Wagner Teodoro

Os excluídos da festa

12/12/2021 | Tempo de leitura: 3 min

São Paulo e Santos foram os paulistas "excluídos" da Libertadores a mais importante competição sul-americana. Dos cinco times do Estado que disputaram o Brasileirão, apenas os dois não conseguiram classificação e ficarão de fora da "festa" esportiva, além de perderem em premiação e arrecadação em bilheteria com jogos que sempre atraem bom público. Palmeiras, Corinthians e Red Bull Bragantino garantiram vaga direta na fase de grupos.

Mas o desempenho de São Paulo e Santos fez por merecer tal situação. Ou por não merecer a vaga. O Tricolor optou por uma "estratégia de risco" ao priorizar o Paulistão "como Copa do Mundo", segundo sua própria diretoria. E fez correto. O clube ganhou o título, quebrou um jejum de conquistas que vinha desde 2012. O São Paulo apostou suas fichas na competição mais viável e teve sucesso. É uma escolha, que tem suas consequências.

E a maior e pior delas foi o completo desgaste do elenco, que emendou uma temporada na outra. Enquanto rivais poupavam seus jogadores, os são-paulinos usavam titulares. Na sequência da temporada, o grupo foi dizimado por lesões e foram raros os momentos que o departamento médico não estava cheio. A situação ainda escancarou a necessidade de modernizar os equipamentos do Núcleo de Reabilitação Esportiva, Fisioterápica e Fisiológico, que sempre foi pioneiro e orgulho do clube, mas recebeu pouca atenção das administrações recentes e ficou defasado.

Se priorizar o Paulistão foi a escolha correta - e o time mostrou bom futebol na conquista -, já eram esperadas as dificuldades ao longo da temporada. Assim, o clube errou ao demitir Hernán Crespo. Justamente o técnico que conseguiu o título. E não só por isso. O argentino chegou ao São Paulo ciente das condições que enfrentaria, da limitação financeira. É certo que no Brasileirão o rendimento despencou e que as lesões não são a única razão. Mas para fazer uma campanha simplesmente se livrando do rebaixamento penso que fez pouca diferença a mudança no comando da equipe. Crespo saiu porque a cobrança era por vaga a Libertadores.

A contratação de Rogério Ceni não causou impacto no aproveitamento de pontos do São Paulo, que iniciou o Nacional cotado para G6 e continuou na "segunda página" da tabela de classificação. E alguns atletas que não jogavam com Crespo tiveram a pedida chance com Ceni e não corresponderam. Será apenas coincidência? O São Paulo abriu mão dos bons conceitos de futebol do argentino, que não teve oportunidade de permanecer e trabalhar em uma montagem de elenco, dentro das condições do clube, a seu feitio. E o futuro, como já frisaram Muricy e Rogério será de dificuldade. O São Paulo busca investidores estrangeiros para injetar o dinheiro necessário para contratar e se qualificar.

Dentro das condições

Primeiramente, o vice-campeonato da Libertadores em 2020 foi um feito do Santos. Dito isso, o desempenho da equipe em 2021 foi dentro do esperado. Com o elenco que tem, o Santos ficou no meio de tabela. Nenhuma surpresa. Pesa ainda para santistas e são-paulinos o excelente ano de Fortaleza e América-MG, que ficaram na zona de Libertadores, empurrando os dois grandes paulistas para baixo na tabela.

As dificuldades do Santos eram evidentes. O elenco, que já era curto, com poucas opções, perdeu peças importantes e não existe mágica na bola. O clube fez um Paulistão abaixo do esperado e sofreu em praticamente todo o Brasileirão. Trocas de treinadores, contratações pouco produtivas... E a salvação veio do pragmatismo de Fábio Carille, além de, mais uma vez, boas peças saídas da base.

Carille demorou para acertar o Santos. Aliás, demorou em relação à urgência da situação no momento de sua contratação. Foram algumas rodadas patinando até o treinador conseguir implantar seu estilo, partindo de uma defesa sólida para a parte ofensiva, geralmente econômica em suas equipes. A contratação do técnico foi um grande acerto da diretoria.

O treinador vai permanecer e tem capacidade de extrair o melhor desempenho possível de um elenco que certamente terá um perfil de jogadores mais baratos, com contratações pontuais, e os jovens ganhando protagonismo. É de se esperar um time muito bem organizado. Da mesma forma que o São Paulo, a próxima temporada será desafiadora para o Santos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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