Wagner Teodoro

Convocações desnecessárias

26/09/2021 | Tempo de leitura: 3 min

A temporada começou com maratona de jogos e com o Campeonato Paulista tendo partidas a cada 48 horas para caber no calendário estabelecido. Os clubes de São Paulo tiveram um desgastante início e cada um à sua maneira lidou com a situação. Alguns pouparam, alternaram o time, e outros apostaram na manutenção de uma equipe titular. Ambas as estratégias têm seu custo. Entre os finalistas, o Palmeiras passou susto na primeira fase com escalações completamente alternativas e o São Paulo, titular, foi mais consistente. O Tricolor, aliás, aceitou pagar o preço por priorizar o Paulistão e ser campeão.

Eu penso que o Estadual era o campeonato viável para o clube e a diretoria entendeu isso. O São Paulo ganhou o título, findou o jejum e vem arcando com o peso da escolha ao longo da temporada. Com o elenco sem férias e pouca alternância no início do ano, sem descanso e uma pré-temporada adequada, a quantidade de lesões compromete - uma modernização do Reffis também ajudaria neste problema. Mas o clube foi campeão em 2021. O Palmeiras tem ainda condições de levantar uma taça na temporada, mas Santos e Corinthians...

Enfim, uma temporada que começou com uma avalanche de partidas em sequência frenética caminha para terminar da mesma maneira. As convocações da Seleção Brasileira para a disputa das Eliminatórias desfalcando times do futebol nacional forçam o adiamento de vários confrontos do Campeonato Brasileiro. Duelos que, obviamente, terão que ser disputados em algum momento.

O Flamengo, por exemplo, pode ficar "devendo" até sete jogos. O Atlético-MG também pode ter vários confrontos postergados e acumulados para os meses finais do ano. Palmeiras e Inter estão em situação menos complicada, mas também vão ter compromissos atrasados. E tudo poderia ser evitado com bom senso. Qual a necessidade de se convocar jogadores de times brasileiros para as Eliminatórias? Até porque a regra é o "atleta nacional" desfalcar seu clube para ficar na reserva da Seleção Brasileira em jogos contra Venezuela, Bolívia…

Não é possível que não haja jogadores que atuam no Exterior que possam suprir as ausências de quem joga no Brasil. E ainda mais com a Seleção virtualmente classificada para o Mundial. É claro que o atleta, via de regra, quer sempre estar na Seleção. Mas em uma temporada tão atípica e desgastante, com vários clubes entrando em momentos decisivos, ter partidas do Campeonato Nacional encavaladas e precisar jogar a cada dois dias é absurdo.

O calendário já foi esticado pela CBF e vai entrar em dezembro com as finais da Copa do Brasil. E a entidade estuda prolongar o Brasileirão pelo último mês do ano adentro, já que o Mundial de Clubes deve ficar para fevereiro com a desistência do Japão em ser sede. Tal medida começa a comprometer a próxima temporada, já que os jogadores precisam ter férias (emendaram de 2020 para 2021) e, em 2022, os campeonatos têm que terminar até novembro, já que no final do ano tem Copa do Mundo. E o planejamento dos clubes também seria completamente afetado.

Vem aí o G9

Com o Flamengo virtualmente classificado à final da Libertadores, a decisão do título do principal torneio continental deve ser brasileira novamente, uma vez que o outro finalista será definido na disputa entre Palmeiras e Atlético-MG. Na Copa Sul-Americana, Red Bull Bragantino e Athletico deram passos significativos para protagonizarem uma decisão verde-amarela também. Caso tenhamos dois campeões do Brasil em ambos os torneios, o G6 do Brasileirão já terá se tornado G8.

Na Copa do Brasil, entre os quatro semifinalistas, somente o Athletico não figura, neste momento, na faixa de vaga à Libertadores no Campeonato Brasileiro - começou a 22ª rodada na décima posição, a três pontos do sexto colocado e com um jogo a menos disputado. Sendo assim, é bastante grande a chance de termos um campeão do torneio nacional de mata-mata que vai abrir mais uma vaga na Libertadores. Eis o G9.

E um (por enquanto) hipotético G9 proporcionaria novas perspectivas para o Brasileirão. Clubes que vêm brigando contra o rebaixamento passariam a ter reais chances de lutar por uma vaga na Libertadores. Dupla motivação. Aí vai ser no futebol, tem ou não tem.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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