Wagner Teodoro

Bonança x turbulência

31/10/2021 | Tempo de leitura: 3 min

A menos de um mês para a decisão do título da Libertadores, marcada para o dia 27 de novembro, no Estádio Centenário, em Montevidéu, os finalistas Palmeiras e Flamengo vivem ambientes distintos. Ambos mantêm pequenas chances de ameaçar de fato o líder Atlético-MG no Brasileirão. E, com o caneco nacional aparentemente rumando para Belo Horizonte depois de 50 anos de jejum - o Galo dificilmente deve oscilar a ponto de perder a "gordura" acumulada ao longo da competição -, as atenções de palmeirenses e flamenguistas se voltam completamente para o torneio continental. O time rubro-negro tem jogos menos disputados do que a equipe mineira, mas vencendo todos e ainda o confronto direito (escrevo este texto antes de saber o resultado de Flamengo x Atlético-MG, neste sábado, 30, no Maracanã) ainda ficaria atrás na classificação. É muita distância e pouco tempo para percorrê-la.

Além disso, o Flamengo tem um problema: o Flamengo. O clube vive uma turbulência que há tempos não experimentava. O relacionamento da torcida com o técnico Renato Gaúcho entrou em crise, o time lida com importantes desfalques, o futebol e, consequentemente, os resultados pioraram... Péssimo momento para atravessar uma instabilidade, já que a equipe estpa em uma contagem regressiva para o principal momento de toda a temporada. Há quem defenda a saída de Renato Gaúcho já antes da final da Libertadores. Eu penso que seria absurdo. Mesmo ele mostrando que com R$ 200 milhões não é fácil ganhar tudo.

'Malas na porta'

O certo é que as notícias que vêm do Rio dão conta de que o clube busca treinadores estrangeiros. Alguns candidatos surgem, mas a grande sombra é mesmo Jorge Jesus. Após ter seu nome cantado pela torcida na acachapante derrota para o Athletico por 3 a 0, que decretou o adeus na Copa do Brasil, o português, atualmente no Benfica, deu entrevista falando que se sentiu lisonjeado com o carinho dos torcedores e que suas malas estão sempre prontas na porta para partir. O Mister coloca pimenta no caldo já em ebulição na Gávea.

Agora, bonança

O Palmeiras vive dias mais calmos. Agora. Porque há três semanas era contestado e estava sob desconfiança da própria torcida, com o técnico Abel Ferreira criticado. Treinador, aliás, que completa um ano à frente do clube e já experimentou de tudo um pouco neste período. O que mudou da tempestade para a bonança? Basicamente, o time ganhou. Na desconcertante cobrança pela vitória sempre, mesmo uma equipe que vem de três títulos na temporada passada e que fez outras três finais neste ano não pode oscilar. É certo que o descontentamento tem lá seu fundamento, porque o Palmeiras via de regra joga menos do que pode e, muitas vezes, se limita a ser uma equipe reativa a despeito do potencial do elenco que possui.

Mas o Palmeiras vai rearrumando a casa, usando o Brasileirão para se ajustar, em um espécie de intertemporada para um jogo só. Repito: o mais importante de todo o ano. Abel vai recuperando alguns jogadores, como Felipe Melo, por exemplo, que volta a ser titular, e encontrando uma formação competitiva. Na minha opinião, ainda falta arranjar um lugar para Gustavo Scarpa entre os titulares. Um cara líder em assistências, que tem bola parada letal, que finaliza bem de fora da área, é para jogar mais tempo, ser uma das referências da equipe. Ele vem entrando no decorrer das partidas e, ainda assim, sendo decisivo. Coloca Dudu fazendo dupla com o homem de referência no ataque, sacando Rony e abrindo espaço para Scarpa jogar desde o início.

Quem chega melhor?

São 27 dias separando um dos finalistas de entrar no seleto rol dos tricampeões da América, que tem os brasileiros São Paulo, Santos e Grêmio. Vamos ver quem vai chegar mais inteiro, preparado, pronto. O Flamengo de Renato não é nem de longe o Flamengo de Jesus. Mas, ainda assim, completo, com Arrascaeta, Everton Ribeiro, Gabriel, Bruno Henrique e companhia, é muito forte e perigoso. O Palmeiras de Abel continua sendo o Palmeiras de Abel. Um time cascudo, acostumado a decisões, com jogadores que desequilibram e já despachou o Atlético-MG, que era apontado como favorito nas semifinais. Tomara que o jogo seja bom. Tomara que o futebol ganhe.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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