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Pole dance: muito mais que sensualidade

Gilberto Amendola
| Tempo de leitura: 3 min

Não tem sido fácil segurar a barra durante a pandemia. Mas os benefícios para quem decide segurá-la, literalmente, são inegáveis. Entre eles, uma maior consciência corporal, o fortalecimento dos músculos, a melhora da autoestima e aceitação. O pole dance tem mudado a vida de muita gente. O primeiro ponto é que a modalidade já não é vista com tanto preconceito. Durante muitos anos, ao pensar em pole dance, as pessoas eram transportadas para um clube de strip-tease - como se a prática fosse apenas um artifício sensual para arrancar dinheiro de clientes animados. Óbvio, não é isso. O pole dance pode ser absolutamente sensual, mas também é dança, exercício físico recomendado para todas as idades, atividade com efeitos terapêuticos e esporte com pretensões olímpicas.

A professora de pole dance Juliana Muniz, 37 anos, é exemplo de como a barra pode ser uma agente de mudança na vida das pessoas. Com um histórico de abandono, vida nas ruas e vício em drogas, ela viu uma luz no fim do túnel quando conheceu o pole dance. A barra trouxe para Juliana uma profissão e a porta de saída para os seus problemas. "Hoje, sou dona de um estúdio, dou aula para homens e mulheres. E participei de campeonatos dentro e fora do País", contou. Durante a pandemia, Juliana seguiu com aulas online para manter o próprio estúdio em funcionamento. Agora, com o início da retomada, o número de alunas triplicou. "O pole dance virou uma opção segura. A prática exige distanciamento de uma barra para outra, de um metro e meio a dois metros. Elas são limpas o tempo todo para que as pessoas não escorreguem. Além do uso da máscara e do álcool em gel", enumerou.

Juliana explica que pole dance não é terapia, mas "ajuda no psicológico". "Quando consegue realizar uma manobra, você entende que é capaz de fazer qualquer coisa na vida", afirmou.

A empregada doméstica Valdecira Bezerra Santana, 60 anos, foi uma das pessoas que tiveram a vida tocada pelo pole dance. "No começo, fiquei meio sem jeito. Ficava tímida e tinha vergonha do meu corpo. Aos poucos, fui relaxando. Fiz amizades, as pessoas me tratam bem", contou. "Além disso, tenho o apoio dos meus filhos e da família." Além de um exercício para todas as idades, o pole dance não faz discriminação de gênero. O professor de inglês Pedro Henrique Rodrigues de Albuquerque, 21 anos, diz que "a sociedade ainda olha de modo diferente para homens que praticam pole". "Minha mãe mesmo estranhou no começo. Mas, aos poucos, foi entendendo. Tem me ajudado durante a pandemia, me fez conhecer melhor meu corpo e trabalhar os músculos", revelou.

PRECONCEITO

Thaís Forte, 35 anos, professora de pole dance, explica que existem três vertentes básicas: a esportiva (com federações e órgãos internacionais), o exótico (que é performático, sensual, mais relacionado à dança e é praticado da metade da barra para baixo) e o pole clássico (que seria uma mistura dos outros dois estilos).  Thaís também acredita que o preconceito em relação à modalidade está ficando para trás. Ainda assim, costuma responder a perguntas sobre os trajes usados durante a prática. "O figurino é curto porque a gente precisa que haja aderência da pele na barra. Não é para parecer com uma stripper, mas para se segurar "

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