Wagner Teodoro

Os donos da década

03/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Foi-se a década 2011-2020. No futebol brasileiro, a década do 7 a 1. O resultado que veio para exorcizar às avessas o "Maracanazo". Perto da goleada sofrida para a Alemanha na Copa do Mundo de 2014, no Mineirão, a derrota por 2 a 1 para o Uruguai, em 1950, no Maracanã, ficou até simpática. Daquela vez, não perdemos a dignidade. Mas, antes e depois do atropelo no segundo Mundial que sediamos, a bola rolou para os clubes nacionais. E, nos gramados brasileiros, o time da década foi o Corinthians. Tricampeão brasileiro, tetracampeão paulista e com títulos da Libertadores, Recopa Sul-Americana e Mundial, o Alvinegro ganhou dez troféus, uma taça para cada ano do período. O mais vitorioso, mas não necessariamente o que apresentou o futebol mais bonito ao longo de toda a década.

Todo o eficaz sistema de jogo corintiano é baseado em uma defesa sólida. Uma filosofia que passa fundamentalmente por três treinadores, Mano Menezes, Tite e Fábio Carille, e que foi implantada logo após o rebaixamento do clube para a Série B do Campeonato Brasileiro. A proposta teve seu apogeu de qualidade com Tite e seu máximo de futebol absolutamente reativo com Carille. O Corinthians é o resumo perfeito da dualidade que permeou a discussão da década em relação ao futebol no Brasil: jogo bonito/ofensivismo versus futebol de resultados/defensivismo. Isso até, principalmente, o ano passado, quando o paradigma de jogar feio mas vencer passou a ceder ao jogar bonito e vencer. No entanto, em campo, o embate eterno vai continuar. Existem várias maneiras de ganhar e cada equipe coloca em prática a possível. Dentro do lícito, todas as soluções são válidas. Alguns estilos mais chatos, outros mais empolgantes.

Quem fez

A década foi de LeBron James, Lewis Hamilton. Quem se canditatou ao título da NBA teve que passar por King James. Das dez finais, esteve em nove, seja com Miami Heat, Cleveland Cavaliers ou Los Angeles Lakers. E ganhou quatro. Mas na liga norte-americana o time da década foi o Golden State Warriors: cinco finais para três títulos. Na Fórmula 1, Hamilton, após um domínio inicial de Sebastian Vettel, se ergueu para impor uma supremacia e pulverizar todos os recordes. Lebron e Hamilton ainda se destacam na década por seu posicionamento engajado na luta contra o racismo, elevando suas vozes e capitaneando movimentos contra a discriminação, tornando-se, mais que simples campeões, verdadeiros líderes.

A década foi de Messi e Cristiano Ronaldo, que parecem infindáveis em um duplo reinado no futebol mundial. Foi da longevidade de Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic, que se mantêm competitivos e dominantes ano após ano. Na Europa, o Real Madrid. Na América do Sul, o River Plate. Na Liga dos Campeões, apenas cinco times levantaram a "Orelhuda", o Real Madrid, cinco vezes. Na Libertadores, sete campeões diferentes em nove disputas (a atual ainda está em andamento) e o único bicampeão é o River Plate.

Foi a década de Usain Bolt, Michael Phelps, Simone Biles, Serena Williams, Kohei Uchimura, Daniel Dias, Tom Brady… Foi a década da explosão do futebol feminino, com recorde de audiência em Mundial. Fruto da ação global lançada pela Fifa, em 2016, que almeja 60 milhões de mulheres praticando futebol até 2026. Por aqui, a obrigatoriedade de manter uma equipe feminina para poder disputar campeonatos masculinos imposta aos clubes pela Conmebol e CBF deu o "empurrãozinho" que faltava. Foi a década da Brazilian Storm, com Gabriel Medina, Mineirinho e Ítalo Ferreira posicionando o Brasil na crista da onda do surfe. Da força do judô feminino e da ginástica artística masculina brasileiros.

Em Bauru

No esporte bauruense, foi a década do Bauru Basket. Do time campeão do NBB, da Liga das Américas, da Liga Sul-Americana, bicampeão paulista, vice mundial. Marcou o ápice do projeto na cidade, com rotina de finais e títulos. Foi também a década do segundo título do Noroeste na Copa Paulista, mas da inédita queda para a Bezinha, uma década de luta pela sobrevivência alvirrubra. Foi a década do primeiro título da elite estadual para o Vôlei Bauru. E o período de afirmação da ABDA como potência do esporte de base no atletismo, natação e polo aquático.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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