Esportes

Volante artilheiro

Bruno Freitas
| Tempo de leitura: 4 min

Se tem um volante que além de marcar, saía para o jogo e ainda infernizava a defesa dos adversários com muitos gols, era Claudecir Aparecido de Aguiar, hoje com 46 anos. Uma das equipes, inclusive, da qual mais balançou as redes, foi o Corinthians, time do qual era carrasco e estufava o gol com frequência, seja pelo Azulão ou pelo Verdão. E não era à toa. Ele começou a carreira como atacante, na base do Noroeste, sendo deslocado e se firmando como volante no profissional do time de Bauru.

Natural da cidade vizinha Agudos, mas sempre muito presente e identificado com Bauru, Claudecir atualmente trabalha como captador de jovens atletas, juntamente com o empresário Julinho Fressato, também ex-jogador. Ao JC, o ex-volante destacou o carinho enorme que tem com o Noroeste, seu time do coração, o qual defendeu com destaque por sete anos, desde a base, além de recordar grandes histórias proporcionadas pela bola.

O INÍCIO

Claudecir iniciou no futebol, pelo Norusca, aos 17 anos, em 27 de janeiro de 1993, tendo como seu primeiro treinador Baroninho, que comandava na época a base do Norusca. E era Baroninho quem utilizava Claudecir como atacante, muito em função da passada larga e estatura. Foram muitos gols pelo sub-20. Quando o então técnico do profissional Toninho Costa precisou de um volante no time profissional, Baroninho indicou Claudecir para fazer uma adaptação na função, que começou como improviso e depois passou a ser sua posição, de fato. E ele agradou e se encaixou na equipe.

Pelo Alvirrubro, estreou no profissional com 18 anos, disputou dois Campeonatos Paulistas sub-20, Série A3 e A2. "Noroeste foi o alicerce para a minha carreira. Posso dizer que fui um dos grandes cabeceadores do futebol, graças aos treinamentos de salto e tempo de bola do preparador físico cabo Alcides, que foi fundamental. Quando cheguei no São Caetano e Palmeiras eu era referência nas bolas aéreas ofensivas e defensivas, graças a esse trabalho que fiz desde a base e no profissional do Noroeste", recorda.

Claudecir lembra ainda da fase mais difícil. "Quase parei em 1995 devido a uma lesão no joelho esquerdo. As dificuldades me fizeram pensar em pendurar as chuteiras ali, mas fiz a artroscopia e graças a Deus dei sequência. Superei e tive participação no time que foi campeão naquele ano da Série A3, sob o comando do técnico Luiz Carlos Martins, atual treinador da equipe. Martins também foi o responsável por me levar ao São Caetano, time que me lançou para o cenário nacional", comenta.

CARREIRA

Claudecir já era um meio-campista moderno desde 1995, com qualidade técnica no passe, saída rápida para o contra-ataque, grande impulsão para cabeceio e arremates certeiros de fora da área. Ele sempre pisava dentro da área, característica marcante do atleta que o fez marcar muitos gols, mais tarde, em Paulistão Série A1, Libertadores e Séries A e B do Campeonato Brasileiro.

Além do Noroeste, Claudecir defendeu com destaque o XV de Jaú, Mogi Mirim, São Caetano, Portuguesa, Palmeiras e Kashima Antlers, do Japão.

CRAQUES

Claudecir destaca a satisfação de ter jogado contra grandes craques, sendo três deles eleitos melhores do mundo pela Fifa, Romário, Ronaldinho Gaúcho (ainda pelo Grêmio) e Kaká (ainda no São Paulo). Enfrentou também Robinho, Juninho Pernambucano e Rogério Ceni. Os dois jogadores mais difíceis de serem marcados, segundo ele, foram Kaká e Romário. E o jogador mais técnico que jogou ao lado foi o meio-campista Alex, no Palmeiras. Ainda pelo Verdão, Claudecir se orgulha de ter atuado como titular, ao lado de Marcos, Arce, Juninho Paulista, Zinho e do próprio Alex.

ARTILHEIRO

No Palmeiras, Claudecir marcou incríveis 65 gols e no São Caetano foram 27, sendo considerado por lá o sétimo maior artilheiro da história do Azulão. No Noroeste, na Portuguesa e no Mogi Mirim ele não registrou a quantidade de gols, mas crava que já balançou as redes mais de 110 vezes. Marca expressiva para um marcador de ofício.

O gol mais bonito, segundo ele, ocorreu em 2005, pelo Brasileirão. E foi de bicicleta, aos 44 do segundo tempo, na vitória de 3 a 2 do São Caetano contra o Athletico. E o seu gol mais importante foi na mesma partida em que Alex fez o gol de placa dando chapéu em Rogério Ceni.

"Partida antológica. E eu fiz um gol naquele Choque-Rei, em pleno Morumbi, pelo Rio-São Paulo, em 2002. Comemorei muito o meu gol, que não foi tão bonito quanto o do Alex, claro, mas pela importância do jogo que é lembrado até hoje, 19 anos depois", finaliza.

Atualmente, Claudecir tem um projeto social de futebol chamado "Cidadão do Amanhã", que é realizado na cidade de Igaraçu do Tietê (71 quilômetros de Bauru).

 

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