Wagner Teodoro

Chama à sombra do vírus

18/07/2021 | Tempo de leitura: 3 min

Quando a pira olímpica for acesa na abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, na próxima sexta-feira (23), terá início oficialmente (algumas modalidades têm competições antes) uma das mais encantadoras e comoventes celebrações que o ser humano efetua. As Olimpíadas, apesar do indiscutível apelo comercial e motivações financeiras cada vez mais decisivos, ainda guardam em si a essência do ideal com o qual foram criadas de que o mais importante é competir. Desta vez, porém, a chama olímpica vai brilhar à sombra do vírus. Os Jogos ocorrem em um país no qual boa parcela da população é contra sua realização por causa da pandemia de coronavírus. São os Jogos mais "sem clima" desde Moscou-1980 e Los Angeles-1984, que contaram com boicotes de blocos políticos.

E os compromissos econômicos com patrocinadores e com detentores dos direitos de transmissão foram determinantes para a que as Olimpíadas fossem mantidas - foram adiadas em um ano já acarretando enorme prejuízo -, apesar da situação delicada no Japão, que vive aumento de casos de Covid-19 e sobrecarga no sistema de saúde. Ao mesmo tempo, olhando pela prisma do idealismo, as Olimpíadas podem se tornar, mais uma vez, um símbolo de superação e perseverança da humanidade em um momento tão difícil. Que a elite do esporte mundial possa nos inspirar mais uma vez e mostrar que o ser humano sempre pode superar seus limites atingindo sempre "o mais rápido, o mais alto, o mais forte".

Aqui tem pódio

Em Tóquio, o Brasil busca a meta de estabelecer recorde de 20 pódios, superando os 19 conquistados em casa, na Rio-2016. E um dos trunfos do COB são modalidades debutantes. É no skate e surfe que devem estar fontes de medalhas. Gabriel Medina, Ítalo Ferreira e Tatiana Weston-Webb estão entre os favoritos nas ondas japonesas. No masculino é muito difícil o Brasil não ganhar medalha e pode ser de ouro. No skate feminino, é muito improvável não estarmos no pódio. Pâmela Rosa, Rayssa Leal, de 13 anos, e Letícia Buffoni chegam entre as favoritas. Quem sabe mais de uma medalha? No masculino, Pedro Barros, Luiz Francisco e Kelvin Hoefler estão forte na briga.

O vôlei segue como potência. Somando praia e quadra, é a modalidade que mais deu premiações ao Brasil na história dos Jogos. Em Tóquio, novamente chega muito cotado. A dupla Ágatha/Duda e a seleção masculina de quadra têm grandes chances de ouro. O masculino de praia e o feminino de quadra também brigam por medalha. De repente, uma dourada. Beatriz Ferreira, do boxe, Arthur Zanetti e Arthur Nory, da ginástica, Martine Grael e Kahena Kunze, da vela, equipe de salto do hipismo, futebol masculino e Isaquias Queiroz, da canoagem, chegam ao Japão com totais condições de conseguirem pódio.

Enfraquecido

Por outro lado, em modalidades que tradicionalmente trazem pódio ao País, o Brasil chega enfraquecido. É o caso do atletismo, onde a aposta mais viável é Alison dos Santos, nos 400m com barreiras. O revezamento 4x100m masculino pode ter chance se fizer apresentações perfeitas. E grande torcida por Daniel Nascimento, da ABDA, correr uma grande maratona. A natação também tem apenas em Bruno Fratus o atleta com mais possibilidade de conquistar uma medalha. Na maratona aquática, Ana Marcela Cunha é candidata. Pouco para modalidades que distribuem uma quantidade enorme de medalhas.

Mesmo o judô, fonte segura de pódios em Jogos recentes, chega mais enfraquecido a Tóquio por desempenho irregular em competições recentes. Mas sigo acreditando nos nossos judocas. As principais esperanças são os veteranos Mayra Aguiar, que vem de lesão recente, e Rafael Baby. Torcida especial vai para Rafael Buzacarini, atleta de Barra Bonita.

As Olimpíadas de Tóquio devem marcar ainda a despedida de dois ídolos brasileiros olímpicos: Robert Scheidt e Rodrigo Pessoa. O velejador chega pela primeira vez aos Jogos sem figurar entre os favoritos. Mas tem muito talento e experiência para "surpreender" e ganhar sua oitava medalha olímpica (tem dois ouros, duas pratas e um bronze). O cavaleiro não está cotado para pódio no individual dos saltos, mas deve contribuir bastante na pontuação brasileira na disputa por equipes. É desfrutar de poder acompanhar estas lendas e aproveitar a experiência de poder assistir a mais uma edição das Olimpíadas. Que venha com poesia, drama e glória.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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