Contexto Paulista

Vinhaça da cana-de-açúcar pode se transformar em hidrogênio verde

26/01/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Pesquisadores vinculados ao Centro de Pesquisa para Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) trabalham no desenvolvimento de uma tecnologia que visa transformar a vinhaça – resíduo poluente gerado durante a produção de etanol – em hidrogênio verde. Atualmente, ao ser processada, a vinhaça costuma ser utilizada como adubo na fertirrigação de lavouras, sobretudo da cana-de-açúcar, por ser rica em potássio. Transportar esse resíduo até as plantações é um processo caro e trabalhoso para as usinas. Sem contar que, se mal aplicada, a vinhaça pode danificar a plantação e o solo, além de atingir os lençóis freáticos. É possível aprimorar esse processo, diz Thiago Lopes, professor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) e integrante do RCGI, um Centro de Pesquisa em Engenharia financiado pela Fapesp e Shell do Brasil.

O processo

À frente do novo Laboratório de Células a Combustível, situado na Poli-USP, Lopes pretende desenvolver um reator eletrolítico voltado para a realidade da indústria sucroalcooleira nacional. “A vinhaça tem 95% de água em sua composição. A ideia é que por meio desse reator possamos quebrar as moléculas de água para gerar oxigênio e hidrogênio verde”, diz o pesquisador. O hidrogênio verde pode ser utilizado, por exemplo, na produção da amônia que entra na composição de fertilizantes. “Hoje a amônia é sintetizada com hidrogênio proveniente de gás natural, o que gera uma pegada de CO2”, diz ele. Já o oxigênio puro pode ser utilizado para a combustão do bagaço da cana-de-açúcar. “Ao condensar a água, pode-se obter de forma fácil e econômica um CO2 puro para estocagem ou então para ser convertido em produtos.”

Usina na região de Bauru

A cidade de Lençóis Paulista, na região de Bauru, passará a abrigar uma nova usina para a geração de energia limpa e sustentável a partir de biomassa. Ela será construída pelo grupo IBS Energy, que venceu o primeiro leilão de reserva de capacidade e potência realizado no Brasil, coordenado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), e fechou um contrato de 15 anos. Trata-se do único empreendimento de “energia verde” entre os vencedores do leilão. O investimento previsto é de mais de meio bilhão de reais. O empreendimento deve criar cerca de 1,5 mil empregos diretos e indiretos. O Grupo IBS Energy, criado em 2002 e com sede no Brasil, possui mais de 200 unidades consumidoras sob gestão e gerencia 2,1 milhões de MWh por ano.

Cidade do Livro

A Termelétrica Cidade do Livro ganhou esse nome em alusão ao apelido do município de Lençóis Paulista e terá capacidade para produzir até 80 MW, o suficiente para abastecer uma cidade de um milhão de habitantes. A previsão de início das operações é o segundo semestre de 2024 e a energia gerada será disponibilizada na rede geral de distribuição. Os principais insumos serão o bagaço e a palha da cana de açúcar, além do cavaco de madeira, ou seja, os pequenos pedaços resultantes do processo de trituração. Porém, a usina terá ainda flexibilidade para utilizar outros tipos de biomassa, como resíduos florestais, palha de milho e demais fontes oriundas da forte agroindústria da região.

Sustentável

Outro destaque com foco em sustentabilidade é que a unidade transformará a água de esgoto da cidade em água de reuso, para utilização no processo de refrigeração, o que ajudará a poupar recursos naturais. Sem falar que a energia gerada terá certificação I-REC, que comprova a origem renovável do processo, além do balanço positivo na pegada de carbono que o projeto apresenta.

A região de Bauru foi escolhida por uma combinação de fatores: apoio da administração pública, acesso logístico, ampla oferta de biomassa, disponibilidade de água e infraestrutura para o escoamento de energia.

De vento em popa

O estado de São Paulo registrou recorde de abertura de empresas em 2021. Segundo dados da Junta Comercial paulista (Jucesp), foram criadas 288.502 novas empresas ao longo do ano passado, maior número registrado desde 1998, quando os dados começaram a ser computados. Em comparação a 2019, ano que detinha a maior marca (224.590), o desempenho em 2021 foi 28,46% superior.

Freio ao fura-fila

A secretaria estadual de Justiça e Cidadania puniu a primeira pessoa acusada de furar a fila da vacinação contra a Covid-19. A multa, no valor de R$ 27.174,50 (850 Ufesps), obedece à Lei 17.320/21. A norma impõe a penalização de pessoas que desobedecem a ordem de vacinação dos grupos prioritários, de acordo com a fase cronológica definida no plano nacional ou estadual de imunização. No ano passado, a comissão recebeu 128 denúncias de casos de pessoas que foram imunizadas contra a Covid-19 fora do período previsto.

Muda o perfil das mães

Estudo da Fundação Seade mostra que em 20 anos, na capital paulista, ocorreram mudanças expressivas na distribuição dos nascimentos segundo a idade das mães. Houve diminuição da participação de mães jovens e o aumento daquelas com mais de 30 anos. Em 2000, mães com 20 a 29 anos correspondiam a 54%, reduzindo-se para 49%, em 2010, e para 45%, em 2020. Já as mães de 30 a 39 anos passaram de 27% para 41%. A idade média das mães passou de 26,4 para 29,2 anos.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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