Kleber Santos

Panela da China


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“Eles vêm aqui comer o nosso arroz e depois querem quebrar a nossa panela? De jeito nenhum.” Em resumo, essa foi a frase usada pelo governo da China para reagir e mostrar sua indignação contra as marcas Nike e Adidas, que expressaram publicamente preocupação com o suposto desrespeito aos direitos humanos no cultivo de algodão, na província chinesa de Xinjiang, de onde sai boa parte da matéria-prima utilizada pelas confecções.

O governo considerou esse alerta uma intromissão, negou a acusação e convocou os chineses a boicotar os produtos das duas empresas. Simultaneamente, a China Central Television postou em suas redes sociais: “Para empresas que comprometem os resultados financeiros do nosso país, a resposta é muito clara: não compre!”.

UMA CAI E A OUTRA SOBE

As consequências para o caixa das gigantes de produtos esportivos foram imediatas. Na maior plataforma de e-commerce da China, a Alibaba's Tmall, as vendas da Adidas caíram 78% e as da Nike, 59%. Isso significa redução de quase um quinto das vendas da Nike em seu ano fiscal de 2020 e quase um quarto das vendas líquidas da Adidas.

Em contraste, as sportswear chinesas, incluindo Anta Sports Products Ltda. e Li Ning Co. Ltda., tiveram um salto de venda que em alguns casos chegou a mais de 800%. Os consumidores trocaram a norte-americana Nike e a alemã Adidas pelos fabricantes chineses que utilizam e apoiam a compra e o uso de materiais provenientes da província de Xinjiang.

DILEMA DAS MARCAS

A reação chinesa evidencia a tensão que as marcas estrangeiras enfrentam no país asiático. Quem quiser usufruir o megamercado chinês composto de mais de 1,3 bilhão de consumidores tem de adaptar posicionamento e mensagem. É um dilema porque, nos países de origem das marcas, os clientes exigem cada vez mais atitude e responsabilidade em questões de direitos humanos, responsabilidade social e ambiental.

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