Wagner Teodoro

O ano do fim dos jejuns

26/12/2021 | Tempo de leitura: 4 min

O ano de 2021 caminha para seu final e deixa atrás de si, no Esporte, um rastro de jejuns findados. Dois deles de meio século caíram na temporada. No Brasil, o Atlético-MG quebrou um tabu que vinha desde a primeira edição do Nacional com o nome de Campeonato Brasileiro. O Galo bateu na trave cinco vezes com vices e teve que esperar 50 anos para levantar o caneco novamente.

História parecida viveu Milwaukee Bucks na NBA. O time do Wisconsin faturou a liga norte-americana de basquete também no já distante ano de 1971. Na temporada que se encerrou em 2021 rompeu o hiato, deixando "no vácuo" equipes que eram mais cotadas para o título e garantiu o bicampeonato. Nos dois casos muita emoção na mistura de torcedores que atravessaram os anos sofrendo e esperando ver novamente uma conquista e outros, não poucos, que viveram a alegria de tais títulos pela primeira vez.

Jejum maior ainda quebrou a Itália, que ganhou a Eurocopa depois de 53 anos. É certo que a Azzurra faturou, entre outros títulos, duas Copas do Mundo neste período. Mas a vitória dramática nas penalidades sobre a Inglaterra valeu a conquista do torneio continental, que não ocorria desde 1968. Certamente um prazer especial.

Quem também rompeu seca foi a seleção principal da Argentina que não acariciava um troféu desde 1993. E foi em grande estilo. Os hermanos superaram o Brasil no Maracanã na decisão da Copa América e propiciaram uma catarse para sua torcida carente de títulos. E, de quebra, Messi, enfim, foi campeão pelo time principal argentino.

Títulos há tempos cobiçados

E os feitos obtidos por equipes em 2021 não param por aí. O São Paulo quebrou jejum de títulos que vinha desde 2012, ganhando o Paulistão, campeonato onde encarava tabu bem maior: de 16 anos. Na Europa, Internazionale (11 anos), Lille (10 anos) e Atlético de Madrid (sete anos) ganharam campeonatos nacionais, respectivamente, na Itália, França e Espanha, depois longo período. E o mais significativo: o Sporting foi campeão português após19 anos.

Aqui vale uma história. Em 2018, com o Sporting no fundo do poço, parte da torcida, revoltada com mais um ano na fila, invadiu a academia do clube e agrediu jogadores e comissão técnica, na época comandada por um certo Jorge Jesus, que atravessaria o Atlântico rumo ao Flamengo no ano seguinte para acabar com um tabu rubro-negro de 38 anos sem Libertadores.

E, falando em Libertadores, 2021 também marcou o primeiro bicampeonato consecutivo da competição em 20 anos. Façanha alcançada pelo Palmeiras e que não ocorria desde os títulos do Boca Juniors em 2000/01.

Fim da maldição do uísque

De todos os tabus que caíram em 2021, um deles tem literalmente um sabor especial. O Atlas, do México, voltou a conquistar o título nacional após jejum de 70 anos. É muito! O time de Guadalajara superou de forma dramática o León nos pênaltis e faturou sua segunda taça da competição. O triunfo determinou o fim da chamada "maldição do uísque". Uma das grandes histórias do futebol.

Em 1954, a cidade de Guadalajara presenteou o clube com uma garrafa de uísque escocês. Detalhe: ela só poderia ser aberta quando o Atlas fosse campeão novamente. Na época, o primeiro título nacional da equipe havia sido conquistado há três anos. Só que o tempo passou e passou... Gerações de torcedores aguardando para gritar "é campeão". A garrafa lacrada foi parar no museu do clube e o caso virou motivo de piada dos rivais. Mesmo vencendo a Copa do México na década de 1960, o Atlas resolveu que só abriria o uísque com um título mais relevante. E foi uma longa espera. Agora, diretoria e torcedores podem degustar o fim do tabu e um Ballantine's de 67 anos.

Homem-forte do Noroeste SAF

E o ano trouxe também, se não o fim de jejum de títulos, o final de uma era para o Noroeste, que faz de maneira célere a transição de associação sem fins lucrativos para clube-empresa. Enquanto comissão de conselheiros formada na assembleia mais recente define os trâmites necessários para a mudança, um nome surge para ser o homem-forte do futebol do Norusca SAF: Vítor Jacob, ex-gestor do Bauru Basket e ex-diretor da Liga Nacional de Basquete, deve ser escolhido para assumir função diretiva na nova estrutura do Noroeste.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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