Wagner Teodoro

Princípio de hegemonia?

03/10/2021 | Tempo de leitura: 3 min

O que se desenhava com os títulos de Flamengo e Palmeiras nas duas mais recentes edições de Libertadores, chegou ao seu ápice em 2021. Pela primeira vez na história, clubes brasileiros são totalmente hegemônicos na América do Sul e fazem as finais dos torneios continentais. Justamente um duelo entre Palmeiras e Flamengo, na Libertadores, e o confronto Red Bull Bragantino x Athletico, na Copa Sul-Americana, evidenciam um princípio de abismo que ensaia se abrir em relação aos vizinhos.

Ancorados em um maior poder financeiro, os clubes brasileiros são, hoje, o principal mercado local para jogadores sul-americanos. E a tendência não é vista só com Palmeiras, Atlético-MG e Flamengo, os mais endinheirados do Brasil. A quantidade de estrangeiros que se destacam e são "capturados" pelas equipes do País é imensa. O que fortalece os times nacionais e enfraquece os adversários do continente. A combinação de poderio é perfeita: vantagem econômica e estrutura que os grandes clubes brasileiros têm.

Outro "casamento" ideal é justamente com a Conmebol. Já há descontamento de representantes de outros países com o processo de supremacia verde-amarela no continente. E os fatores financeiros também falam alto neste ponto. O Brasil é o principal mercado para a Conmebol. Assim, quanto mais times brasileiros em campo em suas competições, melhor para a entidade no sentido de ampliar receitas. Portanto, apesar da "chiadeira" dos vizinhos, é bem improvável a diminuição da quantidade de vagas aos clubes brazucas.

Em 2022, o Brasil pode chegar a nove equipes na Libertadores. E vai forte certamente em busca de emplacar o quarto título consecutivo e cortar ainda mais a distância no quadro geral para a Argentina - hoje, está atrás em quatro taças: 25 a 21. Após a final de novembro, serão três.

Até na Copa Sul-Americana, torneio que tem um histórico domínio da Argentina - das 19 decisões de título, somente cinco não tiveram presença de clubes argentinos e os hermanos já levantaram a taça nove vezes, com sete equipes diferentes e têm os dois únicos bicampeões, o Boca Juniors e o Independiente - , o Brasil fez "barba e bigode" com a final entre Red Bull Bragantino, que busca título inédito, e Athletico, que luta pelo bi (foi campeão em 2018).

Reação no campo

Acho lamentável movimentações de bastidores, alterando regras ou regulamentos face ao domínio de alguma equipe ou atleta em qualquer modalidade. Como modificações de regulamento na Fórmula 1, que só servem para mudar a escuderia dominante e jamais deixaram a cateogia realmente mais equilibrada. Na NBA, o Boston Celtics ganhou 11 títulos - oito deles consecutivos - em 13 temporadas. Na primeira década de disputa da Liga dos Campeões, o Real Madrid faturou seis títulos. Argentinos e uruguaios já dominaram a Libertadores em várias ocasiões. Períodos hegemônicos vêm e vão. A reação dos openentes tem que ser dentro das competições. Ascensão e queda fazem parte do esporte. Aliás, são sua essência.

Todo mundo na disputa

As finais brasileiras nos torneios continentais deram nova competitividade ao Brasileirão. Caso os campeões da Libertadores e Sul-Americana figurem nas primeiras colocações do Campeonato Nacional e também o vencedor da Copa do Brasil, o País terá maior número de participantes na Libertadores de 2022: nove e não sete.

Um G9 para a Libertadores e as seis vagas para a Copa Sul-Americana garantem que praticamente todos os clubes do Brasileirão vão estar brigando por algo até o final. Seja por título, para se classificar ou para fugir do rebaixamento. Talvez com uma ou outra exceção de times que já estão aparentemente com o destino traçado para a Série B e de quem já estiver garantido em competições internacionais e não tiver mais chance de caneco.

Mas o fato e que serão 15 vagas nos campeonatos internacionais em disputa e quatro para rebaixamento. Sendo assim, 19 equipes serão afetadas pela classificação final e somente uma, a 16ª colocada, vai encerrar a participação sem "prêmio ou punição".

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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