Wagner Teodoro

Pouco serve de parâmetro

10/10/2021 | Tempo de leitura: 4 min

O Brasil está virtualmente classificado para a Copa do Mundo de 2022, no Catar. É mera questão de tempo para ratificar a vaga e seguir como única seleção no planeta a disputar todas as edições do Mundial. O time comandado por Tite sobra nas Eliminatórias: está invicto e com 100% de aproveitamento. Números de encher os olhos e abrir grande expectativa para a disputa do ano que vem? Não. O Brasil vem apresentando pouca evolução no atual trabalho do treinador, ganha jogos com um futebol não raras vezes pouco criativo, não encanta e passa a impressão de que é superior porque os adversários são frágeis. A Europa criou um modelo de competições de seleções que praticamente secou a fonte de amistosos de times de outros continentes contra equipes do Velho Mundo. Além da Eurocopa, os europeus jogam a Liga das Nações, que tem final que promete neste domingo (10) entre Espanha e França.

É justamente o fato do Brasil não medir forças com equipes mais capacitadas que leva a temer a síndrome das quartas de final na Copa do Catar. Hoje, nas Américas, somente a Argentina é um adversário poderoso para o Brasil. Mesmo o Uruguai já não oferece o mesmo perigo. Enquanto isso, na Europa, o nível é altíssimo, tanto na Eurocopa e Liga das Nações quanto nas Eliminatórias. Além das atuais potências França, Itália, Inglaterra e Bélgica, seleções como Espanha, Holanda, Portugal, Alemanha, Croácia e Suíça vêm em um ciclo muito positivo. Espanha e Itália se renovaram de maneira impressionante e devem chegar ao Catar fortíssimas na briga pelo título. Com a França ocorreu o contrário. A geração campeã mundial na Rússia amadureceu e pode jogar com vários atletas em seu apogeu no Oriente Médio.

As principais seleções da Europa apresentam um futebol vistoso e competitivo. São equipes com jogadores decisivos e com jogo coletivo bem desenhado, de alto nível. Na América do Sul, o desafio para a Copa será transformar os talentos em algo que faça frente aos esquadrões europeus. O futebol de seleções é a "última linha de defesa" dos sul-americanos em uma modalidade cada vez mais globalizada e que tem ares de "metrópole e colônia", com nosso continente fornecendo commodities para os supertimes do Velho Mundo.

Jogo das seleções nacionais é quando os astros vestem a camisa do "seu time" e não daquele que você assiste na Liga dos Campeões. Pode parecer simples, basta trazer os craques acostumados a jogar na Europa que o nível será automaticamente alto. Mas para a evolução coletiva, fazer amistosos contra equipes qualificadas, que realmente testem as seleções sul-americanas e sirvam como análise para os treinadores, é fundamental.

A América do Sul não ganha uma Copa do Mundo há 19 anos (serão 20 no Catar). Historicamente, a disputa era equilibrada. A última conquista foi em 2002, com o Brasil. De lá para cá, Itália (2006), Espanha (2010), Alemanha (2014) e França (2018) foram campeãs mundiais. Sintomático.

Big Seven

E, nesta semana, foi anunciada a compra do Newcastle, tradicional clube inglês, por um consórcio de investimento capitaneado pelo fundo soberano da Arábia Saudita. Um negócio de cifras astronômicas, algo torno de 2,2 bilhões de reais. Da noite para o dia, o time do norte da Inglaterra passou ser o mais abastado do mundo do futebol. Sem ficar desfilando uma série de números aqui, o fundo proprietário do time alvinegro é avaliado em 2,3 trilhões de reais. Assim, supera em muito outros novos ricos, como o Manchester City e o Paris Saint-Germain, que lideravam a lista das fortunas.

Eu confesso que não prestava muita atenção ao Newcastle desde que o atacante Alan Shearer deixou de fazer seus gols por lá - com 206, é o maior artilheiro da história do clube - e isso já faz bastante tempo. Mas a aquisição pelo consórcio muda completamente o status do Newcastle e tem grande possibilidade de inseri-lo no seleto grupo de gigantes europeus. Além disso, deve transformar o Big Six, grupo de clubes mais poderosos ingleses (Liverpool, Chelsea, Manchester City, Arsenal, Tottenham e Manchester United) em Big Seven.

O Newcastle não conquista um título oficial há 52 anos. O último foi a Recopa de 1969. E foi campeão inglês em 1927. A notícia da venda deixou a torcida eufórica, mas também dividiu opiniões, gerando críticas por causa do regime autoritário da Arábia Saudita e de costumeiras denúncias sobre desrespeito aos direitos humanos lá.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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