Wagner Teodoro

Qualquer semelhança não é mera coincidência

04/04/2021 | Tempo de leitura: 4 min

A Confederação Brasileira de Futebol decretou que não adiará o início do Campeonato Brasileiro, marcado para o dia 30 de maio. Com isso, ocorre um efeito dominó que atinge as datas dos Estaduais. Ou eles terminam a tempo ou os clubes e as federações que se virem para concluí-los em meio à disputa do Nacional. Só para lembrar, é ano de Copa América, além de ter disputa de Libertadores, Copa Sul-Americana e de datas-Fifa. O Campeonato Paulista está parado por causa do temível avanço da pandemia de coronavírus no Estado (e no País). O governo de São Paulo mantém todo o território paulista em fase emergencial para evitar o colapso do sistema de saúde. Os planos iniciais da Federação Paulista de Futebol (FPF) de jogar em outros estados ou judicializar a questão não foram para frente e os clubes se veem em uma situação onde qualquer semelhança com 2020 não é mera coincidência.

Sem conseguir locais fora de São Paulo para dar prosseguimento à disputa do Paulistão, as rodadas adiadas vão se acumulando e o objetivo de terminar o Estadual antes do Brasileirão - a data seria 23 de maio - vai descortinando uma maratona de jogos no horizonte ainda nebuloso do retorno do futebol. Serão jornadas em datas praticamente sobrepostas, time jogando a cada dois dias, pouco tempo de treino ou recuperação e sempre tem a máxima de que descanso não se "armazena", ou seja, o tempo sem partidas entre março e abril, se o futebol voltar mesmo a partir do dia 11 deste mês, não vai se refletir em desempenho dos atletas em meio aos consecutivos confrontos que devem disputar para dar conta de cumprir a tabela planejada e terminar o Paulistão no prazo previsto.

Até por isso dirigentes dos clubes e cúpula da FPF tentam outras saídas e acenam com a possibilidade de retomar o Paulistão em um sistema de "bolha", mesmo que fora do Estado, testes em espaço mais curto de tempo e jogos dentro do período do toque de restrição para diminuir a possibilidade de aglomerações de torcedores nas imediações de estádios e bares. A "queda de braço" é entre os clubes e FPF com o Ministério Público, que sugeriu a paralisação das atividades esportivas ao governo estadual em meio à explosão de infectados e mortos por Covid-19. A preocupação é grande nos clubes pelo desgaste físico e técnico que se vislumbra e pela questão financeira. Afinal, todos já vêm de um ano onde os prejuízos foram a tônica.

Contra o tempo

A situação financeira vai ficando mais dramática a cada degrau para baixo nas divisões estaduais. Não por acaso, na mais recente reunião entre dirigentes, 15 dos 16 clubes que disputam a Série A3 se declararam favoráveis ao retorno da competição, reiterando a segurança dos protocolos colocados em prática. Certamente não quiseram também contrariar a posição da FPF. O Rio Preto foi o único que "votou" pela paralisação. É certo que existe uma "livre e espontânea pressão" para acompanhar o posicionamento da entidade que manda no futebol paulista, mas há ainda a questão financeira evidente.

A FPF já falou em "enorme sacrifício das equipes". Mas também já descartou ajudar a custear os testes… A pergunta de sempre: quanto tempo, se o futebol não voltar neste mês, um participante da Terceirona vai conseguir manter comissão técnica e elenco só treinando? Mais uma vez, qualquer semelhança não é coincidência. No ano passado, a solução em boa parte dos clubes foi liberar todo mundo, fechar as portas e aguardar para ver se o campeonato voltaria. E neste ano a situação da pandemia é mais grave.

Lá também

Calendário apertado e fora do padrão se tornou comum em todo o futebol mundial. Uma curiosidade ocorre na Espanha: o Athletic Bilbao jogou, neste sábado (2), a decisão da Copa do Rei contra a Real Sociedad no dérbi basco. Perdeu por 1 a 0 e viu a arquirrival ser campeã. Só que fará a final da Copa do Rei no dia 17 deste mês contra o Barcelona. Vai decidir o mesmo campeonato duas vezes no mesmo ano. Aliás, no mesmo mês. A pandemia adiou o duelo entre os times bascos valendo o título de 2020 para este ano. E o Bilbao tratou de chegar novamente à final na temporada 2021. Vai nova chance contra equipe catalã.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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