A função de um tradutor é facilitar a comunicação entre pessoas que não falam a mesma língua. No entanto, não é bem o que acontece no novo curta-metragem do cineasta independente Diego Ramiro, lançado no início do mês. "O tradutor" mais confunde do que esclarece durante uma negociação entre traficantes, apesar dos esforços do protagonista em desempenhar bem o seu papel. O resultado dessa confusão toda é muita comédia, artes marciais no melhor estilo e um "tempero especial" - é preciso assistir a obra para descobrir.
Disponível no Youtube, o filme busca abrir caminho para parcerias. Para isso, o diretor e ator pirajuiense aposta em uma ampla divulgação. "A proposta é inscrever o curta-metragem em festivais e divulgar o cinema de gênero de ação pelo Interior afora", destaca Ramiro, detalhando que a obra teve um investimento mínimo de R$ 2 mil e sua produção se estendeu ao longo de um ano, desde a ideia original até a finalização e montagem das cenas, gravadas na cidade de Pirajuí.
SEM CARETAS
Com muita ação e momentos cômicos, "O tradutor" promete entregar entretenimento sem a "receita pronta" das caretas. "Todos os filmes que eu faço, não sei se por conta do meu jeito, são mais puxados para a comédia. [...] Um desafio que eu queria colocar era desenvolver o roteiro sem ficar forçando graça e comédia. A comédia é orgânica, ela já faz parte da ideia da cena. É dali que você da risada, então não tem ninguém fazendo careta", explica. "Outro desafio é justificar a luta. Quando você consegue conciliar as coisas, a luta vira um filme dentro de um filme. Ela tem um motivo. Por isso escrever o roteiro leva muito tempo".
E não é a toa que o curta-metragem possui um lado cômico afiado, afinal, ele surgiu de um momento de descontração entre amigos. "Geralmente a ideia me vem em momentos de muito relaxamento. [...] Começou em uma brincadeira entre dois amigos meus e eu. Um deles falou algo em inglês e o outro não sabia. Eu traduzi o que ele falou ao pé da letra e, quando eu traduzia de volta, a coisa não se encaixava. Então era um problema meu de tradução, mas estava fazendo de propósito. Foi aí que eu pensei: 'dá para fazer um filme disso'", conta.
PRODUÇÃO
O elenco é composto atores amadores, amigos de Diego: Anderson Braga (Rogerinho Carne Moída); Bruno Primiano (Tony 'The Tex' Mclister); Macaulay Naka (Yusuke Nakata) e Henrique Dantas (Will Smith). As lutas ficam por conta de Diego Ramiro, que é dublê e coreógrafo de luta. Macaulay Naka, que atua no confronto, é atleta profissional de taekwondo e já ganhou vários campeonatos, entre eles o Paulista e o Brasileiro na categoria. "Os efeitos especiais ficaram à cargo de George Herculano, que trabalhou em várias produções independentes em todo o Brasil", completa Ramiro.
DEDICAÇÃO
Para o diretor, seu novo trabalho é resultado de mais de 20 anos de estudos, trabalhos e inspirações. "Eu comecei a trabalhar em uma locadora com 11 anos. Lá me despertou o interesse pelos filmes. Como eu tinha que assistir para poder indicar para as pessoas, muito cedo já comecei a pensar em como era filmado, porque corta aqui, porque a câmera está aqui e não lá em cima... Teve um momento, que foi quando eu assisti um filme do Jackie Chan, que eu fiquei maravilhado com aquilo", relembra.
A partir dali, o amor pelas artes marciais passou a crescer na vida do diretor, bem como sua paixão pelo audiovisual. Quando o assunto é luta, ele tem experiência em wushu moderno, Tai Chi Chuan e outros estilos de Wudang. No ramo das artes visuais, escreveu, dirigiu, atuou e coreografou cerca de 20 curtas-metragens, três médias-metragens e quatro longas-metragens.
Aos 37 anos, o historiador, funcionário público, dublê e ator coleciona premiações e segue focado em desenvolver novos projetos, sempre buscando oferecer seu máximo a cada nova obra produzida. "Meu máximo daqui um ano já vai ser diferente", finaliza.
SERVIÇO
Para assistir ao curta-metragem "O tradutor", basta acessar o link: https://youtu.be/HLGn5zOynMs/. Os interessados em acompanhar o trabalho de Diego Ramiro podem segui-lo pelo Instagram, @diegoramirooo.