Entrevista da semana

Sem medo de assumir desafios

Guilherme Tavares
| Tempo de leitura: 4 min

Aos 65 anos, Marcos Antonio Crepalde Cafeo considera-se um verdadeiro workaholic (trabalhador compulsivo), perfil construído depois de encarar tantos desafios profissionais. Começou a trabalhar com 14 anos de idade; aos 16, já era gerente de uma indústria de móveis. Foi gerente de comunicação da Ambev na região. Durante 24 anos, fundou e comandou a agência de marketing Grafitti, em Bauru, com trabalhos importantes inclusive fora do País. E, desde 2016, assumiu a tarefa de reerguer o clube de águas quentes de Piratininga, hoje rebatizado como Novo Thermas. "Vou morrer trabalhando, com 98 anos", brinca.

No horizonte próximo, vislumbra colocar em prática a construção de um hotel no Thermas, a implantação de novos brinquedos para o próximo verão e ainda vai lançar uma marca de água medicinal e estética, aproveitando a qualidade daquilo que abastece as piscinas do clube. "Mandamos para análise. Ela tem 12 vezes mais enxofre que qualquer água do Brasil". O Hobby dele? Trabalhar. "Sou diretor de uma rádio comunitária em Piratininga e terei um programa diário a partir de abril. É a minha válvula de escape", afirma.

Apesar do ritmo acelerado, o bauruense tem encontrado tempo na agenda para curtir a esposa, Marta Regina Garcia Cafeo, 51 anos, com quem é casado há 28 anos. É pai de cinco filhos: Talita, Tacila, Marcos Júnior, Marcus Vinícius e Caroline. Tem seis netos e é irmão de Paulo e de Reinaldo Cafeo, economista e presidente da Associação Comercial e Industrial de Bauru (Acib). Marcos lembra com carinho dos pais Aristides e Romilda (falecidos), vendedores de roupas em feiras livres. "Nós fomos criados no comércio, ficávamos embaixo da banca. Desde pequenos caminhávamos com eles no trabalho", conta. A seguir você confere os principais pontos da trajetória dele relatada ao JC.

Jornal da Cidade - Desde 2016, você é CEO (sigla em inglês para Diretor Executivo) do Novo Thermas de Piratininga. Como o clube estava e como está hoje?

Marcos Cafeo - O endividamento era enorme. Fui convidado a assumir o clube, um verdadeiro desafio. Fiz um choque de gestão. Era um clube restrito, eu o abri. As pessoas tinham a imagem de que estava decadente. Meu primeiro ato foi anunciar várias vagas de emprego, como RH, financeiro, limpeza. Se você está fechando, como vai empregar? Mudei as cores, mudei o nome e de lá para cá venho fazendo trabalho de recuperação estrutural. O número de frequentadores estava diminuindo ano a ano. Revertemos. Até 2019, houve crescimento anual na ordem de 10% a 12%. De 2020 pra cá regredimos por conta da pandemia. E 2022 é o ano da sobrevivência.

JC - E quais os planos para a retomada?

Marcos - Vou colocar em prática projetos, fazer novas coberturas, instalar mais alguns brinquedos. Mas a novidade mesmo vai ser o hotel. Vai ser um circuito saúde. Em vez de piscinas, teremos ofurôs só com águas termais. O lançamento está previsto para outubro. A construção deve levar de 30 a 40 meses. São 56 apartamentos no sistema timeshare (propriedade compartilhada). Você compra cotas e tem direito a usar um número de vezes por ano. Se não usa, recebe os dividendos da exploração como hotel. E também vou lançar uma marca de água medicinal e estética.

JC - A mesma água que abastece as piscinas?

Marcos - Sim. Ela tem 12 vezes mais enxofre que qualquer água do Brasil. Enviamos para análise, ela foi aprovada pela Anvisa para uso clínico. Por ser medicinal e estética, eu a vendo para farmácias de manipulação e compro de volta manufaturada. Daqui 45 dias começa a ser comercializada online, com marca própria: Bela & Efeito. Serve para estética, limpeza de pele, retardar envelhecimento e foi comprovada clinicamente para tratar psoríase, diminuindo as manchas.

JC - Nesse remodelamento do Thermas, vocês passaram a receber também crianças de projetos sociais. Por que abriram as portas para elas?

Marcos - Eu valorizo o outro, o próximo, porque é a lei do retorno. Tudo que você faz de bom volta para você de outra forma. Hoje tenho um projeto social. Em média, 80 crianças fazem atividades esportivas todos os sábados. Além de uma imagem positiva, o retorno vem em forma de satisfação pessoal. Também há envolvimento dos funcionários e colaboradores. Todos passam a entender melhor o quão difícil é a vida.

JC - E um bom líder, o que precisa ter?

Marcos - Espelho. Liderar pelo exemplo. Gosto muito de duas frases que aprendi em 1979. "Iniciativa é fazer o necessário sem que nos mandem ou insinuem". A outra é: "As palavras ferem mais que punhais. Porém, o tom mais que as palavras". Essa é a diferença entre o líder e o chefe. O chefe tem que impor, o líder faz com que aconteça e sem mudar o tom.

 

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