Wagner Teodoro

Fator de imprevisibilidade


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O Campeonato Brasileiro avança em meio a uma explosão de casos de coronavírus em grandes clubes. Recentemente, times como Santos, Atlético-MG, Vasco, Fluminense e, principalmente, o Palmeiras perderam boa parte de seus elencos, em quarentena depois de constatada a contaminação de atletas. A situação não é nova. Antes, Flamengo, Goiás, entre outros, passaram pela experiência. A Covid-19 desafia todo e qualquer protocolo de segurança também no meio esportivo. Para além da principal e óbvia questão de saúde envolvendo seres humanos que estão ali trabalhando e se expondo em viagens e jogos, existe o fator de imprevisibilidade muito peculiar que a pandemia traz para o Campeonato Brasileiro deste ano.

As baixas em clubes grandes forçam comissões técnicas a encontrar soluções em seus elencos, não raramente sendo obrigadas a escalar jogadores da base para formar um time. O que vemos é muitas vezes uma distorção da equação de forças. Um jogo que teria claramente um favorito torna-se imprevisível. A temporada é a mais imponderável dos últimos anos. Já passamos da metade do Nacional e a briga é ferrenha pelas primeiras colocações. O fator Covid-19 é mais um ingrediente nesta receita de Brasileirão sem, até o momento, um favorito ao título. Claro, quem tem elenco mais profundo, qualificado, lida melhor com a situação. O caso do Palmeiras é emblemático. Perdeu praticamente dois times em função de casos de coronavírus e lesões, mas vem se mantendo extremamente competitivo porque tem reposição.

Antes de uma vacina e de uma imunização em massa, é impensável que o quadro se altere radicalmente. Lembrando que há registro de episódios de jogadores infectados mais de uma vez. Em uma temporada na qual a relação de forças não fica bem definida, com vários postulantes ao título, os possíveis desfalques por causa da pandemia podem definir o campeão.

Na quadra

Se o futebol vive momento de forte estrago pela pandemia, o vôlei também sofre com a investida do coronavírus. Na Superliga feminina, as equipes do Brasília e Rio de Janeiro têm surtos de Covid-19 em seus elencos e, no torneio masculino, o Blumenau passa pelo mesmo problema. São cinco confrontos adiados no feminino e mais um no masculino. As datas dos jogos foram postergadas em conformidade com acordo feito entre equipes e Confederação Brasileira de Voleibol, antes do início da Superliga, que determina que os times poderiam pedir adiamento caso tivessem quatro atletas ou duas levantadoras com a doença ao mesmo tempo. Em uma competição com menos equipes do que o Campeonato Brasileiro de futebol é de se pensar se não existe a ameaça de paralisação.

Tóquio em alerta

Clima de tensão também na organização dos Jogos Olímpicos de Tóquio, que foram adiados deste ano para o período de 23 de julho a 8 de agosto de 2021 por causa da pandemia de coronavírus. Em uma segunda onda poderosa, o número de casos de Covid-19 na capital japonesa bateu recorde nesta semana e as autoridades de saúde elevaram o alerta para nível máximo. É certo que os Jogos ainda estão distantes e a esperança da humanidade é que, até lá, haja uma vacina para o coronavírus. Mas a alta taxa de disseminação do vírus em Tóquio obriga os organizadores do evento a estudarem possíveis adaptações e soluções em um cenário pessimista.

Os planos do Comitê Olímpico Internacional (COI) é que as Olimpíadas de Tóquio sejam realizadas com público. A entidade tem uma ofensiva em andamento para convencer a população japonesa e os patrocinadores de que os Jogos podem ser disputados com torcedores. As projeções estimam que serão em torno de 11 mil atletas e mais de 20 mil jornalistas participando dos Jogos Olímpicos. Se houver público, os números serão multiplicados. Entre as medidas estudadas pelo COI e Comitê Organizador, há a intenção de quarentena para estrangeiros.

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