Wagner Teodoro

Homem-gol

20/12/2020 | Tempo de leitura: 3 min

Desde Ronaldo, em 2002, um centroavante clássico não faturava o prêmio de melhor jogador do mundo. De lá para cá, ganharam zagueiro, com Cannavaro, meias, com Zinédine Zidane, Ronaldinho Gaúcho, Kaká, Lionel Messi e Luka Modric, e um atacante que joga aberto e também centralizado, mas não é um "centroavantão", Cristiano Ronaldo. E foi justamente por isso, impulsionado por gols, já que na máquina ofensiva do Bayern de Munique Robert Lewandowski é o extremo de letalidade, que o polonês faturou o prêmio The Best da Fifa como melhor jogador do planeta.
Aliás, melhor jogador no mundo na temporada passada. Absolutamente merecido para um cara de 32 anos, histórico goleador, que viveu provavelmente seu momento de ápice na carreira, marcando 55 gols em 47 jogos - no total, são 262 gols em 305 jogos (média de 0,86), além de 62 assistências pelo seu atual clube. Até pelo contexto do desempenho: gols decisivos para a "tríplice coroa" do time da Bavária com títulos da Liga dos Campeões, Campeonato Alemão e da Copa da Alemanha. Um cara "lapidado" por Jürgen Klopp na fase de Borussia Dortmund e Pep Guardiola já defendendo o Bayern.
A conquista de Lewandowski ganha dimensão ao pensarmos que ele se junta a Luka Modric como os únicos capazes de interromper o domínio de Messi e CR7 no topo do mundo do futebol nos últimos anos. Desde a conquista de Kaká, em 2007, a última de um brasileiro, dos 13 troféus de melhor futebolista do planeta, 11 foram divididos entre a dupla Messi/CR7. O argentino ficou com seis prêmios e o português garantiu cinco.
Como o prêmio é pela temporada, Lewandowski, que fica longe da qualidade da dupla dominante da premiação - mas tem atributos que vão além da capacidade de finalização, é técnico, dá assistências, joga coletivamente, abrindo espaços -, foi bem escolhido. Aliás, para falar a verdade, desta vez, Messi e CR7 nem deveriam ter sido finalistas. Menos mal, que o polonês ganhou, porque seria ruim para a imagem da premiação se um dos dois astros levasse no nome. Porque futebol para ser o melhor do mundo na temporada que passou nenhum dos dois mostrou.

Injusto

Na minha opinião, houve injustiça na definição dos finalistas. CR7 e Messi poderiam estar entre os dez, mas não entre os três melhores. Reforçando que o prêmio é pela temporada e não pelo conjunto da obra. Sendo assim, Kevin De Bruyne, do Manchester City, melhor jogador da Premier League passada, certamente viveu momento melhor no período avaliado. Um dos dois da dupla do Paris-Saint Germain, Neymar e Kylian Mbappé, poderia estar também na final.

Outra escolha que causou certa polêmica foi a de Klopp como melhor técnico. Se o Bayern de Munique foi "o time" da temporada, teve a supremacia; se Lewandowski foi obviamente o melhor jogador; o responsável por reger tal "sinfonia" não seria justamente premiado? Mas Hansi Flick não levou a premiação. Quem foi laureado foi o técnico do Liverpool. Neste caso não considero injustiça, porque o time inglês também é um espetáculo entre as quatro linhas e faturou o título do Campeonato Inglês depois de 30 anos. Mas, para mim, foi uma surpresa Flick não ser o vencedor.

'Gamer'

Neymar mostrou, mais uma vez, sua revolta por ter ficado fora da lista de finalistas do The Best. Ao mesmo tempo que ocorria a premiação, que foi não foi presencial - o evento foi realizado de forma virtual - por causa da pandemia de coronavírus, o craque brasileiro realizou uma live jogando Counter-Strike. Reitero: pelo que mostrou em campo na temporada, Neymar poderia, sim, estar entre os três finalistas. O atacante já havia demonstrado sua decepção e fúria com o anúncio dos três postulantes ao prêmio, dizendo nas redes sociais que migraria para o basquete e, depois, que viraria "gamer". Entendo a frustração, mas também vejo imaturidade na atitude de Neymar e logo agora que o amadurecimento era uma das qualidades mais exaltadas sobre o jogador. Faz-me lembrar o "Menino Neymar" e não o atual "Adulto Neymar".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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