Wagner Teodoro

Todos contra o inglês

28/03/2021 | Tempo de leitura: 3 min

A Fórmula 1 dá largada, neste domingo (28), para a mais longa das temporadas de sua história. Serão 23 etapas, que devem ter narrativas já esperadas, mas reservam um certo suspense sobre o desfecho de outros enredos. Um roteiro já manjado deve ser a briga pelo título. O protagonista deste filme é mais uma vez Lewis Hamilton, que entra como favorito a alcançar a incrível marca de oito títulos mundiais. Algo impensável há algum tempo. Se atingir o feito, o britânico vai superar o recorde de sete títulos de Michael Schumacher (já igualado). Será uma espécie de todos contra o inglês. Mas todos, diga-se, quem tem a mínima condição de disputar posições com Hamilton.

Tudo leva a crer em uma supremacia da Mercedes mais uma vez. Sim, os primeiros testes e treinos não mostraram precisamente tal cenário. Mas é fundamental analisar que as inovações nos carros nesta temporada são tímidas, pois a F1 prepara um profundo pacote de mudanças para 2022. Sendo assim, quem tem juízo e não quer gastar dinheiro sem real perspectiva de sucesso, sabendo que no próximo ano os projetos serão extremamente modificados, já deve estar pensando no carro realmente novo que colocará no grid no ano que vem. Posto isso, penso que somente a Red Bull será real adversária da Mercedes. Algo não exatamente imprevisível. E, sendo assim, apenas Max Verstappen seria um verdadeiro rival na pista. É um palpite. Mas o que tenho convicção é de que, no final da longa temporada, Hamilton deve se isolar como maior campeão da categoria.

Olhos no carro 47

Falando em Schumacher, eis o sobrenome de novo da Fórmula 1. O filho do heptacampeão vai guiar uma Haas. Sim, a Haas será notada no grid. Talvez por esse único motivo. Sobrenome que abre portas, ou melhor, vagas em cockpits, mas Mick Schumacher chega credenciado por resultados nas pistas. Campeão da F3 e F2. É claro que é inexperiente, é claro que viverá uma situação nova, com um carro absolutamente diferente, mais potente, com pilotos vorazes dividindo a pista, largando no fundo do grid, lidando com a limitação gritante do equipamento que terá em mãos. Prevejo uma temporada de amadurecimento e crescimento. E, óbvio, todos os olhos estarão no carro 47. Os holofotes, expectativas, cobranças... estarão no Schumaquinho. Tenho a impressão de que ele não se limitará a concluir provas, que vai mostrar algum arrojo e fome. E tenho a impressão de que bastará algo assim, algumas ultrapassagens, provar-se veloz na categoria máxima, extrair o que o carro permite, para que seja "promovido" e entre de fato no grid em 2022. Se é que já não tem um acordo com outra escuderia para a próxima temporada.

E o carro 14?

Fernando Alonso está de volta. E em casa. O bicampeão vai pilotar ao longo da temporada uma Alpine, que nada mais é do que uma marca de esportivos que pertence a Renault, equipe pela qual o espanhol ganhou seus dois Mundiais na F1. Alonso deve estar ciente das limitações de seu carro. Alonso deve entender que vai brigar por pontos e, de vez em quando, com uma boa dose de sorte, pode pintar algum pódio. Talvez no singular mesmo. E, em caso de um GP muito turbulento, com o imponderável na pista, possa alcançar uma vitória. Mas bota imponderável na história. Mas eu tenho cá comigo que ele voltou não para este ano. Ele voltou porque, no pacote de mudanças para 2022, a equipe deve ter alguma carta forte na manga. Porque deram a ele um projeto que pode brigar por pódio e vitórias a partir das inovações que virão.

Ele saiu da F1, depois de uma passagem frustrante pela McLaren, afirmando claramente que não voltaria se não fosse para brigar por títulos. Não vejo Alonso regressando para fazer o papel de piloto desenvolvedor de carro para outro nome tomar o volante daqui a pouco e colher os frutos do "trabalho de formiguinha". Neste acerto com a Alpine pode ter um pouco de marketing e visibilidade que um nome como o de Alonso sempre traz. Mas, para ele, voltar simplesmente pela questão financeira ou sentimental? Não posso acreditar. Ou a Alpine vem forte para 2022 ou fica difícil entender este retorno.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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