Economia & Negócios

Escassez de zero quilômetro e falta de peças encarecem seguro de carro

Guilherme Tavares
| Tempo de leitura: 3 min

A falta de peças e a escassez de veículos zero quilômetro geraram uma disparada nos preços dos automóveis. Com isso, os valores no mercado de seguros também foram reajustados consideravelmente. Em alguns casos, dependendo do modelo e do ano do carro, o prêmio chegou a subir quase 30% em relação a 2021, relatam corretoras. Neste contexto, as companhias contam estar se esforçando mais para manter a carteira de segurados.

No mercado há 25 anos, Djalmir Mencia Hatimine, dono de uma corretora, credencia à pandemia o aumento médio no preço dos veículos, novos e usados, o que, segundo ele, inevitavelmente refletiu no valor médio do seguro. "As montadoras tiveram mais dificuldades para fabricar por falta de chips e de peças. Com isso, a entrega de carro zero passou a demorar mais, aumentando a demanda por seminovos. Tudo isso impactou na Tabela Fipe e as seguradoras são obrigadas a cobrir os valores desses veículos. Tenho cliente que a caminhonete dele valia R$ 83 mil ano passado e pulou para R$ 123 mil neste ano", avalia. A exemplo, ele cita contratos de prêmios que passaram dos R$ 2,5 mil em 2021 para R$ 3,2 mil em 2022, reajuste de 28%.

Primo Alexandre Mangialardo, diretor de outra corretora de seguros, reforça que a falta de peças tem impactado no preço dos veículos e, consequentemente, no valor dos seguros. "Sem peças, fica difícil fabricar carro zero e também consertar o usado. Tem veículo parado por até 40 dias esperando algum componente, até porque são os mesmos usados na produção do carro novo", explica.

VALOR SUBIU

O seguro do veículo do dentista Leonardo Marques, por exemplo, encareceu quase 20% neste ano, impacto no orçamento que ele foi obrigado a absorver. "É essencial (o seguro), tem que pagar. É uma conta que aumentou seguindo o exemplo de muita coisa no País", relata.

Já o motorista autônomo João Jorge de Araújo resolveu não renovar o seguro do carro particular neste ano. O reajuste de 11% pesou demais no bolso e ele precisou segurar alguns gastos. "O serviço está devagar, menos frete para fazer, e as contas não param de chegar", justifica. O jeito, avalia, é ter mais cautela com o veículo até ser possível contratar um novo seguro. "Tem que ter mais cuidado, avaliar melhor onde vai estacionar e sair menos com o carro. Seguro é fundamental. Assim que as coisas melhorarem, volto a pagar, é uma tranquilidade", complementa.

PATRIMÔNIO

Ainda segundo Djalmir Hatimine, o seguro de um carro popular chegou a subir cerca de 26% do ano passado para cá. Para convencer o cliente, a estratégia tem sido argumentar sobre a valorização do próprio veículo. "Nós explicamos que o patrimônio dele também aumentou, o carro dele vale mais. E, apesar do seguro ter ficado mais caro, não subiu na mesma proporção do veículo", garante.

Outra tática adotada por clientes, revela Djalmir, é atrasar a renovação do seguro para depois do pagamento do IPVA, que também ficou mais salgado.

O corretor de seguros Cristiano Carvalho é outro que relata ter trabalhado mais pelo convencimento dos clientes. "Ficou mais difícil de renovar, mas as pessoas enxergam a necessidade. Principalmente pelo risco de alguém colidir no seu carro e essa pessoa não ter seguro. Com o problema da falta de peças, pode demorar para fazer o conserto", afirma.

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