José Milagre

O que é preciso saber sobre a compra do Twitter por Elon Musk?

01/05/2022 | Tempo de leitura: 3 min
José Milagre

Elon Musk finalmente convenceu o conselho de administração e conseguiu comprar o Twitter. Uma rede única, exclusiva, muito utilizada para debates políticos, e que conta com 200 milhões de usuários ativos. O dono da SpaceX, por sua vez, tem um perfil bem averso à "regras" e informou que pretende revolucionar a plataforma e com isso eliminar limites e restrições a "liberdade de expressão".

Caso sério

Não é de hoje que o Twitter gosta de viver no melhor de dois mundos. Diante de ordens judiciais, muitas vezes resiste e luta pela "liberdade de expressão", porém sente-se livre para, a seu bel prazer, remover postagens que entende serem "violadoras" dos padrões da comunidade. As regras e critérios nunca foram claros. Não é preciso lembrar que o ex-presidente Trump foi banido da plataforma.

Fakenews x liberdade
de expressão

Musk disse estes dias "Espero que até meus piores críticos permaneçam no Twitter, porque é isso que significa liberdade de expressão". Por esta e outras, já é possível ao leitor entender que a mudança será gigante no Twitter, uma rede que, tradicionalmente, pega muito fogo em anos eleitorais. O que se espera é que, na era Musk, menos conteúdos sejam removidos, menos perfis bloqueados e que a verdadeira "praça digital" seja realidade. Ou seja, veremos significativas mudanças na gestão, termos, políticas e uma linha mais afeta à manutenção de conteúdos, ainda que para alguns, ofensivos.

Isso é bom?

Segundo Musk, "Acho que queremos ser bem relutantes em deletar as coisas e muito cautelosos com banimentos permanentes. Suspensões temporárias, acho, são melhores". Nenhum direito é ilimitado. Liberdade de expressão é fundamental! Por outro lado, uma rede social não pode ignorar que existem abusos, desinformações, golpes, fraudes, crimes, robôs e outros riscos à sociedade e que precisa dar respostas rápidas e atender ordens de autoridades constituídas. Ou seja, uma rede social deve intervir diante de discursos de ódio e notícias falsas, até mesmo exercendo sua autonomia de disciplinar as regras do seu ambiente, conquanto não firam direitos e garantias fundamentais.

Bots

E por falar em bots, Musk também anunciou que pretende autenticar todo mundo no Twitter, eliminando contas falsas (bots) e golpistas (scammers). Segundo o homem mais rico do mundo "vamos derrotar os bots ou morreremos tentando!", e "vamos autenticar todos os humanos reais". Porém a medida, igualmente, não agrada a todos. Jornalistas que precisam de anonimato e até grupos organizados se manifestaram. O grupo hacker Anonymous declarou "Não nos obrigue a verificar nossas identidades como o Facebook faz, ou não estaremos mais no Twitter". A União Europeia demonstrou preocupação e disse que que Musk terá que respeitar as leis digitais do continente, rígido em termos de proteção de dados.

Abrir o algoritmo!

Outra proposta polêmica de Musk é "abrir o algoritmo" do Twitter. O algoritmo é a caixa preta das redes sociais, sequência lógica codificada que define por exemplo, o que você vê no seu feed e o que não vê. Não há dúvidas que podem ser usados para manipular usuários, influenciar e criar caixas de ressonância, muito prejudiciais à liberdade e democracia. E é neste sentido que o novo dono da rede social deu a entender que pretende abrir o algoritmo, para que todos possam saber, efetivamente, como as postagens são exibidas e como a rede gerencia o alcance das publicações. Hoje, não se sabe como os tweets são apresentados, se em ordem cronológica, em ordem de relevância ou outros critérios, inclusive ideológicos. Entender se um tweet foi rebaixado ou promovido e quais os motivos pode ser uma realidade aos usuários da plataforma nos próximos anos. Não há dúvidas que isso impactará a indústria e outras Bigtechs, que serão pressionadas a abrirem sua "caixa preta". Facebook e Instagram terão grandes problemas...

Porrada na Tesla

A montadora de carros elétricos perdeu US$ 126 bilhões em valor de mercado após o anúncio da compra do Twitter, influenciada pelo risco de Musk tirar dinheiro da empresa, o que de fato ocorreu, com a venda de ações.

E você?

O que achou da compra do Twitter por US$ 44 bilhões? Envie sua mensagem para consultor@josemilagre.com.br e poderemos reverberar aqui!

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do SAMPI

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