O São Paulo líder do Campeonato Brasileiro tem os méritos da persistência e da mudança. A princípio opostas, foram as duas virtudes que levaram o clube ao topo da tabela. O "paradoxo" se explica pela perseverança da diretoria em manter o técnico Fernando Diniz no cargo. Mas também pela adaptação que o treinador colocou em prática no time. Deixando uma certa teimosia de lado e ajustando o que falhava. Raí, o homem forte do futebol são-paulino, é o grande responsável pela resposta positiva que a equipe mostra agora.
Não tecnicamente, mas por se expor, se desgastar, e bancar Diniz no cargo mesmo depois de tantas turbulências, de um futebol oscilante, de eliminações, algu mas vexatórias. Eu teria demitido Diniz após a queda no Campeonato Paulista, pensando na Libertadores. Não saiu e quem saiu do torneio continental foi o São Paulo. Mas o clube insistiu, persistiu e, finalmente, o time parece ter assimilado um conceito.
De teórico, Diniz parece ter conseguido implantar suas ideias. Ou parte delas, visto que o treinador, ao contrário do clube, apostou em mudança. Sim, desistiu de uma concepção de time, do tiki-taka de lado, do controle inofensivo. Colocou um volante de contenção à frente da exposta zaga, uma defesa que invariavelmente tomava gols bobos, gols em contra-ataques. Luan entrou na equipe e mudou a dinâmica, deu consistência. Também abdicou das bolas atravessadas na área ou em frente dela. Hoje ocorrem em menos circunstâncias.
O time segue apostando em posse e no bom toque de bola, mas agora tem um domínio mais objetivo, também vertiliza em velocidade e, principalmente, tem conseguido traduzir a posse em gols. Praticamente não se vê aquele futebol de toque de lado, de cercar, cercar e não chegar a lugar nenhum. O São Paulo é mais efetivo e menos previsível. A equipe compete melhor. É líder, mas não favorito. O clube conta com elenco mais curto do que Flamengo, Palmeiras, Atlético-MG e Grêmio, os principais concorrentes ao título e ainda tem muito campeonato pela frente.

Elenco barato