Wagner Teodoro

Um 'deus-clube' ascendente

28/11/2021 | Tempo de leitura: 3 min

No palácio do "Olimpo da Libertadores" existe uma torre onde ficam situados os aposentos dos "deuses-clubes". Nessa construção majestosa as divindades futebolísticas sul-americanas convivem, nem sempre de maneira harmoniosa, se enfrentam, medindo seus poderes, mas por força de lei suprema que as rege têm seus aposentos na Torre dos Campeões. Ali, os deuses descansam e se acomodam. E cada nível, cada andar que o clube tem direito a subir, está atrelado ao número de títulos que conquistou na competição.

Assim, no topo, solitário, refestela-se o Independiente, dono de sete canecos e maior campeão. A torre ergue-se, tendo em seu primeiro andar as equipes com um título. E assim por diante, até o alto com seu único ocupante. É certo que o poder dos clubes-deuses não é medido apenas pelos títulos, mas aqueles que nunca tocaram o troféu da Libertadores não têm direito de se abrigar na torre.

E, claro, todos buscam os andares superiores e existe a mobilidade ascendente neste panteão. Pois foi justamente o que o Palmeiras conseguiu neste sábado (27). E pelo único meio possível: com título. O clube entra no seleto rol dos tricampeões, deixa o segundo andar e passa a ocupar o terceiro nível da magnífica construção.

Ele chega ao imponente - e para poucos - nível, onde, a partir de agora, faz companhia aos moradores já anteriores São Paulo, Santos, Grêmio, Olimpia e Nacional, ocupante mais antigo do pedaço. Não é pouco, já que acima se acomodam apenas cinco deuses-clubes. Estudiantes e River Plate no quarto andar. Peñarol, no quinto. Boca Juniors, no sexto. Além do Independiente em sua cobertura exclusiva com vista sobre as nuvens.

Ganhar uma Libertadores, é preciso salientar, é difícil. Chegar ao um tri, como podemos ver pela quantidade e qualidade dos ocupantes do terceiro andar, é para privilegiados e confere um status diferenciado no continente, um certificado de grande campeão, de dominante e protagonista da tradicional competição. O "Olimpo da Libertadores" saúda seu deus alviverde em ascensão. Saltou do primeiro ao terceiro andar em dois anos. 

Coletivo prevalece

É certo que o Palmeiras possui seus destaques individuais, jogadores que têm qualidade incontestável e que desequilibram jogos, decidem finais. Mas o fator predominante nesta equipe é o coletivo. O Palmeiras não é refém de que suas peças brilhem individualmente para vencer. A equipe prevalece.

Se conta com Dudu, Weverton, Raphael Veiga..., o time dispõe de coadjuvantes, cada um exercendo bem seu papel, para ser extremamente competitivo. Além disso, é um time cascudo, acostumado com jogos decisivos e obediente taticamente. Fez sua quarta final na temporada. Foi criticado por perder as três anteriores, mas ganhou a mais importante.

E o jogo? Dramático!

O Palmeiras iniciou melhor taticamente do que o Flamengo. Também entrou mais ligado, mais aceso. E foi assim que abriu o placar logo aos cinco minutos em bola esticada nas costas da marcação rubro-negra, que Mayke (substituindo o titular Marcos Rocha) cruzou na medida para o Raphael Veiga mandar para a rede. Seguiu dominando por 10, 15 minutos. No restante do primeiro tempo, o Palmeiras se postou muito bem defensivamente. O Flamengo teve a bola, mas foi pouco intenso, não conseguiu criar. Alguns jogadores flamenguistas visivelmente abaixo da condição física e do ritmo de jogo ideais.

Na segunda etapa, o time carioca melhorou e passou a incomodar e o Palmeiras recuou demais. O time se conformou praticamente só em se defender à espera de um contra-ataque. Que não veio. A consequência foi o gol de Gabriel, no setor de Mayke, empatando e colocando fogo no jogo e criando tensão, com reclamações e jogadas mais ríspidas. No restante do tempo regulamentar, o Flamengo seguiu propondo jogo e o Palmeiras, fechado. Ninguém marcou e a prorrogação foi inevitável. Drama!

E, para decidir, surge o "imponderável futebol clube". Falha bizarra de saída de bola do Flamengo, vacilo absurdo de Andreas Pereira, um dos bons reforços rubro-negros para a temporada, e Deyverson, o criticado, o subestimado, surge como herói improvável, em roubada e finalização para decretar a conquista do Palmeiras. Era hora de se mudar do segundo para o terceiro andar da Torre dos Campeões.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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