Wagner Teodoro

Obsessão alcançada

31/01/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Quando todos se preparavam ou, ao menos, se convenciam de que haveria prorrogação, Rony teve espaço para olhar, pensar e fazer um cruzamento milimétrico para Breno Lopes ganhar no alto de Pará, cabecear de forma mortal, já nos acréscimos, e definir a final entre os arquirrivais Palmeiras e Santos, no Maracanã. Mais que isso, sacramentar o objetivo alcançado da obsessão alviverde: o título da Libertadores. O bicampeonato estava garantido. Após a geração de Marcos e companhia faturar o título em 1999, a América é verde novamente.

Rony, que chegou e demorou a engrenar, que passou meses sem balançar as redes, e Breno Lopes, que defendia um time de Série B até recentemente, entram para a história palmeirense. A estrela de Breno, que chegou há pouco tempo ao Palmeiras, brilhou demais. Acionado no segundo tempo, em uma final de pouco futebol, duelo tenso, decisão em jogo único, teve o mérito de se posicionar perfeitamente nas costas do lateral santista e ser letal na conclusão. Um herói improvável em meio a tantas feras do elenco. Rony sai com moral absurda. Oito assistências e cinco gols. Decisivo é pouco na caminhada rumo ao troféu.

O Santos está de parabéns. O trabalho de Cuca é disparado o melhor entre os técnicos nesta temporada. Com um elenco enxuto, limitações de contratação de reforços, salários atrasados, impeachment de presidente, comandou o Alvinegro em uma grande jornada e ficou com o vice. Este time do Santos, pelas circunstâncias, fez muito mais do que se poderia esperar.

Bi da organização

O bicampeonato do Palmeiras começou a surgir no momento em que o clube resolveu mudar a política de investimentos exorbitantes em reforços caros e badalados e olhou para si, para sua base. O que poderia parecer uma retração foi, na verdade, expansão dos limites da equipe. Com a diminuição da dependência do aporte financeiro de sua principal patrocinadora na obtenção de reforços - o clube continua usufruindo das benesses da parceira em uma segurança financeira, o que poucos no Brasil têm -, o Palmeiras mudou seu posicionamento no mercado e resolveu dar chance aos meninos que brilhavam em campeonatos pelo País. Foi em suas categorias de base que o time encontrou soluções sem gastar fortunas, como fez com Borja que não vingou, por exemplo.

Gabriel Menino, Patrick de Paula, Gabriel Veron, Danilo, Wesley, Lucas Esteves, entre outros, ganharam espaço. Em alguns momentos protagonismo nesta jornada rumo ao bicampeonato.

Claro, já havia uma base absurdamente forte, com elenco capaz de formar duas equipes "titulares". Reforços pontuais. (alguns mais caros, outros nem tanto, Breno entre eles) chegaram e não mais de "baciada". E o time que insistia em escorregar no mata-mata da Libertadores ano a ano depois de fazer grande campanha na primeira fase, desta vez, não derrapou. O Palmeiras seguiu invicto até a derrota, em casa, para o River Plate, depois de ter ganhado por 3 a 0 na Argentina. Alguma desconfiança após o revés, o Alviverde entrou imponente para a final e ratificou sua condição de melhor elenco e de organização e planejamento.

Círculo virtuoso

A conquista do Palmeiras é calcada, sim, no poderio financeiro que o clube hoje tem. A exemplo do Flamengo no ano passado, e não por acaso, os dois clubes com elencos mais extensos e caros do País ganharam a Libertadores. Porém, patrocinadores à parte, o Palmeiras se reorganizou a partir de 2014, desde a obtenção de sua arena até as diferentes políticas de montagem de elencos, passando por um derrame de dinheiro e chegando a uma reavaliação de sua postura no mercado. O clube apostou em fontes de renda diversificadas para se manter forte e entrou em um círculo virtuoso de conquistas e consequências positivas e consequências positivas gerando novas conquistas. Agora, a obsessão de todo este processo foi alcançada. Duas décadas depois, a equipe é novamente a maioral das Américas.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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