Wagner Teodoro

Chance rara de redenção

06/02/2022 | Tempo de leitura: 4 min

Chance rara, o Palmeiras tem a segunda oportunidade de vencer o Mundial de Clubes um ano depois de decepcionar completamente na disputa da competição. Naquela ocasião, havia expectativa de uma grande final com o Bayern de Munique. Porém, em uma jornada desastrosa, o Alviverde perdeu logo na semifinal para o Tigres, do México, e foi superado na decisão do terceiro lugar pelo egípcio Al Ahly. Mais que o constrangedor quarto lugar, o Palmeiras ainda deixou a competição sem anotar nenhum gol. Agora, conta com a possibilidade de escrever uma nova história, lutar pelo topo do planeta e conseguir uma redenção, após frustrar sua torcida.

Escaldado pela experiência negativa da temporada passada, o Palmeiras buscou se organizar de maneira diferente em 2022. Se em 2021, o time viajou para o Catar quatro dias depois de conquistar a Libertadores e viveu uma maratona de competições encavaladas, desta vez, diretoria e comissão técnica fizeram um planejamento minucioso, anteciparam férias do elenco e a equipe se prepara para a disputa há aproximadamente um mês, contando com compromissos do Campeonato Paulista como "jogos-treino". Todos os detalhes foram observados desde a parte fisiológica até alimentação e aclimatação, com embarque antecipado.

O discurso dos jogadores é que os planejamentos destoam e que o time, desta vez, chega muito mais preparado e até fortalecido pela decepção anterior. Tudo o que foi feito vai ser testado em 90 minutos ou mais, dependendo do resultado no tempo regulamentar, nesta terça-feira (8), quando o clube brasileiro encara o Al Ahly. De novo, o perigoso time egípcio no caminho palmeirense.

Todo respaldo e estratégia fora do campo ajudam a estar no auge para ter performance máxima em campo. Porém, tudo o que foi feito estará fundamentalmente atrelado ao resultado da partida. Se ganhar, o Palmeiras terá acertado e se credencia a desafiar, provavelmente, o inglês Chelsea na decisão do título. Caso perca, o sentimento de fracasso será o mesmo da temporada anterior, apesar de toda a diferença prévia.

Sem empolgação em campo

Existe um clima de confiança por parte da torcida palmeirense. O que é positivo. Mas o time do Palmeiras precisa - e certamente saberá fazê-lo - separar o entusiasmo pelo grande momento vivido, com o bicampeonato da Libertadores, e deixar a empolgação justamente para o torcedor, focando no grande desafio quem tem pela frente.

Antes mesmo de pensar em Chelsea, é preciso cautela, e este grupo do Palmeiras deve ter fresco isso na memória, porque o Al Ahly é um adversário à altura. Uma equipe perigosa, que deve ter reforços, acostumada a jogar a competição e, historicamente, as semifinais são muito duras para os times brasileiros.

O Palmeiras entra, sim, favorito na semi. Pela tradição, tamanho dentro do mundo do futebol, pelo elenco e opções. Mas a diferença do futebol da América do Sul para o restante do mundo vem caindo ano após ano. O investimento de clubes de outros continentes é muitas vezes superior ao das equipes sul-americanas e há um nivelamento perigoso, o que deixa em aberto resultados que nem são surpresa mais, como a derrota do Palmeiras na semifinal do ano passado.

O Mundial é uma competição curta e que não perdoa erros. O Palmeiras tem a obsessão pelo título e vem trabalhando completamente concentrado no torneio desde o final do ano passado. Agora, chegou o momento de colocar à prova as lições aprendidas dentro e fora das quatro linhas. E de jogar futebol.

O favorito

Existe, sim, um favorito no Mundial. E, como sempre, é evidentemente o representante europeu. Desde 2012, nenhum clube de outro continente consegue vencer a equipe da Uefa que chega ao torneio. O abismo vem aumentando. Abismo financeiro, que se reflete em diferença técnica. Neste ano, o milionário Chelsea chega, obviamente, como o time a ser batido.

É um Chelsea desgastado pelo excesso de jogos e é preciso conferir qual nível de prioridade dará à competição. Mas é um time treinado pelo técnico Thomas Tuchel, eleito o melhor do mundo na temporada passada (com Covid-19, ele pode não viajar para o Mundial), e um elenco estelar, com nomes como Mason Mount, Kovacic, Azpilicueta, Thiago Silva, Kanté, Pulisic, Mendy, Jorginho, Lukaku... Em uma eventual final, o Palmeiras precisará fazer um jogo "perfeito" para surpreender o time londrino. O Chelsea não vive seu melhor momento, mas tem um poderio inegável. Resta saber qual grau de comprometimento vai ter com o Mundial.

 

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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