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Lojas e serviços entram cada vez mais nos condomínios de Bauru

Tisa Moraes
| Tempo de leitura: 4 min

A pandemia ampliou o trabalho em home office e o hábito das pessoas em permanecer mais tempo dentro de casa, mudança que tem impulsionado um novo mercado: o de vendas de produtos em lojas ou serviços instalados dentro de condomínios fechados. Um dos modelos mais difundidos é o de minimercados, ou mini conveniências, mas alguns residenciais já contam até mesmo com restaurantes e feirinhas próprias.

Apesar de a grande maioria destes serviços estar instalada em condomínios de alto padrão, a tendência, segundo especialistas na área, é de que comecem a se popularizar em pouco tempo, abrangendo também grandes residenciais de padrão econômico. O grande sucesso deste formato é a relação "ganha-ganha", com vantagens tanto para moradores, pela comodidade, quanto para os comerciantes, pela oportunidade de explorar um novo nicho.

A startup bauruense Buyself, por exemplo, inaugurou sua primeira mini conveniência em fevereiro de 2021, no residencial Lumina, localizado no bairro Higienópolis. Poucos meses depois, expandiu o negócio para outros dois condomínios e já fechou mais três parcerias com empreendimentos que ainda serão lançados, com a operação sendo acertada ainda na planta.

AUTOATENDIMENTO

CEO da startup, Giovane Araújo explica que o minimercado funciona 24 horas por dia, por sistema de autoatendimento, sem funcionários. Por este motivo, os custos para manutenção são baixos. No Lumina, a empresa ficou responsável por fazer a adaptação de uma sala que estava desocupada e, com o início da operação, arca somente com a energia elétrica, além de, evidentemente, fazer a reposição dos estoques.

"Em alguns empreendimentos, repassamos 3% do faturamento ou o valor da energia, o que for maior", diz. Sub-síndico que negociou a instalação do serviço, Valdeci Ferreira Nunes acrescenta que o objetivo do residencial não é auferir lucro, mas sim garantir comodidade aos moradores e, por consequência, aumentar a valorização dos apartamentos.

"O condomínio não tem gasto nenhum e tem esta facilidade de ter produtos à mão, com preços justos, próximos aos praticados pelos supermercados. A aceitação foi muito boa, tanto que o setor empresarial do Lumina, que fica do outro lado, já está em negociações para também ter este serviço a trabalhadores e clientes", revela.

'VEIO PARA FICAR'

As compras são feitas de forma simples. Pelo celular, o morador faz a leitura de um QR code que destrava a porta do minimercado. Depois, ele escolhe os produtos e faz o pagamento na máquina de cartão. Todo o ambiente é monitorado por câmeras. "É estabelecida uma relação de confiança com o morador e esse sistema tem funcionado muito bem. Acredito que seja o começo de uma revolução, que veio para ficar", acrescenta Araújo, salientando que, em Bauru, já existem pelo menos cinco empresas atuando neste ramo.

O residencial Lago Sul, que já conta com restaurante, também está com negociações adiantadas para instalar um minimercado com autoatendimento no local, por meio de contrato de concessão com uma franquia do ramo. De acordo com o gerente do condomínio, Helio da Silva Carneiro, ainda neste ano, também será inaugurado um lounge café em frente ao lago.

"Nos dois casos, fazemos todo o investimento e, depois, recebemos um percentual do faturamento da empresa que irá administrar, em um contrato por tempo determinado, que pode ser renovado. É um tipo de serviço ainda novo em Bauru, mas que está sendo impulsionado pela pandemia, tanto pela comodidade quanto pela segurança de não haver aglomerações", detalha.

O morador é quem manda

Além de estabelecer uma relação vantajosa para todos os interessados, a instalação de lojas dentro dos condomínios também deve obedecer uma importante diretriz: para obterem sucesso, os negócios precisam estar atentos às demandas apresentadas pelos moradores.

Um exemplo é o restaurante Marmeli, que funciona no Residencial Lago Sul há dois anos. O estabelecimento começou a atender de forma modesta, em um espaço pequeno, mas acabou sendo ampliado no ano passado, devido ao aumento de clientes, que passaram a permanecer mais tempo em casa durante a pandemia.

"O segredo para nos consolidarmos foi ouvir os moradores, oferecendo a eles comida de qualidade, com diversidade de opções. Estamos sempre incluindo sugestões no cardápio", revela o proprietário, Marcio Yuji Sasaki.

Com mais moradores dentro do condomínio durante o dia, Sasaki também passou a entregar comida por delivery no horário do almoço. Ele oferece, ainda, porções para um happy hour e pratos a la carte para o jantar.

Moradora do condomínio há 14 anos, a empresária Heli Cioccia Reis viu de perto a evolução do restaurante e aguarda, para breve, a abertura do minimercado e do lounge café, como novas facilidades bem-vindas para quem mora longe dos centros comerciais da cidade. "No caso do restaurante, é uma praticidade para a refeição depois do trabalho e para os fins de semana. E os próximos serviços que serão abertos não serão concorrentes dele. Acredito que todo mundo só tem a ganhar", finaliza.

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