sorveteria confecciona 1,2 mil litros de sorvete de massa e 5 mil picolés por dia. "As embalagens de dois, cinco e dez litros nos salvaram durante a quarentena. O comércio é uma escola, afinal, nós aprendemos a conviver com altos e baixos", observa.
Ainda de acordo com Élio, a receita do sorvete é antiga, mas passou por alguns aperfeiçoamentos no decorrer do tempo. A sorveteria oferece, atualmente, 40 sabores de sorvetes de massa e 30 de picolés.
Os carros-chefes são: ninho com Nutella, ninho trufado, Charge, Diamante Negro, mousse de chocolate e abacaxi ao vinho. "Eu, pessoalmente, prefiro os sorvetes de frutas, principalmente o de maracujá", revela.
Mesmo com a idade avançada, Élio e a sua esposa trabalham das 7h às 20h. Porém, o casal conta com a ajuda de 14 funcionários e, diariamente, de cinco a seis pessoas se oferecem para trabalhar vendendo os sorvetes pelas ruas do município. "Eu sequer consigo pensar em parar", confessa.
DE CLIENTES A AMIGOS
Ao longo de mais de seis décadas, o proprietário da Sorvetes Pinguim se tornou amigo de muitos clientes, como é o caso do comerciante aposentado José Milton Figueiredo, de 80 anos, que frequenta a sorveteria desde a sua fundação, em 1958.
O homem frisa que, naquela época, o local também funcionava como uma lanchonete. "Eu não saía de lá. Tanto que me tornei amigo da família. O pai de Élio chegou a ser o meu padrinho de casamento", narra.
José Milton informa que já trabalhou em festas de aniversário servindo os sorvetes produzidos pelo estabelecimento. "Certa vez, a Kibon estava com dificuldades para abastecer a região de Bauru e a Pinguim forneceu os seus produtos a eles", rememora.
O aposentado Antônio Carlos Vissotto, de 69, frequenta sorveteria desde a sua infância. "Eles sempre usaram produtos da melhor qualidade e, por isso, eu nunca a troquei por qualquer outra", finaliza.